31 de outubro de 2008

Movimento Zeitgeist: o futuro da humanidade começa aqui!




O Movimento Zeitgeist não é um movimento político. Não reconhece nações, governos, raças, religiões, credos ou classes. O nosso entendimento do mundo actual conclui que esses são conceitos falsos, anacrónicos e que estão longe de serem factores positivos para um verdadeiro crescimento do colectivo humano e do seu potencial. As suas bases assentam na divisão do poder e na estratificação, sem unidade nem igualdade, que é o nosso objectivo primordial. Sendo importante perceber que tudo na vida se encontra em natural e contínua progressão, devemos também reconhecer que a espécie humana tem a capacidade de drasticamente atrasar ou paralizar esse progresso, através de estruturas sociais que estão desactualizadas, são dogmáticas, ou que estão em desacordo e desrespeito com a própria natureza. O mundo que conhecemos hoje, preenchido de guerras, corrupção, elitismo, poluição, pobreza, doenças epidémicas, abusos sobre os direitos humanos, desigualdades e crimes, é o resultado desta paralisação no progresso desejável da humanidade.


Este movimento centra-se na consciência, no estabelecimento de um progresso evolucionário fluído, tanto pessoal, como social, tecnológico e espiritual. Ele reconhece que a espécie humana se encontra num caminho natural para a unificação, que deriva da consciência comum de conhecimentos fundamentais e empíricos de como a natureza funciona e se comporta, e de como nós, enquanto humanos, nos encaixamos e fazemos parte desse devir universal a que chamamos vida. Enquanto este caminho não existe e não é palpável, é sistematicamente obstaculizado e não reconhecido como válido pela larga maioria das pessoas, que desta forma perpetuam modos de conduta e de organização social anacrónicos, degenerativos e estagnantes. É esta irrelevância e apatia intelectuais que o Movimento Zeitgeist espera ultrapassar através da educação e da acção social.


O objectivo é rever a sociedade mundial de acordo com os conhecimentos de ponta actuais, a todos os níveis, não só criando consciência das possibilidades sociais e tecnológicas para um mundo melhor, por muitos consideradas impossíveis de implementar ou como sendo contra a natureza humana, mas também fornecendo meios para ultrapassar os elementos da sociedade que perpetuam os já referidos sistemas anacrónicos de organização social.


Uma importante associação de pessoas que já trabalham no assunto, da qual derivam muitas das ideias deste movimento, é o Projecto Vénus, dirigido pelo Engenheiro Social e Designer Industrial Jacque Fresco, que trabalhou praticamente toda a sua vida na criação das ferramentas necessárias para delinear um mundo que poderia eventualmente erradicar a guerra, a pobreza, o crime, a estratificação social e a corrupção. As suas noções e conceitos não são nem radicais nem complexos, nem impõem uma interpretação subjectiva na sua aplicação. Neste modelo do Projecto Vénus, a sociedade é gerada como um espelho que reflete a própria natureza, com as variantes pré-definidas inerentes. Por outro lado, o Movimento Zeitgeist em si não é uma construção centralizada, esperando contar com a participação de todos. Não nos apresentamos para comandar, mas para organizar e educar.



Texto de apresentação traduzido livremente por mim. Se quiserem mais informação ou, ainda melhor, se quiserem fazer parte deste movimento, vão aqui.

Aconselho também uma busca na net para visualização (com tempo, está bem?) dos vídeos que se encontram disponíveis para aclaramento das intenções e produção de denúncias.

30 de outubro de 2008

Crash no Photoshop...


clicar para aumentar


Não acham sintomático que para presidente do país que mais guerras provoca no Mundo e que tem a maior dívida externa, tenham conduzido exactamente este palhaço? É certo que é o que convém para melhor poder ser manobrado pela alta finança, mas desta vez exageraram, mesmo! Como diria Gordon Gano e os seus Violent Femmes: the blind leading the naked...

A bolsa (de valores que afinal não o são) ou a vida!



Certa vez, numa aldeia do interior, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria burros por 10€ cada. Os aldeões, sabendo que havia muitos burros na região, iniciaram a caça aos burros. O homem comprou centenas de burros a 10€ e então os aldeões diminuíram o seu esforço na caça. Mais tarde, o homem anunciou que agora pagaria 20€ por cada burro e os aldeões renovaram os seus esforços e foram novamente à caça. Rapidamente, os burros foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo novamente da busca. A oferta aumentou para 25€ e a quantidade de burros reduziu tanto que já não havia interesse na caça.
O homem então, anunciou que agora compraria cada burro por 50€! Entretanto, como iria à cidade, deixaria o seu assistente a tratar da compra dos burros. Na ausência do homem, o seu assistente disse aos aldeões: “Estão a ver todos estes burros que o homem vos comprou? Eu posso vender-vos por 35€ e quando o homem voltar da cidade, vocês podem vender-lhos por 50€ cada.” Os aldeões, espertos, pegaram em todas as suas economias e compraram todos os burros ao assistente. Depois desse dia, eles nunca mais viram o homem ou o seu assistente, apenas burros por todo o lado!



Entenderam como funciona o mercado de acções?

29 de outubro de 2008

Music is my aeroplane.

Já têm mais música seleccionada ali na caixinha do lado direito. Basta escolher e escutar. Não quero que vos falte nada!

Estás mesmo a pedi-las Ção!


Nova Alcântara: perceber melhor a marosca armada com o nosso dinheiro!

