Dado que tenho visto neste blog algumas histórias de desemprego cá vai a minha com algumas reflexões. Chamo-me Joaquim Caeiro, tenho 42 anos e vivo em Évora. Histórias há muitas e a minha é só mais uma no meio de tantas, triste como tantas outras. Desiludido com a vida com tudo e com todos. Sou licenciado em biologia e mestre em hidrobiologia. Trabalhei 10 anos na Universidade de Évora, como investigador e muitas aulas em nome de outros sem as receber. Depois de 20 anos da minha vida a estudar e a trabalhar para pagar os meus estudos. Num dia de 2002 chegou a notícia, o meu contrato não seria renovado, depois de 10 anos vários contratos e recibos pelo meio promessas de entrada para o quadro, enfim o normal neste nosso triste país. Não deveria ser normal mas como tantos milhares, bem sabemos que é o normal. Família e uma filha para criar não desisti, não baixei os braços, fui à luta e com ilusão e apoio do Centro de Emprego criei uma empresa, um laboratório de análises de água, uma microempresa. Endividei-me até onde não podia e resisti até onde pude com a ilusão de que tudo pudesse melhorar, mas não era possível, tive de fechar, os “tubarões” engolem os pequenos. Ficaram as dívidas, os créditos, as penhoras, perdi tudo a empresa a casa a família. A minha formação, para além de especialista em análises de água e em legislação associada, especializei-me numa área em que não existem mais de 10 pessoas em Portugal, cianobactérias e toxinas que produzem. Faço, ou melhor fazia, identificação e quantificação destes microorganismos e das toxinas que produzem. Existem em água doce, barragens e rios, e em certas circunstâncias produzem toxinas nocivas ao ser humano. Para além disso fiz também investigação em limnologia, que é o estudo dos ecossistemas de água doce, nas vertentes química, física e biológica, com vários trabalhos publicados. Poderão dizer-me “mas como chegou a essa situação? Porque não arranja emprego? Com tanta qualificação e formação não deve ser difícil”. Pois eu também pensava o mesmo mas a verdade é que tenho 42 anos. Tenho tentado tudo, centenas de candidaturas, envios de CV, tudo há quase um ano, incluindo empregos que nada têm a ver comigo, nem uma resposta, nem uma só. Dos tempos da Universidade conheci muita gente que se diz importante, o presidente actual da Câmara de Évora (Verão de 2001, a história da contaminação da água com notícias em TV e jornais, lembram-se? e que foi o primeiro impulso da pré-campanha do Dr. José Ernesto) o director geral de saúde, o director da segurança social do distrito, vereadores, deputados, de muitos tenho o contacto e falo com eles. Um dia alguém me disse: “tens de entrar para o partido, podes precisar de alguma coisa eles ajudam”. Um erro mais um erro na minha vida. Entrei para o P.S. não por me terem influenciado, por convicção de que poderia contribuir com algo positivo. Percebi então que as pessoas que conhecia fora do ambiente do partido não eram as mesmas lá dentro, as hipocrisias, as mentiras, o seguidismo, o clientelismo, tudo se está nas “tintas” para o país, o que interessa são as carreiras e os interesses pessoais. Não sei como é nos outros mas no P.S. é assim. A todos pedi ajuda um emprego uma oportunidade só isso, não dizem que não, só que é difícil e conversa de “treta”, o costume, tipo vai mandando postais. Mesmo alguns, a quem um dia ajudei e muito, mas isso é outra história. A minha desfiliação vai a caminho.Agora não me venham com a conversa que o país precisa de mais pessoas com formação. Não precisa. Este país é dos incompetentes, das cunhas, não é preciso competência nenhuma, só é preciso, conhecer alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, só isso. E às vezes nem isso, como no meu caso. Por isso estamos assim. Tudo gira em volta do dinheiro, quem manda é quem tem dinheiro, os políticos limitam-se a fazer a gestão dos interesses dos senhores do dinheiro, e aqui neste miserável país, quem manda são os donos das empresas de construção e os banqueiros. Esses são os que mandam e basta analisar com alguma distância o que se tem passado, os escândalos de que se fala ultimamente para perceber que tudo funciona em volta dos interesses do dinheiro. E tenho a impressão que o que vem a público é só a ponta do icebergue, agora imagine-se o icebergue inteiro e podemos ver onde estamos metidos. Vê-se a arrogância com que o PM respondeu num debate não há muito tempo quando Francisco Louçã o interrogou acerca do BPN e lhe respondeu que enfatizava a palavra BANCOS. Pois