30 de janeiro de 2010

Para ir lembrando...

E ver, ou rever, este de seguida!

28 de janeiro de 2010

Comunicado do Vereador do Turismo da Câmara Municipal do Porto.

Informação Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009

Na sequência das notícias publicadas recentemente sobre a vergonhosa distribuição de verbas feita pelo Turismo de "Portugal", altamente vantajosa para a cidade-capital do País em detrimento do resto de Portugal, o Vereador do Turismo da Câmara Municipal do Porto, Vladimiro Feliz, distribuiu hoje - em Conferência de Imprensa - um Comunicado sobre a matéria, que segue em anexo. Através deste texto pode ficar a saber, por exemplo, que o Turismo de " Portugal" financiou a animação de Verão dos Coretos em Lisboa exactamente com a mesma verba que apoiou a edição da Red Bull Air Race no Porto, em 2008. Ou ainda que o dito Turismo de "Portugal" apoiou o Congresso dos Pasteleiros em Lisboa com uma verba idêntica àquela que serviu para financiar o Fantasporto.

CRITÉRIOS DO TURISMO DE PORTUGAL:

O ESPELHO DE UM PAÍS SEM JUÍZO NEM DECÊNCIA

Como é do conhecimento geral diversos órgãos de comunicação social trouxeram a público uma realidade que nada contribui para o desenvolvimento sustentado do país. A forma tendenciosa como são distribuídos incentivos por parte do Estado Central, neste caso concreto na área do Turismo. Não estando ainda em funções o Conselho Metropolitano de Vereadores, órgão que em circunstâncias normais assumiria este dossier, decidiu a CMP chamar a si a esta questão. São por demais evidentes as discrepâncias na atribuição de dinheiros públicos por parte do Turismo de “Portugal”. Se é verdade que o Distrito de Lisboa é o contemplado com a grande fatia dos apoios ao sector do Turismo, 49 M€ contra 21 M€ para o resto do país, a situação ainda é mais gritante quando verificamos que desses 49 M€ alocados ao distrito de Lisboa, 43 M€ foram dirigidos ao Concelho de Lisboa, ou seja 61% dos apoios concedidos pelo Turismo de “Portugal” em 2008 foram directamente para o Concelho de Lisboa, sendo os restantes 39% distribuídos pelo resto do país. O segundo distrito é Leiria com apenas 4,8 M€. Esta situação em nada incentiva a boa gestão dos dinheiros públicos; e muito menos ajuda a dinamizar a economia nacional, designadamente da região Norte. Conhecidas que são as dificuldades financeiras da autarquia Lisboeta, decorrentes de erros sucessivos de diversas lideranças autárquicas, o Estado Central, em vez de impor uma gestão criteriosa dos dinheiros públicos, dá precisamente o sinal contrário, através das entidades por si tuteladas, premeia - atribuindo neste caso a esmagadora maioria dos fundos dirigidos ao Turismo, ao Concelho de Lisboa. Mas é também preocupante a disparidade com que eventos estruturais são tratados, por exemplo:
A recuperação do Parque Mayer;
Da Estufa Fria,
Da 1.ª fase do Pavilhão Carlos Lopes.
Pagos na totalidade por verbas concedidas pelo Turismo de Portugal, num investimento superior a 12,8 M€, são a clara antítese do investimento em curso para a recuperação do Palácio de Cristal, em que o investimento global será de 18,5 M€, sendo 9,7 M€ suportados pela CMP, 5,8 M€ financiados pelo POVT no âmbito do QREN e 3 M€ por parceiros privados ou seja 0 € pelo Turismo de “Portugal”. Saliente-se neste caso o significativo esforço financeiro da CMP, através da Porto Lazer, num evento extremamente relevante para a promoção do Turismo de negócios na Cidade e na Região. Neste âmbito gostaria ainda de partilhar convosco um conjunto de outros investimentos, todos eles financiados a 100%, pelo Turismo de “Portugal”. O projecto de “Mobilidade Pedonal em Zonas Históricas de Lisboa”, no valor global de 11,6 M€, o projecto de “Requalificação e Valorização Cultural de Lisboa”, no valor global de 10,5 M€, O projecto de “Requalificação e Dinamização da Rede de Miradouros e Jardins”, no valor global de 2,3 M€, O projecto “Ao Domingo o Terreiro do Paço é das pessoas”, no valor global de 600 K€, O projecto de “Redes pedonais e percursos cicláveis de Lisboa”, no valor global de 1,17 M€. Neste caso concreto, no Porto, a ciclovia foi construída com base nas verbas libertadas pelos ganhos de eficiência na gestão da Empresa Águas do Porto, numa clara discrepância com a estratégia aqui evidenciada pelos organismos tutelados pelo Estado Central, que em vez de darem sinais claros na penalização de maus exemplos na gestão de dinheiros públicos, tomam precisamente a medida contrária! A estratégia seguida pelo Turismo de “Portugal” é ainda mais curiosa quando verificamos que, por exemplo, o projecto de animação dos coretos de Lisboa em 2008 mereceu o mesmo apoio que … a primeira edição do Red Bull Air Race, 300 k€. E, ainda, O Campeonato Mundial de Jovens Pasteleiros (CMJP) em Lisboa teve direito a 50.000 € - o mesmo que o Fantasporto.