Em 1984, o Decreto-lei n.º 287/84 estabelecia as bases para a exploração do Terminal de Contentores de Alcântara, com as seguintes condições: área de ocupação restrita; atracagem apenas permitida a navios que, pelo seu calado, não pudessem acostar a Santa Apolónia; prazo de exploração de 20 anos, e concessão mediante concurso internacional. Com estas condições, apenas uma empresa - a Liscont - se apresentou a concurso e tomou a exploração, que rapidamente se revelou deficitária. Em 1995, salvo erro, a Liscont é comprada pela Tertir, que vem a obter do Governo, nos anos seguintes, alterações ao contrato, que de todo subvertiam as regras do caderno de encargos do anterior concurso internacional: mais área de ocupação, possibilidade de acostagem de todo o tipo de navios e mais dez anos de prorrogação do prazo, agora fixado até 2014. Em 2006, oito anos antes de expirar o prazo da concessão, a Tertir é, por sua vez, comprada pela Mota-Engil/Jorge Coelho, por um preço anormalmente elevado face à perspectiva de negócio futuro. Mas, em Abril deste ano, sem que nada o fizesse prever ou o aconselhasse em termos de interesse público, fica-se a saber que a concessionária obteve do Governo nova revisão extraordinária do contrato, com as seguintes alterações: alargamento da capacidade de descarga para mais do triplo; aumento da área de ocupação para mais do quíntuplo; manutenção das taxas, já reduzidas, de operação; e prolongamento do prazo de concessão por mais 27 anos (!), até 2042. Tudo sem concurso público, tudo negociado no segredo dos deuses, tudo perante o silêncio atordoador de António Costa, presumido presidente da Câmara de Lisboa. E, finalmente, em Setembro passado, através do citado Decreto-lei 188/2008, fica-se a saber que o Governo ainda se disponibiliza para investir mais de 200 milhões de euros para garantir à Liscont/Tertir/Mota-Engil/Jorge Coelho as obras necessárias a garantir o escoamento da sua capacidade triplicada de movimento. Imaginem: eu tenho um pequeno restaurante à beira-rio, que não é viável, por falta de espaço e de acessibilidades, e cuja concessão a lei prevê que dependa de concurso público e só dure vinte anos. Vem o governo e, de uma assentada, autoriza-me a triplicar o espaço, prorroga-me o prazo de concessão de modo a que o meu negócio acabe garantido por um total de 57 anos e sem aumento de renda, disponibiliza-se para me fazer e pagar as obras de acessibilidade necessárias ao sucesso do restaurante... e tudo sem concurso público, tudo negociado entre mim e eles, no resguardo dos gabinetes. É ou não é fantástico?

Extracto de artigo de Miguel Sousa Tavares publicado no “Expresso” de 20 de Outubro de 2008.


Eu acho que é mesmo caso para se dizer: que grande Coelho tiraram da cartola! Nem deixam aquecer o lugar, é logo a fartar vilanagem. Talvez agora os portugueses compreendam melhor porque foi nomeado o Jorge Coelho (onde estavam os passes de mágica na ponte de Entre-os-Rios?) para Administrador da Mota-Engil.

28 de outubro de 2008

Mais um triste exemplo.

O projecto "Nova Alcântara" é mais um exemplo da incúria dos nossos governantes no aumento da macrocefalia territorial, económica e social da região de Lisboa, ainda por cima com contornos de lesar gravemente o interesse público em favor do interesse privado. E que interesse privado!
Num mundo normal (nem sequer num mundo perfeito), numa cidade como Lisboa - que tem o luxo de ter 14 km de estuário de rio, que, além do mais, representam o seu maior património histórico de referência - nada seria consentido fazer que pudesse comprometer aquilo que é o domínio público mais importante da cidade e o seu traço marcante decisivo. O rio seria de Lisboa e de ninguém mais, porque Lisboa sem o rio será apenas uma paisagem em degradação acelerada. Mas, nós vivemos numa democracia em que os interesses privados passam tranquilamente à frente do interesse público, com sucessivos pretextos que, olhados de perto, não passam de um embuste. Este caso, aliás, vem demonstrar que, pior ainda do que um mercado desregulado por falta de intervenção do Estado - que subitamente tanto preocupa José Sócrates - é um mercado regulado pelo favor político do Estado, como sucede entre nós, de forma cada vez mais chocante.
Com a maior surpresa e sem qualquer discussão pública, em Abril de 2008, o País tomou conhecimento, pela comunicação social, da assinatura de um acordo entre as diversas entidades para a realização do empreendimento designado por Nova Alcântara/Nó Ferroviário/Terminal de Contentores. Este empreendimento prevê, em síntese: a ligação ferroviária desnivelada da linha de Cascais com a linha de Cintura, a ligação ferroviária desnivelada ao Terminal de Contentores e a ampliação deste terminal para o triplo da capacidade actual. Em suma, erguer um muro de contentores na zona de Alcântara, podendo ocupar até 1,5 km de frente de rio, com uma altura de 15 metros - o equivalente a um prédio de cinco andares. Além de ser injustificável,
técnica e economicamente e de ir causar enorme impacte ambiental negativo, este projecto constitui exemplo flagrante de interesses privados prevalecentes escandalosamente sobre os do País. E há outro dano, ainda: durante seis anos, o governo vai lançar mãos à obra para enterrar a via férrea existente, adaptando-a à necessidade de escoar um milhão de contentores a partir do centro da cidade. Num ponto crucial de entrada e saída de Lisboa, vamos ter um pandemónio instalado durante vários anos, para conseguir fornecer as acessibilidades tornadas necessárias pela localização errada do terminal de contentores. A zona da Trafaria e Cova do Vapor, na expansão que o porto teria que efectuar no curto/médio prazo é, sem qualquer dúvida, o melhor local de todo o estuário do Tejo para a construção de instalações portuárias modernas. Além disso, a realização dessa obra constituiria uma oportunidade excelente para reabilitar e estabilizar, com carácter permanente, a praia da Caparica. Além dos elevadíssimos custos que a ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara e a construção das respectivas acessibilidades irão ter, teremos que continuar, por muitos mais anos, a gastar fortunas a colocar enrocamentos nos esporões da praia da Caparica, a alimentar com areias essa praia, a dragar essas mesmas areias que continuamente vão obstruindo o canal de navegação de acesso marítimo ao porto e a executar dispendiosas obras de protecção na margem direita do rio que, sem o banco do Bugio, fica exposta aos temporais do Sudoeste.
Nessas obras de Alcântara, vai o governo gastar para cima de 200 milhões de euros, através da C.P. e da Refer, de forma a tornar viável um negócio privado que é, além do mais, totalmente inútil. Lisboa tem capacidade subaproveitada para receber contentores - mas não ali e justamente na zona oriental, para onde querem agora mandar os navios de passageiros. Aliás, em Alcântara, vai ser ainda necessário dragar o rio, porque o seu fundo não assegura o calado dos navios que para ali se querem levar para despejar contentores. E, quando tanto se fala em descentralização, é notável pensar que o Estado quer investir 200 milhões para trazer contentores para o centro da capital, quando ali ao lado, em Setúbal, existe um porto perfeito para isso e cuja capacidade não aproveitada é de 95%! E isto para já não falar em Sines... Por fim, como se tudo o que antecede não bastasse, está actualmente a ser gasta outra fortuna na construção de um novo terminal de cruzeiros em Santa Apolónia, quando a cidade tem já o de Alcântara que, além de dispor dessa tradição e estar situado em local muito privilegiado para o efeito, tem todas as condições para, com custos relativamente reduzidos, ficar devidamente apetrechado com os requisitos exigidos num moderno terminal desta natureza.