os que têm o poder, e não distingo estes dos anteriores, que se limitam a fazer o que lhes mandam e que quando deixarem o poder já têm o lugar garantido cá fora, numa empresa que ajudaram e onde vão ganhar muitos milhares. E é assim que se vai enganando o Zé-povinho. Por mim falo do que conheço e “cheira-me” que o actual PM já tem o lugar garantido algures nas Águas de Portugal… é só um palpite…A denúncia. Pois resolvi inscrever-me no Centro de Emprego para ver o que dava. E deu ao fim de cerca de 2 meses uma carta em correio azul. Mais um estratagema para reduzir o número de desempregados. E dizia que tinha um prazo de 10 dias para devolver em caso de continuar desempregado, senão cancelariam a minha inscrição. E já agora lamentavam o facto de não me terem arranjado colocação. Agora imagino os milhares que não vão devolver a referida carta e já se vê que lá vão desaparecer mais uns milhares de desempregados…é só mais um palpite…Por mim por aqui me fico a pensar na vida e sem saber que fazer, no limiar da insanidade mental e a beira de uma loucura mas tudo passa o tempo tudo apaga…Por último deixo uma reflexão que gosto de fazer e que muita gente me critica por a fazer. O problema de Portugal, para além dos roubos e da gastadeira que se viu depois dos descobrimentos (e eu que nem sou grande adepto de história de Portugal) em que o povo vivia na miséria, pois o problema de Portugal foi o 1º de Dezembro de 1640… talvez se não tivesse existido esse dia tudo seria diferente basta olhar para o lado e ver como Espanha se desenvolveu em 30 anos…Com os melhores cumprimentos e que me perdoem o testamento e o abuso, Joaquim Caeiro.
31 de julho de 2009
Uma triste estória de vida...
Dado que tenho visto neste blog algumas histórias de desemprego cá vai a minha com algumas reflexões. Chamo-me Joaquim Caeiro, tenho 42 anos e vivo em Évora. Histórias há muitas e a minha é só mais uma no meio de tantas, triste como tantas outras. Desiludido com a vida com tudo e com todos. Sou licenciado em biologia e mestre em hidrobiologia. Trabalhei 10 anos na Universidade de Évora, como investigador e muitas aulas em nome de outros sem as receber. Depois de 20 anos da minha vida a estudar e a trabalhar para pagar os meus estudos. Num dia de 2002 chegou a notícia, o meu contrato não seria renovado, depois de 10 anos vários contratos e recibos pelo meio promessas de entrada para o quadro, enfim o normal neste nosso triste país. Não deveria ser normal mas como tantos milhares, bem sabemos que é o normal. Família e uma filha para criar não desisti, não baixei os braços, fui à luta e com ilusão e apoio do Centro de Emprego criei uma empresa, um laboratório de análises de água, uma microempresa. Endividei-me até onde não podia e resisti até onde pude com a ilusão de que tudo pudesse melhorar, mas não era possível, tive de fechar, os “tubarões” engolem os pequenos. Ficaram as dívidas, os créditos, as penhoras, perdi tudo a empresa a casa a família. A minha formação, para além de especialista em análises de água e em legislação associada, especializei-me numa área em que não existem mais de 10 pessoas em Portugal, cianobactérias e toxinas que produzem. Faço, ou melhor fazia, identificação e quantificação destes microorganismos e das toxinas que produzem. Existem em água doce, barragens e rios, e em certas circunstâncias produzem toxinas nocivas ao ser humano. Para além disso fiz também investigação em limnologia, que é o estudo dos ecossistemas de água doce, nas vertentes química, física e biológica, com vários trabalhos publicados. Poderão dizer-me “mas como chegou a essa situação? Porque não arranja emprego? Com tanta qualificação e formação não deve ser difícil”. Pois eu também pensava o mesmo mas a verdade é que tenho 42 anos. Tenho tentado tudo, centenas de candidaturas, envios de CV, tudo há quase um ano, incluindo empregos que nada têm a ver comigo, nem uma resposta, nem uma só. Dos tempos da Universidade conheci muita gente que se diz importante, o presidente actual da Câmara de Évora (Verão de 2001, a história da contaminação da água com notícias em TV e jornais, lembram-se? e que foi o primeiro impulso da pré-campanha do Dr. José Ernesto) o director geral de saúde, o director da segurança social do distrito, vereadores, deputados, de muitos tenho o contacto e falo com eles. Um dia alguém me disse: “tens de entrar para o partido, podes precisar de alguma coisa eles ajudam”. Um erro mais um erro na minha vida. Entrei para o P.S. não por me terem influenciado, por