É esta atitude de total incoerência e incompetência, que trata eventos com impacto claramente diferente na promoção turística do país, de forma semelhante que hoje repudiamos aqui, e salientamos que este tratamento parcial ocorre sempre com claro benefício para a Cidade de Lisboa. É por essa razão que seguiremos atentamente o modelo de financiamento do Red Bull Air Race Lisboa por parte do Turismo de “Portugal” e de outras entidades com interesse do estado, não porque algo nos mova contra a alternância de eventos no país, aliás até a defendemos, mas porque entendemos que Portugal é extremamente pequeno para que andemos a concorrer entre nós pelos mesmos eventos, com claro prejuízo para a boa gestão dos dinheiros públicos. Assim, e face a esta VERGONHA e face esta completa ausência de respeito pelo País iremos:
- Pedir aos grupos parlamentares do PSD e do PP, que confrontem e recolham esclarecimentos do Governo relativamente aos apoios concedidos pelo Turismo de “Portugal” ao longo dos últimos anos. Falamos destes 2 grupos parlamentares pois são aqueles que suportam a maioria que hoje governa a CMP, mas veremos com bons olhos que outras forças partidárias se associem a esta causa, no sentido de promover uma maior coesão e sustentabilidade Nacional.
- Alertar o Sr. Presidente da República de Portugal para esta revoltante situação.
- Solicitar o Sr. Presidente do Instituto do Turismo de “Portugal” uma explicação para esta situação e qual a previsão para 2010.

Porto, 22 de Dezembro de 2009





Era também disto que falava quando falava em assimetrias. Ao ponto a que isto chegou!

E lá vamos nós, outra vez, em busca do 5º Império,


,ainda que de forma simbólica...

23 de janeiro de 2010

Outra vez não. Por Mário Crespo.

A compra da TVI e agora o caso de Marcelo Rebelo de Sousa mostram que afinal Manuela Ferreira tinha toda a razão. Quando a líder do PSD o denunciou, estávamos de facto a viver um processo de "asfixia democrática" com este socialismo que José Sócrates reinventa constantemente. Hoje o garrote apertou-se muito mais. Ridicularizámos Ferreira Leite pelos avisos desconfortáveis e inconvenientes. No estado de torpor em que caímos provavelmente reagiríamos com idêntica abulia ao discurso da Cortina de Ferro de Winston Churchill quando o mundo foi alertado para a ameaça do totalitarismo soviético que ninguém queria ver. Hoje, quando se compram estações para silenciar noticiários e se afastam comentadores influentes e incómodos da TV do Estado, chegou a altura de constatar que isto já nem sequer é o princípio do fim da liberdade. É mesmo o fim da liberdade que foi desfigurada e exige que se lute por ela. O regime já não sente necessidade de ter tacto nas suas práticas censórias. Não se preocupa sequer em assegurar uma margem de recuo nos absurdos que pratica com a sua gestão directa de conteúdos mediáticos. Actua com a brutalidade de qualquer Pavlovitch Beria, Joseff Goebbels ou António Ferro. Se este regime não tem o SNI ou o Secretariado Nacional de Propaganda, criou a ERC e continua com a RTP, dominadas por pessoas capazes de ler os mais subtis desejos do poder e a aplicá-los do modo mais servil. Sejam eles deixar que as delongas processuais nas investigações dos comportamentos da TVI e da ONGOING se espraiem pelos oceanos sufocantes do torpor burocrático, seja a lavrar doutrina pioneira sobre a significância semiótica do "gestalt" de jornalistas de televisão que se atrevam a ser críticos do regime, seja a criar todas as condições para a prática de censura no comentário político, como é o caso Marcelo Rebelo de Sousa. Desta vez, foi muito mais grave do que o que lhe aconteceu na TVI com Pais do Amaral. Na altura o Professor Marcelo saiu pelo seu pé quando achou intolerável um reparo sobre os conteúdos dos seus comentários. Agora, com o característico voluntarismo do regime de Sócrates, foi despedido pelo conteúdo desses comentários. Nesta fase já não é exagerado falar-se da "deriva totalitária" que Manuela Ferreira Leite detectou. É um dever denunciá-la e lutar contra ela. O regime de Sócrates, incapaz de lidar com as realidades que criou, vai continuar a tentar manipulá-las com as suas "novilínguas" e esmagando todo o "duplipensar" como Orwell descreve no "1984". Está já entre nós a asfixia democrática e a deriva totalitária. Na DREN, na RTP, na ERC, na TVI e noutros sítios. Como disse Sir Winston no discurso da Cortina de Ferro: "We surely, ladies and gentlemen, I put it to you, surely, we must not let it happen again", o que quer apenas dizer: outra vez não!