Tão absurdo projecto só pode ser fruto de uma imbecilidade inimaginável ou... de uma grande, grandessíssima, negociata. O negócio que o governo acaba de celebrar para Alcântara com a Liscont/Mota Engil, aprovado pelo Decreto-Lei nº 188/2008, de 23 de Setembro, tem de ser investigado - pela Assembleia da República, pelo Tribunal de Contas, pela Procuradoria-Geral da República. É preciso que fique claro do que estamos a falar: se de um acto administrativo de uma estupidez absoluta ou de mais um escândalo de promiscuidade político-empresarial. Como é possível um País com tantas carências, delapidar tão impunemente o valioso património de que ainda dispõe, desperdiçar recursos em obras injustificáveis, mesmo com base no mais elementar bom senso, e como é que os seus principais responsáveis deixam que, tão descaradamente, os interesses privados prevaleçam sobre o interesse público?
Extractos de artigo de Miguel Sousa Tavares publicado no “Expresso” de 20 de Outubro de 2008, cruzados com extractos de artigo do Engenheiro José Manuel Cerejeira* publicado no “O Diabo” de 30 de Setembro de 2008.

*Engenheiro Civil com mais de 35 anos de experiência em projecto de portos, estaleiros navais e obras marítimas no país e no estrangeiro.
Podem assinar a petição aqui.

Marktest analisa assimetrias regionais.

Para que não pensem que nesta casa apenas se publicam textos com determinada origem, logo com propensão a serem tendenciosos, segue-se uma análise efectuada pela Marktest sobre as assimetrias regionais em Portugal. Em especial o mapa 2 apresentado, é de fazer corar de vergonha qualquer responsável político, caso eles tivessem vergonha e fossem minimamente responsáveis... São responsáveis, isso sim, pela macrocefalia da região de Lisboa em detrimento de uma equilibrada distribuição de investimento, riqueza e oportunidades pelo território nacional, que se traduz em falta de coesão económica e social, desenvolvimento não sustentado e ausência de equilíbrio da competitividade territorial. Por esta via, cada vez mais nos afastamos:
-da criação de um sistema urbano equilibrado e policêntrico onde seja possível a complementaridade e cooperação entre cidades dinâmicas, atractivas e competitivas.
-da igualdade de acesso às infra-estruturas e ao conhecimento com uma utilização mais eficaz e sustentada das infra-estruturas, assim como uma difusão do saber e da capacidade de inovação.
-da gestão e desenvolvimento sustentáveis do património natural e cultural.


Neste grupo de 25 concelhos contam-se Lisboa, Porto, Sintra, Oeiras, Vila Nova de Gaia, Cascais, Loures, Almada, Coimbra, Matosinhos, Braga, Amadora, Seixal, Setúbal, Guimarães, Leiria, Gondomar, Santa Maria da Feira, Maia, Loulé, Vila Franca de Xira, Odivelas, V. N. de Famalicão, Viseu e Aveiro.
Destes, 11 concelhos situam-se na área da Grande Lisboa (até Setúbal), 7 na região do Grande Porto e 1 no Algarve. Para além de Leiria e Aveiro, que são concelhos do litoral, apenas 4 são concelhos do interior (Braga, Coimbra, Guimarães e Viseu), sendo três deles capitais de distrito.

Concelhos que concentram 50% do poder de compra do Continente indicados a laranja.


Ainda acham que o Estado é unitário? Só se for na cobrança de impostos! Para combater este estado de desiquilíbrio e estabelecer uma ligação profícua à União Europeia, onde estamos inevitavelmente integrados, através de Espanha é necessário trabalho árduo e bem orientado, coisa que manifestamente não aconteceu nestes 22 anos já passados.

27 de outubro de 2008

Mas, vamos falar de assimetrias!

As graves assimetrias regionais existentes em Portugal geram desigualdades entre os portugueses e são um obstáculo importante ao desenvolvimento. Entre 2000 e 2005, o PIB, ou seja, a riqueza produzida, a preços correntes, aumentou, a nível do País 22%, enquanto na Região Norte cresceu apenas 18,7%; na Região do Centro 21,8%; na Região de Lisboa 22,7%; na Região do Alentejo, 21,8%; e nas regiões do Algarve, Açores e Madeira, apesar de terem registado maiores crescimentos (entre 31,5% e 34,1%), no entanto, o PIB destas três regiões aumentou apenas de 8,4% para 9% do PIB nacional. Como consequência as graves assimetrias regionais existentes mantiveram-se e a riqueza produzida na Região de Lisboa, que em 2000 já representava 36,8% do PIB nacional, em 2005 até aumentou para 37%. Em 2005, a Região de Lisboa apesar de ter produzido 37% da riqueza nacional deu apenas emprego a 26,9% da população empregada, enquanto a Região Norte produziu apenas 28% da riqueza nacional mas deu emprego a 34,4% da população.
No período compreendido entre 2000 e 2005, as regiões que criaram mais emprego foram, por ordem decrescente, Algarve (+ 15,9%); R.A. Açores (+6,7%); Alentejo (+4,8%); R.A. Madeira (+3,6%); e Lisboa (+2,5); nas regiões Norte (-0,3%) e Centro (-0,6%) registou-se uma redução do emprego. O desemprego tem aumentado de uma forma desigual a nível do País. Entre 2000 e 2007, o desemprego aumentou 118,4% a nível do País, mas na Região Norte subiu 144,7%; na do Centro 174,6%; na de Lisboa 77,6% na do Alentejo 73,9%; na do Algarve 123,1%; na dos Açores 75%; e na da Madeira 200%, o que contribuiu para o agravamento das desigualdades regionais já que crescimentos muito diferentes determinam e reflectem agravamento sociais diferentes.
Uma parte já muito significativa da população portuguesa é constituída por pensionistas. E a pensão média é muito baixa em Portugal, o que determina uma vida difícil para milhões de portugueses. No entanto, os valores por distrito são muito desiguais o que contribui para o agravamento das desigualdades regionais. Em 2007, a pensão média mensal de velhice a nível do País era apenas de 359 €, mas no distrito de Lisboa era de 463 €, no distrito de Braga de 316 €, no distrito de Évora de 315€ e no de Vila Real somente de 264 €. A mesma desigualdade se verificava em relação às remunerações declaradas à Segurança Social. A remuneração média mensal declarada à Segurança Social em 2007, foi a nível do País, de 785 €, mas no distrito de Lisboa foi de 1.027 €; no distrito de Évora de 682€; no de Braga de 604€ e no distrito de Vila Real apenas 590 €. Estes dados tornam visível a existência de desigualdades nas pensões e nos salários regionais muito grandes. Se se fizer uma análise ainda mais fina por sub-regiões utilizando o "Indicador per capita do Poder de Compra Concelhio" do I.N.E., que compara o poder de compra de um habitante de cada região, sub-região ou concelho com o poder de compra médio do País por habitante, as desigualdade ainda são maiores. Assim, em 2005, de acordo com o "Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio do INE, o poder de compra de um habitante da Península de Setúbal era inferior ao da Grande Lisboa em -20,5%; o do Baixo Mondego em -29%; o do Médio Tejo em -42,7%; o da Cova da Beira em -46,8%; o do Vale do Ave em -48,8%; o do Pinhal Interior em -60,7%; e o do Corvo, uma ilha da R.A. dos Açores, o poder de compra era inferior ao de um habitante da Grande Lisboa em -65,8%. Os sucessivos governos e, em particular o de Sócrates, têm-se caracterizado por uma ausência total de uma política regional visando combater as graves assimetrias a nível do País. A provar isso, está o PIDDAC, que é o plano de investimentos mais importante do Estado. Entre 2002 e 2008, o investimento público realizado pelo governo através do PIDDAC reduz-se em -45,5% a nível do País. No entanto, a diminuição atinge - 77,7% no distrito de Aveiro, -82,6% no de Braga, -63,9% no de Bragança; -75,7% no de Santarém; -74,2% no de Setúbal; -76,4% no de Viana do Castelo; -67,4% no de Viseu; etc.. É evidente que uma redução tão drástica e tão desigual do investimento público, afectando muitos distritos do interior, determinará o aumento das desigualdades regionais.
Texto de Eugénio Rosa, Economista, retirado daqui.