convicção de que poderia contribuir com algo positivo. Percebi então que as pessoas que conhecia fora do ambiente do partido não eram as mesmas lá dentro, as hipocrisias, as mentiras, o seguidismo, o clientelismo, tudo se está nas “tintas” para o país, o que interessa são as carreiras e os interesses pessoais. Não sei como é nos outros mas no P.S. é assim. A todos pedi ajuda um emprego uma oportunidade só isso, não dizem que não, só que é difícil e conversa de “treta”, o costume, tipo vai mandando postais. Mesmo alguns, a quem um dia ajudei e muito, mas isso é outra história. A minha desfiliação vai a caminho.Agora não me venham com a conversa que o país precisa de mais pessoas com formação. Não precisa. Este país é dos incompetentes, das cunhas, não é preciso competência nenhuma, só é preciso, conhecer alguém, que conhece alguém, que conhece alguém, só isso. E às vezes nem isso, como no meu caso. Por isso estamos assim. Tudo gira em volta do dinheiro, quem manda é quem tem dinheiro, os políticos limitam-se a fazer a gestão dos interesses dos senhores do dinheiro, e aqui neste miserável país, quem manda são os donos das empresas de construção e os banqueiros. Esses são os que mandam e basta analisar com alguma distância o que se tem passado, os escândalos de que se fala ultimamente para perceber que tudo funciona em volta dos interesses do dinheiro. E tenho a impressão que o que vem a público é só a ponta do icebergue, agora imagine-se o icebergue inteiro e podemos ver onde estamos metidos. Vê-se a arrogância com que o PM respondeu num debate não há muito tempo quando Francisco Louçã o interrogou acerca do BPN e lhe respondeu que enfatizava a palavra BANCOS. Pois os que têm o poder, e não distingo estes dos anteriores, que se limitam a fazer o que lhes mandam e que quando deixarem o poder já têm o lugar garantido cá fora, numa empresa que ajudaram e onde vão ganhar muitos milhares. E é assim que se vai enganando o Zé-povinho. Por mim falo do que conheço e “cheira-me” que o actual PM já tem o lugar garantido algures nas Águas de Portugal… é só um palpite…A denúncia. Pois resolvi inscrever-me no Centro de Emprego para ver o que dava. E deu ao fim de cerca de 2 meses uma carta em correio azul. Mais um estratagema para reduzir o número de desempregados. E dizia que tinha um prazo de 10 dias para devolver em caso de continuar desempregado, senão cancelariam a minha inscrição. E já agora lamentavam o facto de não me terem arranjado colocação. Agora imagino os milhares que não vão devolver a referida carta e já se vê que lá vão desaparecer mais uns milhares de desempregados…é só mais um palpite…Por mim por aqui me fico a pensar na vida e sem saber que fazer, no limiar da insanidade mental e a beira de uma loucura mas tudo passa o tempo tudo apaga…Por último deixo uma reflexão que gosto de fazer e que muita gente me critica por a fazer. O problema de Portugal, para além dos roubos e da gastadeira que se viu depois dos descobrimentos (e eu que nem sou grande adepto de história de Portugal) em que o povo vivia na miséria, pois o problema de Portugal foi o 1º de Dezembro de 1640… talvez se não tivesse existido esse dia tudo seria diferente basta olhar para o lado e ver como Espanha se desenvolveu em 30 anos…Com os melhores cumprimentos e que me perdoem o testamento e o abuso, Joaquim Caeiro.
Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores.
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
Aeronaves com desenho exterior em forma de delta e controladas por meios electrodinâmicos eliminam a necessidade de ailerons, elevadores de profundidade, lemes, flaps, ou qualquer outro meio de comando mecânico. Para além de melhorarem a manobralidade e as características aerodinâmicas dos aparelhos, esta tecnologia inovadora funciona ainda como sistema anti-gelo. Na eventualidade de uma aterragem de emergência o combustível é ejectado para prevenir incêndios.
As viagens transcontinentais são asseguradas por estes avançados aparelhos e pelos comboios de alta velocidade de levitação magnética que vimos antes, ambos integrados num sistema de transportes a nível mundial.
30 de julho de 2009
Sempre na senda do "pugreço" social!
28 de julho de 2009
Mais uma boa notícia!
24 de julho de 2009
Outra boa campanha.
Circulou já há uns tempos na Internet, mas como está muito bem feito aqui fica mais uma vez.
Lista dos maiores poluidores mundiais com CO2.
1) E.U.A. - 2530 milhões de toneladas de CO2
23 de julho de 2009
Más novas sobre a "Nova Alcântara".