Ainda olhas para estas coisas e achas que não vale a pena lutar? Ou continuas a achar, influenciado pelos "opinion maker" ou desmaker, tanto faz, que tudo não passa de uma teoria da conspiração?

Petição à Assembleia da República - PELO ALARGAMENTO DO ACESSO AO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO.

Há hoje cerca de 600 mil desempregados registados nas estatísticas oficiais. Outros 100 mil homens e mulheres estão desempregados mas não constam dessas estatísticas. O desemprego é o maior problema nacional. Sabendo que centenas de milhares destes desempregados não recebem subsídio e estão por isso sujeitos à pobreza, os abaixo assinados apelam à Assembleia da República para que alargue o acesso ao subsídio de desemprego a quem tenha trabalhado e descontado pelo menos seis meses no ano que antecede o desemprego. Manifestamos assim a nossa solidariedade para com quem trabalhou, descontou e não consegue emprego na grave crise económica que vivemos.

Tá de assinar aqui!

22 de janeiro de 2010

Flor de la Mar - A Bela Adormecida.

Adormecem, nos abismos dos sete oceanos, barcos portugueses que na procura de outras terras e seguindo o espírito da obra do Infante D. Henrique que aspirava (e consegui-o) fazer de Portugal um império comercial no contexto das nações do Velho Mundo. (...)

A Flor de la Mar, nau de 400 toneladas construída em Lisboa em 1502. Neste ano e sob o comando de Estevão da Gama (irmão de Vasco da Gama), sulca os mares em direcção à India. A segunda viagem acontece em 1505 e, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança, sofreu um rombo no casco reparada em Moçambique. Participa na conquista de Ormuz, em 1507 na batalha de Diu, em 1509 na conquista de Goa, em 1510 e em 1511 na conquista de Malaca. Afonso de Albuquerque utilizou-a para transportar de Malaca o espólio tomado na conquista do entreposto comercial rico e o mais significativo de toda a Àsia. (...)

A nau não venceu a tormenta que pairou no estreito de Malaca na noite de 20 de Novembro de 1512. Ficou sepultada a “bela adormecida” na base do mar com: ouro, pedras preciosas, obras de arte, mercadorias exóticas, adornos que o grande capitão da Índia desejaria que servissem de vaidade e decoração fúnebre do seu mausoléu. (...)
Retirado aqui.

Aos Amigos.

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder,
para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.
Temos um talento, doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


Vitorino - Álbum "Flor de la Mar", sobre poema de Herberto Helder



É isto que deve ser dito sobre a tragédia no Haiti.

1. Por norma, não vejo telejornais. Tenho a impressão de que os ditos telejornais desinformam em vez de informarem. Os jornais na TV raramente têm alguém a explicar, com calma, as diversas questões do dia. E isso é um problema, porque as imagens não explicam nada. Nós podemos visionar imagens do Haiti durante meia-hora, e, mesmo assim, podemos ficar sem uma ideia fidedigna sobre aquilo que se está a passar no Haiti. O nosso raciocínio é feito com palavras e números. Ora, ao ser baseado na imagem, o telejornal apela sobretudo à emoção. É por isso que os ditos telejornais - na CNN ou na Al Jazeera - tendem a ser irracionais e emotivos. Sem os jornais em papel, os telejornais levar-nos-iam para a idade média.