24 de outubro de 2008

Princípios fundamentais da Constituição.

“Artigo 6º (Estado unitário).
1. O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da autonomia das autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.
2. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprio.”

Pois, o Estado é unitário, mas mais de metade da população da Madeira está vulnerável à pobreza e 15,1% vive em situação de pobreza, encontrando-se os Açores com a taxa mais elevada de risco de pobreza que é de 21%. Será que os órgãos de governo próprio são mesmo uma benesse?

22 de outubro de 2008

Carl Sagan: a pale blue dot.

Lapidar este vídeo realizado sobre registo áudio do próprio Carl Sagan.

Carl Edward Sagan (Nova Iorque, 9 de novembro de 1934 - Seattle, 20 de dezembro de 1996). Cientista, Astrónomo e Biólogo norte-americano, foi consultor e conselheiro da NASA (na decáda de 1950), Prémio Pulitzer com "Dragões do Éden" (em 1978) e ficou conhecido mundialmente por apresentar a série de televisão "Cosmos" (de 1980, em 13 capítulos e vencedora de um Emmy). Em 1960 obteve o título de doutor pela Universidade de Chicago. Dedicou-se à pesquisa e à divulgação da astronomia, como também ao estudo da chamada exobiologia. Foi um excelente divulgador da ciência (considerado mesmo por muitos o maior divulgador da ciência que o mundo já conheceu). Ateu convicto, foi um dos rostos visíveis da Maçonaria mundial.

Algumas citações:

"Mesmo um exame superficial da história revela que nós, seres humanos, temos uma triste tendência para cometer os mesmos erros repetidas vezes. Temos medo dos desconhecidos ou de qualquer pessoa que seja um pouco diferente de nós. Quando ficamos assustados, começamos a ser agressivos para as pessoas que nos rodeiam. Temos botões de fácil acesso que, quando carregamos neles, libertam emoções poderosas. Podemos ser manipulados até extremos de insensatez por políticos espertos. Dêem-nos o tipo de chefe certo e, tal como o mais sugestionável paciente do terapeuta pela hipnose, faremos de bom grado quase tudo o que ele quer - mesmo coisas que sabemos serem erradas."

in "O Mundo Infestado de Demónios"

“É de interesse notar que enquanto se registou que alguns golfinhos aprenderam a falar inglês (mais de 50 palavras usadas em contexto adequado), não houve ainda nenhum registo de um ser humano que tenha aprendido a falar golfinhez.”

“Um extra-terrestre que acabe de chegar à terra, e que faça um escrutínio daquilo que apresentamos às nossas crianças na televisão, rádio, filmes, jornais, revistas, bandas desenhadas e muitos livros - facilmente concluiria que fazemos questão de lhes ensinarmos assassínios, violações, superstições, credulidade e consumismo.”

"A química que produz a vida é reproduzida facilmente por todo o cosmos. Parece improvável que sejamos os únicos seres inteligentes. É possível mas improvável!"

"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências, baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar".

"A ciência não é apenas compatível com a espiritualidade, ela é uma profunda fonte de espiritualidade."

"Um clero celibatário é uma ideia especialmente boa porque ela tende a suprimir qualquer tendência hereditária do fanatismo".

in "Contacto"

20 de outubro de 2008

"Arbeit macht frei", Auschwitz em Israel!



Como é possível, apenas 60 anos após os campos de concentração e extermínio nazis, que Israel esteja a fazer na Palestina aquilo que não gostou que lhe tivessem feito na Alemanha? Como? Teria o Hitler razão em querer exterminar os judeus?

17 de outubro de 2008

Nakba - 60 anos de limpeza étnica na Palestina.