E que «contrariamente ao que tem vindo a ser noticiado, o TC não enviou o relatório para o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa nem para a Procuradoria-Geral da Republica». No final do documento, porém, está escrito que o relatório foi enviado para, entre outras entidades, o procurador-geral-adjunto no Tribunal de Contas – sendo este que agora o encaminhará para a Procuradoria Geral da República.
Notícia aqui.
E pronto, com o habitual descaramento e boçalidade quanto baste, lá vem o Pino Lino, também conhecido por Jámé, atirar as suas atoardas em defesa do indefensável. O desenrolar do assunto do projecto Nova Alcântara só pode ter como resultado o desmascarar de um negócio altamente gravoso para o Estado, em benefício directo e claro de uma empresa que, convenientemente, é agora liderada pelo ex- Ministro do P.S. Jorge Coelho, o tal que promete tau-tau a quem se mete com o seu partido. Em Itália também é assim, mas chamam-lhe Cosa Nostra. Mais uma vez vamos ver ser posta à prova a independência e credibilidade do Ministério Público. Aguardemos que eu vou estar atento!
Direitos, liberdades e garantias de participação política.
1. Todos os cidadãos têm o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos órgãos de
soberania, aos órgãos de governo próprio das regiões autónomas ou a quaisquer autoridades
petições, representações, reclamações ou queixas para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e, bem assim, o direito de serem informados, em prazo razoável, sobre o resultado da respectiva apreciação.
2. A lei fixa as condições em que as petições apresentadas colectivamente à Assembleia da República e às Assembleias Legislativas das regiões autónomas são apreciadas em reunião plenária.
Isto está cada vez melhor...
22 de julho de 2009
Chibou, vai ter de rezar...
Petição pela Vinculação de Professores Contratados.
21 de julho de 2009
"Contos Proibidos - Memórias de um P.S. Desconhecido" de Rui Mateus.
20 de julho de 2009
É, não é, é, parece que já é outra vez!
17 de julho de 2009
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
As elegantes pontes apresentadas nesta página são concebidas para suportar cargas de compressão, de tracção e de torção na expressão mais simplificada dos seus elementos estruturais, não havendo lugar a desperdício de materiais. Em algumas estruturas está prevista a circulação de Comboios de Levitação Magnética suspensos por baixo das faixas de rodagem superiores.
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
Durante as viagens destes comboios de alta velocidade, que operam mediante levitação magnética, um segmento do compartimento de passageiros encontra-se elevado ou então deslizado para o lado da composição. Essas secções são destacáveis e podem então levar passageiros para os seus destinos enquanto outros compartimentos são carregados no seu lugar. Este método de transporte permite à composição principal permanecer em movimento e assim aumentar a sua eficiência e poupando tempo nas transferências. Para além disso, os componentes destacáveis estão especialmente equipados para permitir uma vasta gama de serviços de transporte, o mesmo é dizer que diversos tipos de carga podem ser aí processados. Estes comboios de alta velocidade e alta tecnologia serão utilizados no transporte entre diferentes cidades.
Direitos, liberdades e garantias de participação política.
1. A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e
partidos políticos e de através deles concorrer democraticamente para a formação da vontade popular e a organização do poder político.
2. Ninguém pode estar inscrito simultaneamente em mais de um partido político nem ser privado do exercício de qualquer direito por estar ou deixar de estar inscrito em algum partido legalmente constituído.
3. Os partidos políticos não podem, sem prejuízo da filosofia ou ideologia inspiradora do seu programa, usar denominação que contenha expressões directamente relacionadas com quaisquer religiões ou igrejas, bem como emblemas confundíveis com símbolos nacionais ou religiosos.
4. Não podem constituir-se partidos que, pela sua designação ou pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional.
5. Os partidos políticos devem reger-se pelos princípios da transparência, da organização e da gestão democráticas e da participação de todos os seus membros.
6. A lei estabelece as regras de financiamento dos partidos políticos, nomeadamente quanto aos requisitos e limites do financiamento público, bem como às exigências de publicidade do seu património e das suas contas."
Ora aí está o resultado do papelito...
16 de julho de 2009
Vergonha!
15 de julho de 2009
Cálice.
Eh pá, isto afinal é o país do afastamento!
Sem medos!
14 de julho de 2009
"Esta noite sonhei com Mário Lino", por Miguel Sousa Tavares.
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!