2. A face mais negra desta desinformação da TV surge durante as grandes catástrofes. Os repórteres acham que têm de mostrar o "homem sensível" que está antes do "jornalista". E, por isso, começam a adjectivar tudo. Como se a morte e a tragédia precisassem de adjectivos. Há dias, vi uma reportagem pornográfica que me enjoou até à medula: a dita reportagem sobre a desgraça haitiana tinha partes em slow motion, que, ainda por cima, estavam acompanhadas por uma banda sonora a pedir choro. Colocar um violino lamechas em cima de uma fractura exposta é pornografia emocional, meus amigos. E é também um enorme desrespeito pelas pessoas que estão, de facto, a sofrer com aquela calamidade.

Artigo aqui.

18 de janeiro de 2010

Coitadinha, ela merece...

De acordo Com O Correio da Manhã, Maria Monteiro, filha do antigo Ministro António Monteiro e que actualmente ocupa o cargo de adjunta do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vai para a Embaixada portuguesa em Londres. Para que a mudança fosse possível, José Sócrates e o ministro das Finanças descongelaram a título excepcional uma contratação de pessoal especializado. Contactado pelo jornal, o porta-voz Carneiro Jacinto explicou que a contratação de Maria Monteiro já tinha sido decidida antes do anúncio da redução para metade dos conselheiros e adidos das embaixadas. As medidas de contenção avançadas pelo actual governo, nomeadamente o congelamento das progressões na função pública, começam a dar frutos. Os sacrifícios pedidos aos portugueses permitem: assegurar a carreira desta jovem de 28 anos que, apesar da idade, já conseguiu, “por mérito próprio e com uma carreira construída a pulso”, atingir um nível de rendimento mensal superior a 9000 euros. É desta forma que se cala a boca a muita gente que não acredita nas potencialidades do nosso país, os zangados da vida que só sabem criticar a juventude, ponham os olhos nesta miúda. A título de curiosidade, o salário mensal da nossa nova adida de imprensa da embaixada de Londres daria para pagar as progressões de 193 técnicos superiores de 2ª classe, de 290 Técnicos de 1ª classe ou de 290 Assistentes Administrativos. O mesmo salário daria para pagar os salários de, respectivamente, 7, 10 e 14 jovens como a Maria, das categorias acima mencionadas, que poderiam muito bem despedir-se, por força de imperativos orçamentais. Estes jovens sem berço, que ao contrário da Maria tiveram que submeter-se a concurso, também ao contrário da Maria já estão habituados a ganhar pouco e devem habituar-se a ser competitivos. A nossa Maria merece. Também a título de exemplo, seriam necessários os descontos de IRS de 92 Portugueses com um salário de 500 Euros a descontarem à taxa de 20%. Novamente, a nossa Maria merece! Enquanto isto, os mesmos governantes preparam-se para impor aumento zero aos salários em 2010...

Recebido por e-mail.

11 de janeiro de 2010

Estás mesmo a pedi-las Ção!

Direitos e deveres sociais.

"Artigo 65º. Habitação e urbanismo.
1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado:
a) Programar e executar uma política de habitação inserida em planos de ordenamento geral do território e apoiada em planos de urbanização que garantam a existência de uma rede adequada de transportes e de equipamento social;
b) Promover, em colaboração com as regiões autónomas e com as autarquias locais, a construção de habitações económicas e sociais;
c) Estimular a construção privada, com subordinação ao interesse geral, e o acesso à habitação própria ou arrendada;
d) Incentivar e apoiar as iniciativas das comunidades locais e das populações, tendentes a resolver os respectivos problemas habitacionais e a fomentar a criação de cooperativas de habitação e a autoconstrução.
3. O Estado adoptará uma política tendente a estabelecer um sistema de renda compatível com o rendimento familiar e de acesso à habitação própria.
4. O Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais definem as regras de ocupação, uso e
transformação dos solos urbanos, designadamente através de instrumentos de planeamento, no quadro das leis respeitantes ao ordenamento do território e ao urbanismo, e procedem às expropriações dos solos que se revelem necessárias à satisfação de fins de utilidade pública urbanística.
5. É garantida a participação dos interessados na elaboração dos instrumentos de planeamento urbanístico e de quaisquer outros instrumentos de planeamento físico do território."

Fartei-me de dar voltas à cabeça sobre a forma como deveria abordar esta questão essencial na vida das pessoas. Primeiro pensei tirar imagens elucidativas do péssimo urbanismo presente nas várias capitais de distrito, como forma de dar uma vista geral do país. Depois pensei em relatar o fiasco a que ficaram votadas as cooperativas de habitação social, quase todas na falência ou transformadas em agências imobiliárias tão especulativas como as outras. Também ponderei fazer uma resenha crítica da actuação dos agentes urbanizadores, públicos e privados, nestes últimos 36 anos. Depoi, vi a notícia que se segue e pareceu-me suficientemente elucidativa...