Completam-se, nestes dias, 60 anos sobre o início de uma das maiores tragédias humanitárias do século XX: a expulsão de centenas de milhares de cidadãos árabes da Palestina, das suas cidades, vilas e aldeias, das suas casas e terras, da sua pátria milenar. Este êxodo em massa foi imposto pela guerra, e através de métodos de inimaginável crueldade, pelo Estado de Israel a partir da sua fundacão unilateral em 14 de Maio de 1948 e ficou conhecido pelos povos árabes como Nakba, a Catástrofe. Os palestinos foram assim obrigados a uma imensa diáspora ao longo das ultimas seis décadas. Hoje são milhões os expatriados directos da Nakba e respectivos descendentes, a maioria deles forçada a sobreviver em precários campos de refugiados, desenraizada em terras alheias, à mercê das vicissitudes regionais e internacionais. Aqueles que ficaram passaram a ser, eles próprios, refugiados na sua terra: nos territórios da Cisjordânia, de Gaza e de Jerusalém Oriental, todos ocupados por Israel na guerra de 1967. A O.N.U. tem vindo a aprovar várias Resolucões que não só condenam a expulsão dos palestinos como exigem a constituição de dois Estados independentes e soberanos no território da Palestina, como estabelecia a Resolucão n. 181, de 29 de Novembro de 1947, e o direito dos refugiados ao regresso à sua terra. Outros instrumentos do Direito Internacional, designadamente as Convencões de Genebra, tornam nulas as medidas praticadas nos territórios palestinos ocupados por Israel, que contribuem ainda hoje para uma das maiores tragédias dos tempos modernos. Acontece que o Estado de Israel tem podido agir impunemente, exercendo formas de violência que pertencem já ao terrorismo de Estado. Essa acção tem sido viável devido à protecção cúmplice dos E.U.A., por um lado, e a silenciosa e irresponsável condescendência da União Europeia, por outro. Nem sequer os milhares de vozes de protesto de cidadãos por todo o mundo motivaram as acções políticas necessárias. Subscrevemos este texto nesta data porque consideramos que a existência da Nakba, que atinge o Povo Palestino, é incompatível com um Mundo onde se pretende que prevaleçam os princípios e direitos básicos da Humanidade. A prática de limpezas étnicas como esta e a cumplicidade e condescendência perante tais situações terroristas invalidam quaisquer declarações sobre a Paz, a Liberdade e a Justiça no Mundo. E desacreditam liminarmente aquilo a que convencionou chamar-se a guerra contra o terrorismo. Subscrevemos este texto nesta data porque consideramos que é altura de o Governo de Portugal e a União Europeia serem plenamente coerentes com o imperativo ético de condenarem o Estado de Israel pela sua continuada agressão e de assumirem a responsabilidade política de, com urgência, pôr em prática as medidas eficazes no sentido do re-estabelecimento de uma Paz justa e duradoura no Médio Oriente, o que, antes de mais, supõe:
(i) o fim da ocupação israelita, incluindo o fim de todos os colonatos, e o desmantelamento do muro de um novo apartheid.

(ii) a criação de um Estado Palestino independente, viável e soberano, com as fronteiras de 1967.

(iii) a garantia aos refugiados e seus descendentes do regresso à sua terra. Face à continuação da estratégia de violência e total desrespeito do Direito Internacional e das Resoluções relevantes das Nações Unidas, e tempo de considerar a adopção de sanções, boicote de produtos e suspensão de acordos de cooperação entre a União Europeia e Israel, bem como de outras medidas apropriadas.

Subscrevemos este texto nesta data e com ele declaramos a nossa revolta perante esta Catástrofe, manifestamos a nossa profunda solidariedade com todas as vítimas e apelamos ao Povo Português para que reforce a sua fraterna e activa solidariedade com o perseguido Povo Palestino.
Lisboa, 26 de Maio de 2008

Primeiros subscritores (por ordem alfabética):

Adel Sidarius, Investigador em Estudos Árabes
Alfredo Caldeira, Jurista
António Avelãs Nunes, Professor Universitário
António Sousa Ribeiro, Professor Universitário
Boaventura Sousa Santos, Sociólogo
Bruno Dias, Deputado a Ass. República
Carlos Almeida, Investigador
Carlos Carvalho, Dirigente Sindical
Duran Clemente, Militar de Abril
Francisco Santos, Presidente da C. M. Beja
Frederico Carvalho, Físico Nuclear
Gustavo Carneiro, Jornalista
Helena Roseta, Arquitecta, Vereadora C.M. Lisboa
Henrique Ruivo, Pintor
Ilda Figueiredo, Deputada ao Parlamento Europeu
Isabel Allegro de Magalhães, Prof. Universitária
D. Januário Torgal Ferreira, Bispo Forças Armadas
Jorge Melício, Escultor
José Barata Moura, Professor Universitário
José Casanova, Escritor
José Goulão, Jornalista
José Manuel Pureza, Professor Universitário
José Mario Branco, Compositor
José Mattoso, Historiador, Prof. Jubilado U.N.L.
José Saramago, Escritor, Nobel da Literatura
Júlio de Magalhães, Investigador Assuntos Árabes
Luis Miguel Cintra, Encenador e Actor
Luis Moita, Vice-Reitor da U. Autónoma de Lisboa
Luis Varatojo, Músico
Manuel Alegre, Deputado à Assembleia da República
Manuel Carvalho da Silva, Secretário Geral C.G.T.P.
Manuel Gusmão, Poeta, Prof. Catedrático
D. Manuel Martins, Bispo
Margarida Tengarrinha, Artista Plástica
Maria Alzira Seixo, Prof. Catedrática U.L.
Maria do Céu Guerra, Actriz
Maria Eduarda Gonçalves, Prof. Catedrática I.S.C.T.E.
Maria Elvira Barroso Gonçalves, Jurista
Maria Emília de Sousa, Presidente C. M. Almada
Maria Irene Ramalho, Prof. Catedrática U. Coimbra
Maria Velho da Costa, Escritora
Mário Ruivo, Biólogo
Mário Tomé, Militar de Abril, Ex-Deputado à A.R.
Miguel Portas, Deputado ao Parlamento Europeu
Modesto Navarro, Escritor
Ruben Carvalho, Jornalista, Vereador C.M. Lisboa
Rui Namorado Rosa, Professor Universitário
Salwa Castelo Branco, Prof. Catedrática da U.N.L.
Silas Cerqueira, Investigador
Teresa Cadete, Escritora, Prof. Universitária
Vital Moreira, Professor Universitário
Vitor Alves, Coronel (reformado)
Podem assinar a petição aqui.

Finíssimo humor árabe.

Um representante da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas levanta-se para iniciar o seu discurso e diz: "Antes de começar a minha intervenção quero dizer-lhes algo sobre Moisés. Quando Moisés partiu a rocha e inundou tudo de água, pensou que aquela seria uma boa oportunidade para tomar um banho! Tirou a roupa, colocou-a ao seu lado sobre a rocha e entrou na água. Quando saiu e quis vestir-se, a roupa tinha desaparecido. Um Israelita tinha-a roubado. O representante Israelita saltou furioso e disse: "Que é que você está a dizer? Os Israelitas não estavam lá nessa altura."
O representante Palestiniano sorriu e disse: "Agora que tudo se tornou claro, vou começar o meu discurso..."