13 de julho de 2009
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
Automóveis optimizados tecnologicamente poderão fornecer alta velocidade, consumo eficiente de energia e viagens de longo curso seguras. Alguns veículos poderão ter rodas, enquanto outros serão equipados com sistemas de levitação magnética ou, à semelhança dos overcraft, sistemas de flutuação com deslocação do ar. Estes veículos seriam equipados com tecnologia de reconhecimento de voz, que permite aos passageiros indicar oralmente o destino pretendido. Para além dessa inovação, sistemas auto-monitorizados indicariam aos veículos a altura exacta para efectuar a necessária manutenção, sendo possível que se deslocassem sozinhos para essa manutenção em instalações próprias. O uso de energia eléctrica limpa e não poluente permitiria um funcionamento silencioso destes automóveis. Sensores de proximidade ligados a sistemas automáticos de velocidade e travagem são o garante de que não veremos estes automóveis envolvidos em acidentes. Como segunda medida de segurança, todo o interior será forrado com uma membrana de protecção. Não obstante e dentro da cidade, a mobilidade em geral será assegurada por transferes horizontais, verticais, radiais e circulares.
"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.
Um sistema de transporte nacional eficiente incluiria forçosamente uma rede de canais navegáveis e sistemas de irrigação paralelos nos quais flutuariam fábricas automatizadas e navios dedicados ao transporte de carga e pessoas. Numa abordagem inovadora da educação seria possível constituir centros de educação flutuantes onde adultos e crianças pudessem viajar de uma área do continente para outra enquanto apreendiam os mais variados assuntos relacionados com o mundo onde vivem, não apenas através dos tradicionais livros como também através da interacção directa com o ambiente do mundo real.
Nesse sentido, mega-projectos hidrológicos seriam parte integrante do planeamento inter-continental, minimizando os efeitos de cheias e secas, enquanto ajudavam nas migrações de peixes, na remoção de sedimentações acumuladas e também na criação de locais adequados para a limpeza de detritos agrícolas e urbanos. As águas provenientes das cheias seriam desviadas para bacias de armazenamento, permitindo assim a sua utilização em alturas de seca. Este sistema não ajuda apenas a manter o nível das águas como também serve para estabelecer barreiras naturais e reservas de água contra incêndios. Para além disso, esses canais serviriam ainda para alimentar campos agrícolas, as pisciculturas interiores, proteger as zonas húmidas e fornecer água para áreas de recreio.
Under pressure!
10 de julho de 2009
O teste psicotécnico.
- Vou fazer-lhe o teste final para a sua admissão.
- Perfeito! – diz o candidato.
O psicólogo pergunta:- Você está numa estrada escura e vê ao longe dois faróis emparelhados a virem na sua direcção. O que acha que é?
- Um carro. – diz o candidato.- Um carro é muito vago. Que tipo de carro? Um BMW, um Audi, um Volkswagen?
- Não dá para saber, não é?- Hum... – diz o psicólogo, que continua – Vou fazer-lhe outra pergunta: Você está na mesma estrada escura e vê só um farol a vir na sua direcção. O que é?
- Uma mota – diz o candidato.- Sim, mas que tipo de mota? Uma Yamaha, uma Honda, uma Suzuki?
- Sei lá, numa estrada escura, não dá para saber… (já meio nervoso)
- Hum..., diz o psicólogo. Aqui vai a última pergunta:
- Na mesma estrada escura você vê novamente um só farol, menor que o anterior, e você apercebe-se que vem mais lento. O que é?
- Uma bicicleta.
- Sim, mas que tipo de bicicleta? BTT, estrada, passeio…?
- Não sei.
- Lamento, mas reprovou no teste! – diz o psicólogo.
Então o candidato dirige-se ao psicólogo e diz:
- Interessante este teste. Posso fazer-lhe uma pergunta também?
- Claro que pode.
- Você está à noite numa rua iluminada. Vê uma mulher com maquilhagem carregada, vestidinho vermelho bem curto, a girar uma bolsinha… o que é?
- Ah! - diz o psicólogo - é uma puta.
- Sim, mas que puta? A sua irmã? A sua mulher? Ou a puta que o pariu?
Estou cá com uma pena de ti...
9 de julho de 2009
Estás mesmo a pedi-las Ção!
Direitos, liberdades e garantias de participação política.
1. Todos os cidadãos têm o direito de acesso, em condições de igualdade e liberdade, aos cargos públicos.
2. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocação, no seu emprego, na sua carreira profissional ou nos benefícios sociais a que tenha direito, em virtude do exercício de direitos políticos ou do desempenho de cargos públicos.
3. No acesso a cargos electivos a lei só pode estabelecer as inelegibilidades necessárias para garantir a liberdade de escolha dos eleitores e a isenção e independência do exercício dos respectivos cargos."