Maria do Carmo Rodrigo, 73 anos, vive com quatro filhos adultos numa casa miserável, em Ribeira de Carpinteiros, na freguesia de Almalaguês, Coimbra. Por falta de espaço, dorme com dois deles na sala. Por falta de casa de banho, lavam-se numa bacia, na rua. No número 7 da Rua da Fonte, não há água canalizada, nem cozinha digna desse nome (não existe fogão, existe uma fogueira; não existe chaminé, só um buraco no tecto). As madeiras estão podres, o frio entra pelas janelas remendadas, o chão tem buracos, nas paredes há fissuras e manchas de humidade. "Estão da cor da minha roupa", diz a viúva, integralmente vestida de preto. Nas noites de chuva e vento fortes, nem dorme, com medo que o tecto desabe. Pouco parece ter mudado, na casa centenária, onde Maria do Carmo viveu com os pais e deu à luz seis dos sete filhos. "Não deve haver, em Coimbra, casa como a minha. Não tenho casa de banho, nem fogão, nem lareira. Passo aqui muito frio", conta a mulher, a quem a miséria entristece, mas não tira a doçura. O vereador socialista Carlos Cidade foi quem denunciou a situação, no início da semana, em reunião do Executivo. "Não é possível que, na cidade do conhecimento, até hoje, ninguém se tenha preocupado!", referiu o membro da Oposição, aludindo, entre outros, ao facto de a idosa "ser obrigada a dormir, numa espécie de sala, com dois filhos homens". Maria do Carmo confirma: aquele velho sofá deformado, entre duas camas pequenas, serve-lhe de leito. Os rendimentos do agregado familiar não chegam sequer aos 500 euros, segundo o filho mais novo, Daniel, de 33 anos. (E há que pagar a medicação - só a essencial, porque é preciso poupar, explica a mãe, moída por dores nas costas.) Vivem ali, ainda, Luís Filipe, de 38 anos, pintor da construção civil com dificuldade em arranjar trabalho, Carlos, de 43 anos, agricultor, e Lúcia, de 46, já reformada.
"Se o ano novo me trouxesse uma casa mais ou menos, ia ao Céu e vinha", suspira Maria do Carmo, com olhos sorridentes. O vereador comunista Francisco Queirós, responsável pelo Departamento de Habitação da Câmara, lamenta que só agora o caso tenha vindo à luz. "Não sei como é que esta situação não foi detectada antes!", declarou, ao JN, após o envio de técnicos ao local. E, por se tratar de "uma situação complexa e dramática, do ponto de vista social, que extravasa o âmbito do Departamento de Habitação", promete alertar a Segurança Social e o Governo Civil. De acordo com o vereador da CDU, o relatório aponta "um vasto conjunto de deficiências" na construção, descartando, todavia, o risco de ruína. Por isso, a Autarquia não pode avançar com uma obra coerciva. Nem realojar a família, ao abrigo do programa PROHABITA, do Instituto de Reabilitação Urbana, porque este "não permite que se realojem pessoas com habitação própria". E a casa é de Maria do Carmo. Ao JN, o director do Centro Distrital de Segurança Social de Coimbra, Mário Ruivo, garantiu que ia enviar um técnico ao local e "tentar encontrar, rapidamente, uma solução para o problema".

O malfadado triunvirato da corrupção nacional.

O presidente da Académica, José Eduardo Simões, vai ser julgado na última quinzena de Abril na vara mista do Tribunal de Coimbra, disse o seu advogado, Rodrigo Santiago. "A juíza telefonou-me hoje e foram agendados três dias completos para a semana entre 19 e 23 de Abril e mais três dias para a semana seguinte, entre 26 e 30", referiu o causídico. O presidente da Académica é acusado neste primeiro processo em julgamento em Abril de quatro crimes de corrupção passiva por acto lícito e quatro crimes de corrupção passiva por acto ilícito, cuja moldura penal poderá ir de um a oito anos de prisão. Está ainda a decorrer outro processo independente do anterior contra o dirigente da "Briosa", do qual é acusado de mais dois crimes e recentemente outro ligado a outro complexo imobiliário construído na freguesia dos Olivais. José Eduardo Simões, enquanto era director do urbanismo de Câmara Municipal de Coimbra, entre 2002 e 2005, foi indiciado de ter beneficiado alguns elementos ligados ao ramo imobiliário com a aprovação de licenças de construção em troca de donativos para a Académica. Na viatura do dirigente foram encontrados vários envelopes com uma quantia elevada em dinheiro que o mesmo alegou que se destinavam a pagamentos dos jogadores do plantel academista.