Não é minha intenção que este blog venha a ser um repositório de anedotas, mas esta, pelo seu teor dramático e pelo superior sentido de humor tinha de constar até porque, a brincar, toca na essência da questão Palestino-Israelita. Apesar de todas as sobreposições e ocupações históricas uma coisa é certa: Israel é um país fundado naquela região por imposição de Inglaterra e com a conivência dos Estados Unidos e outros estados, protegendo um povo que se considera superior a todos os outros mas, mais importante ainda, um povo que detinha a grande maioria do capital financeiro mundial. Sempre o vil metal. Pensavam que tinha sido para os compensar do Holocausto Nazi? Nada, os mais ricos não foram para nenhum campo de concentração, estavam exilados nos Estados Unidos desde o momento em que perceberam as intenções do Adolfo.


Em baixo podem ver, a verde os territórios árabes e a branco os israelitas, a evolução da ocupação israelita sobre os territórios árabes desde 1946 até 1999. As datas dos respectivos mapas são:
Mapa 1- 1946
Mapa 2- 1947 Plano de Divisão da O.N.U.
Mapa 3- 1948/1967
Mapa 4- 1999


16 de outubro de 2008

Casa Pia Mundial.

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Se ao menos por cá fossem presos e pagassem por meios terrenos a sua dívida à sociedade e principalmente às almas das crianças continuamente abusadas, já não seria mau de todo. Mas não, não pode ser. A começar pelo facto de ficar gravemente desfalcado o aparelho de Estado, tanto o presente como o passado. Empalados em estacas enresinadas é que era! Filhos da puta!

O que se pode fazer com 700 mil milhões de dólares?!


Muitas pessoas ficam confusas ao verem números com mais de seis zeros. Pudera! A dádiva proposta pelo governo Bush/Paulson e aprovada pelo Congresso dos E.U.A. para evitar bancarrotas em série, tão grandes como a do banco Lehman Brothers, tem 11 zeros. Este montante, para além de salvar banqueiros insolventes e especuladores, poderia ser utilizado em muitas outras coisas mais prementes. A revista Spiegel Online elaborou uma lista de possibilidades. Eis algumas delas:

1-Pagar o salário médio anual a 22 milhões de pessoas nos Estados Unidos. De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, o pagamento médio por uma semana de trabalho foi de 612 dólares em Agosto último. Medida social logo, não interessa.

2-Estabelecer nos E.U.A. uma cobertura de saúde universal, um objectivo que até agora foi constantemente evitado pelos políticos. O governo poderia financiar até seis anos de seguro de saúde para cada um e todos os ciadadãos dos Estados Unidos. Medida social logo, não interessa. Só tem direito à saúde com alguma qualidade quem tem dinheiro para isso. Os outros que se fodam!

3-Comprar um sistema de comunicações uniforme para todos os serviços de emergência médica dos E.U.A., que é urgentemente necessário, mais de 47 vezes. Estimativas estabelecem o preço de um tal sistema em torno dos 15 mil milhões de dólares. Medida social logo, não interessa.

4-Construir diques de defesa contra as cheias em torno de Nova Orleães. O projecto poderia na realidade ser pago mais de uma centena de vezes (100!). Desde o Furacão Katrina, o governo gastou cerca de 7 mil milhões de dólares em tais esforços. São quase todos pretos logo, não interessa.

5-Comprar a Dinamarca, sim o país, duas vezes ou Portugal três vezes. Este está mesmo à venda... O PIB português de 2007 foi de 162.756,1 milhões de euros, o que equivale a 233.805 milhões de dólares à cotação actual. 700 mil milhões de dólares é suficiente para financiar as economias de países inteiros. A soma considerada pelo Congresso é mais do que o dobro do produto interno da Dinamarca, o qual em 2007 foi cerca de 312 mil milhões de dólares.

6-Financiar todo o orçamento nacional da Alemanha durante mais de um ano. Projecções estabelecem o orçamento nacional da Alemanha para 2009 em 288 mil milhões de euros, os quais, às actuais taxas de câmbio, resultam em cerca de 420 mil milhões de dólares. Com aquela soma de dinheiro seria possível financiar o país durante 1,6 anos.

7-Combater a fome e a pobreza em África durante 10 anos (uma década!), aplicado em programas da O.N.U.. De acordo com o secretário-geral da O.N.U., Ban Ki-Moon, o continente precisa de 72 mil milhões de dólares por ano para ajuda ao desenvolvimento.

8-Financiar todas as operações de "inteligência" dos E.U.A. (ao todo 16 agências) durante 15 anos. Actualmente o custo anual somado das mesmas, incluindo 100 mil empregados, sistemas de comunicações, equipamento de reconhecimento e armas totaliza cerca de 44 mil milhões de dólares.

9-Lançar múltiplos "New Deals". Franklin Dellano Roosevelt ficaria verde de inveja. O seu "New Deal" da década de 1930 para combater o "crash" bolsista e a fome que assolou os Estados Unidos, inigualável até agora como programa de crescimento, poderia ser financiado muitas vezes mais. Segundo o Wall Street Journal, os investimento de infraestrutura do programa custariam cerca de 250 mil milhões em dólares de hoje. Estes investimentos ajudaram a construir ou renovar 8 mil parques, 40 mil edifícios públicos e 71 mil escolas. Medida social logo, não interessa.

10-Salvar a Terra (a Terra senhores, o nosso planeta, ao invés de bancos gananciosos). Esta é pelo menos a opinião de M. A. Sanjayan, cientista principal do grupo de protecção ambiental "The Nature Conservancy". Embora os dados dos institutos de investigação variem consideravelmente quanto à quantia precisa que seria necessária para pôr o ambiente de novo numa base saudável e sustentável, todos concordam em que 700 mil milhões de dólares dava para um longo caminho nesse sentido.

11-Permanecer no Afeganistão e no Iraque por mais sete anos (chiça penico!). Os números de Washington mostram quão absurdamente caras podem ser as guerras. Desde a invasão do Iraque, os E.U.A. gastaram aproximadamente 648 mil milhões de dólares na guerra, o que foi aguentando uma economia baseada precisamente na guerra e sua logística. A níveis actuais de despesa, 700 mil milhões de dólares seriam suficientes para travar as guerra no Iraque e no Afeganistão durante mais sete anos. Definitivamente não interessa!

12-Voar para a Lua (a sério...) em quatro missões diferentes de vôos tripulados. O programa Apolo da N.AS.A. durante a década de 1960 (o tal que ainda hoje não temos a certeza de ter sido a sério...), custou cerca de 164 mil milhões em dólares de hoje. O dinheiro também poderia comprar sete estações internacionais no espaço.

Os números estão à vista e só não vê quem não quer, indo o meu destaque directamente para a hipótese nº 7. Não dês o peixe, ensina a pescar.
É ou não pornográfico aquilo que se passa na Aldeia Global? Hardcore 1º escalão!

Texto adaptado daqui.

15 de outubro de 2008

Natural rhythm.




Mais um excelente vídeo de Coldcut, álbum "Let us play", que anuncia com a sua semente voadora a chegada para breve de sangue novo a este blog. Stay tunned!

14 de outubro de 2008

Arquitectura em Portugal.

Recebi este hilariante texto por e-mail. É uma excelente caricatura à situação corrente do sector da construção civil em Portugal e, ao mesmo tempo, um alerta informativo para ponderarmos sobre as nossas próprias opções. Pesquisei na net e descobri que foi escrito por Rui Campos Matos (arquitecto), ficando aqui todos os créditos para o autor. Infelizmente, a arquitectura em Portugal é um pouco como o futebol, toda a gente manda bocas ainda que não perceba patavina do assunto. O gosto não se discute, rematam habitualmente com o nariz empinado. Pois não, mas educa-se!



Casa Armanda Passos, Porto, Álvaro Siza Vieira

Como construir a sua moradia sem ter que aturar um arquitecto:
Quantas pessoas, quando chega o momento de construir a moradia com que sempre sonharam, não passam pela aflição de perguntar a si próprias: será que vou ter de aturar um arquitecto?
Neste pequeno artigo, tentarei explicar como construir uma nova casa, sem se sujeitar às exigências de um desses profissionais. Para que o empreendimento seja levado a cabo com êxito há que fazer três importantes escolhas: estilo, técnico e empreiteiro.


O estilo.
Eis-nos perante a primeira decisão a tomar - o estilo da casa. Felizmente não é difícil porque existem apenas dois: o tradicional (também conhecido por rústico) e o moderno, que vem colhendo cada vez mais adeptos entre os jovens.
O tradicional caracteriza-se pelo típico telhado de aba e canudo, a janela de alumínio aos quadradinhos, a lareira de cantaria com a sua chaminé e o imprescindível barbecu, testemunho dos inumeráveis prazeres da vida rústica. Já o moderno é completamente diferente, tão diferente que até as coisas mudam de nome. O telhado desaparece, dando lugar à cobertura plana; a janela perde os quadradinhos e passa a chamar-se vão; à chaminé, em tubo de aço inoxidavel, chama-se fuga; e barbecu é um termo obsceno que deve ser evitado na presença das senhoras.
Não existem, pois, quaisquer espécie de dúvidas quanto a questões de estilo - ou se é tradicional ou se é moderno, as duas coisas ao mesmo tempo é impossível.
O técnico.
Escolhido o estilo, há que escolher o alfaiate, que aqui designaremos pelo técnico. Trata-se de uma escolha muito fácil, porque o que não falta são técnicos. Intitulem-se eles construtores civis diplomados, agentes técnicos de engenharia, electricistas habilitados ou desenhadores habilidosos, todos se regem pela mesma cartilha, a de João de Deus: o pinto pia, a pipa pinga… Não passaram cinco anos a estudar arquitectura? Não estagiaram mais dois? Que importa isso? Concentremo-nos apenas nas suas virtudes:

1- Projecto elaborado em tempo recorde.
2- Preço: 999 €!

Mas como conseguem eles ser tão eficazes? É simples: antes de encomendado, o projecto já está feito. Até parece milagre! Mas não é, o que se passa é o seguinte: o técnico tem duas pastas no computador, uma para projectos em estilo tradicional, outra para os modernos. Escolhido o estilo pelo cliente, é fácil, emenda daqui, remenda de acolá e, numa tarde, o projecto está feito! Para quê complicar?
"Mas o rapaz parecia semi-analfabeto, disse que não podia assinar o projecto, mas que havia outro técnico que podia…". Não é caso para preocupações, trata-se de uma situação corrente em que um técnico analfabeto paga a um técnico habilitado para que este, a troco de uns trocos, assine de cruz. Está tudo incluído no pacote e, (ironia do destino!), quantas vezes o técnico habilitado não é um arquitecto daqueles que faltaram às aulas de religião e moral…
Aprovado o projecto, o técnico já não é preciso para nada. É dizer-lhe adeus que ele até agradece, porque de obra não percebe nada nem quer perceber, quem percebe disso é o empreiteiro – a nossa terceira e última escolha.

O empreiteiro.
O primeiro encontro entre cliente e empreiteiro costuma ser decisivo. É nele que terá de se estabelecer, entre o primeiro e o segundo, uma relação de confiança cega, em tudo semelhante à fé. A fé de quem acredita que, com um projecto feito por um técnico, que não especifica nada, que não pormenoriza nada e que não quantifica nada, não vai ser enganado por um homem que passa o dia a fazer contas de cabeça… Entre cinco pequenos empreiteiros, como escolher o indicado para construir a moradia? Infelizmente, chegados a este ponto, não posso recomendar senão fé, muita fé e confiança, porque tudo o resto é irrelevante:

1- O valor do orçamento é irrelevante, foi feito com base no projecto do tal técnico, é um número atirado para o ar, um número que, com os imprevistos, há-de subir ainda umas quantas vezes.
2- O prazo estabelecido para concluir a obra vai depender do bom ou mau tempo e, nesse capítulo, só Deus sabe.
3- As garantias dadas são as que estão na lei - cinco anos. Se a casa apresentar defeitos, reclame; se a reclamação não for atendida, recorra ao Tribunal (também pode recorrer ao Pai Natal se achar que demora menos tempo…)
Em suma, não vale a pena perder tempo com ninharias, o mais importante é ter fé.

Conclusão.
Se, apesar de conscienciosamente feitas estas três escolhas, as coisas não correrem lá muito bem, se a casa ficar pelo dobro do preço, se no Verão se assar lá dentro e no Inverno se tiritar de frio, se para abrir a porta do armário for preciso arrastar a mesa de cabeceira, se o vizinho protestar com o barbecu, se a cobertura plana meter água, não vale a pena desesperar, resta sempre a consolação de não ter tido de aturar um arquitecto.
Não deixem de visitar o site do Fernando Guerra (arquitecto e fotógrafo) para verem belíssimas fotografias da magnífica arquitectura que ainda se vai conseguindo fazer em Portugal.