Notícia aqui.

Não, não é Fátima, Futebol e Fado! É o já mais do que identificado Patos Bravos, Câmaras e Futebol...

Clarinho como água...


O regresso em força dos Massive Attack.


Também me parece...

Não se pode deixar de estar de acordo com o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa quando afirma (Público, 01.01.2010) que «os graves problemas da sociedade exigem uma profunda revolução cultural e civilizacional». Mas, com toda a consideração, causa alguma perplexidade a proposta citada a seguir na mesma notícia: a de que se realizassem «cimeiras de aprofundamento civilizacional», à semelhança das cimeiras «sectoriais» que se realizam sobre o ambiente, a crise financeira, a economia, etc. Na Enciclopédia Luso-Brasileira, o conceito alargado de civilização significa o conjunto das manifestações da vida material e espiritual de um povo ou de uma época. E, embora o Sr. Cardeal assinale, justamente, que vivemos uma época de globalização em que existem «problemas comuns a toda a família humana», não parece razoável que daí se conclua que exista, ou que seja útil que se procure, um «aprofundamento civilizacional» global, e muito menos que esse aprofundamento seja alcançável em cimeiras. Infelizmente, no quadro da globalização capitalista, poucas coisas cheiram mais a esturro do que as cimeiras. E mais: sempre que uma cimeira falha, como fracassou estrondosamente a conferência de Copenhaga, esse facto constitui em geral melhor notícia do que seria a do seu êxito. Porque não existe um único dos «problemas comuns a toda a família humana» que não tenha a sua mais funda raiz na própria natureza do capitalismo. A depredação ambiental global, as extremas injustiças e as desigualdades sociais, a violência e a guerra não são dissociáveis da essência do capitalismo. Se nenhuma «cimeira sectorial» sobre a crise do capitalismo pode apresentar qualquer solução para essa crise, é porque a sucessão de crises é intrínseca ao próprio capitalismo. E o capitalismo só supera cada crise preparando crises mais generalizadas e mais graves, e reduzindo os meios para prevenir as crises, como Marx e Engels assinalavam já no «Manifesto». É nesses termos que, partilhando o desejo do Sr. Cardeal de que se procure «[….] a promoção da justiça, de modo particular nos sistemas económico-financeiros e sociais», seria de desejar que, em contrapartida, compartilhasse o Sr. Cardeal connosco a luta pelo socialismo. Porque não será em cimeiras, mas na infinita e poderosamente diversa e criadora luta dos povos pelo socialismo que será realizada a revolução civilizacional capaz de superar os problemas com que a humanidade actualmente se defronta.

Artigo aqui.

4 de janeiro de 2010

Quando a Igreja se envergonha a si própria...

A denúncia é feita pelo presidente em Portugal da Rede Europeia Anti-Pobreza, mas já remonta ao dia 5 de Setembro de 2009, data em que o cónego Manuel Martins foi dispensado das funções de pároco da Sé do Funchal e deslocalizado para Machico e Ribeira Seca. «Na região da Madeira, o meu colega, que era pároco da sé catedral do Funchal, porque falou nas missas da defesa das crianças, dos pobres do Funchal, teve atrás dele uma comissão do Governo do Madeira para investigarem se ele era comunista. Como se nós tivéssemos num país não sei o quê», disse Jardim Moreira à RTP, falando em pressões constantes. «Por defender e falar da pobreza é colocado numa aldeia», frisou, considerando que «este caso tem de ser denunciado, porque não é possível que no Estado português, onde há separação do Estado e da Igreja, não haja liberdade de pregar pela defesa dos pobres e que isso seja penalizado». «Temos regiões do país onde não é permitido pregar o evangelho, o amor, apontar as mazelas reais», frisou. O cónego Manuel Martins foi afastado do cargo a 5 de Setembro, segundo decreto do Bispo do Funchal, D. António Carrilho, tendo tomado posse em Machico a 26 do mesmo mês. Foi substituído pelo cónego Vítor dos Reis Franco Gomes. Na altura, Manuel Martins assegurou que saiu da Sé por razões pessoais, mas agora surge a confirmação das suspeitas levantas então, de que seria por motivos políticos.

Notícia aqui.

Palavras para quê?