10 de outubro de 2008

Estás mesmo a pedi-las Ção!


Ainda não acabei!


Não. Esta questão da zona económica exclusiva tem de ser esclarecida como deve ser.

Se por um lado Portugal parece não ter razão na questão do estatuto das Ilhas Selvagens, ou pelo menos mantém uma atitude no mínimo a roçar o ridículo, por outro e como já se viu, o mesmo não acontece relativamente a Olivença. Mas na questão da zona económica exclusiva voltamos a ser espoliados daquilo que nos pertence, resultado de imposição da União Europeia.

O Tratado de Lisboa, que tem sido alvo de fortes críticas em toda a Europa, foi em Portugal ratificado pelo Parlamento, de resto à semelhança de todos os estados membros da União Europeia, excepto a Irlanda. Este exercício de ratificação sem consulta ao povo português, já de si constitui um acto de desprezo pela Democracia por parte do Governo da República, mas o insulto vem juntar-se à injúria anti-democrática do Governo de Sócrates, porque segundo este desastroso tratado, Portugal perde a sua oberania sobre os recursos marinhos da zona económica exclusiva Portuguesa no Oceano Atlântico, passando esta para a jurisdição exclusiva da União Europeia.Trata-se de uma traição contra os interesses estratégicos mais importantes de Portugal, pela mão do Governo presidido pelo Primeiro-Ministro José Sócrates e de um Parlamento aparentemente apático, sem que tenha havido a menor intenção de ninguém para fazer valer o mais essencial direito dos portugueses, o de se pronunciarem sobre questões que afectam gravemente a Soberania Portuguesa.

A Comissão Europeia, antecipando a ratificação do agora denominado tratado “de Lisboa", começa a tomar iniciativas que vão ao encontro dos objectivos políticos nele consagrados. Proposta de tratado que, recuperando o previsto na rejeitada "constituição europeia", alarga os domínios de competência exclusiva da "União”, onde se inclui, a "conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum de pescas". A atribuição de tal competência exclusiva às instituições da U.E. representaria uma violação da Constituição da República Portuguesa.
A competência exclusiva da U.E. neste âmbito e a intenção expressa da Comissão Europeia de introduzir um sistema de gestão baseado no comércio dos direitos da pesca, é uma questão da maior importância, que atinge o cerne da soberania dos Estados e da gestão e propriedade da exploração de um recurso natural que é de todos, isto é: a cedência a interesses privados dos direitos de acesso à exploração de um bem público, contra a soberania nacional, o sector das pescas, a pequena pesca costeira e artesanal, os pescadores e as comunidades piscatórias em Portugal.

Esta é que é a verdade, bem reveladora das relações de força existentes no seio da U.E. e das posições de quem nos desgoverna, ou seja, o clássico uuuuu BDCM OOOOO... Encontrei os textos já feitos, adaptei-os e subscrevo-os na íntegra.

9 de outubro de 2008

As marcas ainda existentes.

Estão a ver aquela luz?


E estas cinco quinas?

São portuguesas, não são?

Pois são!

Mas as fotografias foram tiradas em Olivença!

Princípios fundamentais da Constituição.

"Artigo 5.º (Território).
1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.
3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras."


O território historicamente definido no continente europeu... E isso inclui Olivença? Talvez sim, talvez não ou antes pelo contrário? A posição dos sucessivos governos de Portugal tem sido vergonhosa e reveladora dos compromissos e dependências económicas perante Espanha que, aproveitando esse laxismo e falta de iniciativa, tem mantido aquele território. O Governo português, José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro, Cavaco Silva enquanto Presidente da República e Jaime Gama enquanto Presidente da Assembleia da República, têm o dever constitucional de lutar pela devolução a Portugal de Olivença, Vila que está em poder de Espanha desde 1801, ilegalmente e em clara violação do Direito Internacional. Mas ao que assistimos é que o Governo Português se rebaixa ao Governo Espanhol e não tem a coragem (los cojones!) necessária para exigir de Espanha a devolução de Olivença, ocupando assim 750 km2 do território de Portugal. Na figura abaixo encontra-se a delimitação da área referida em amarelo-torrado.


Para enquadramento histórico desta questão, que nos querem vender como já não fazendo sentido (los cojones coño, los cojones!), apresento de seguida alguns factos:
1166-A Vila de Olivença é conquistada pelos portugueses aos mouros.
1297-Tratado de Alcanizes, celebrado entre D. Dinis e D. Fernando IV de Castela. Olivença integra-se definitivamente no território português.
1298-Foral de Olivença atribuído pelo rei D. Dinis. Construção de novas muralhas.
1488-D. João II manda construir a Torre de Menagem de Olivença.
1510-Foral Manuelino de Olivença. Novas obras de fortificação. Construção da Ponte de Olivença ou Ponte de N.ª Sr.ª da Ajuda, ligando Elvas àquela localidade. Iniciada a construção da Igreja da Madalena, sede do bispado de Ceuta, durante o reinado de D. Manuel I.
1580-União Dinástica entre Portugal e Espanha.
1640-Restauração da Independência Portuguesa.
1668-Tratado de Paz entre a Espanha e Portugal, pondo fim às Guerras da Restauração. Portugal mantém as suas fronteiras definidas pelo Tratado de Alcanizes.
1709-Guerra de Sucessão de Espanha. A Ponte de Olivença é destruída por forças espanholas. 29 de Janeiro: Espanha e França assinam um tratado de invasão de Portugal para obrigar o nosso país a abandonar a Aliança Luso-Britânica e fechar os seus portos à navegação da Grã-Bretanha. 27 de Fevereiro: Espanha declara guerra a Portugal. 20 de Maio: As tropas espanholas violam a fronteira do Alentejo, ocupando Olivença, Juromenha e, alguns dias depois, Campo Maior. 6 de Junho: Tratado de Paz de Badajoz celebrado entre Portugal, por uma parte, e Espanha e França pela outra parte. Por este tratado, assinado perante a ameaça de invasão das tropas francesas estacionadas em Ciudad Rodrigo, Portugal: cedia Olivença a Espanha; fechava os portos aos navios britânicos; pagava à França uma indemnização de 15 milhões de libras tornesas; e aceitava as fronteiras da Guiana até à foz do Rio Arawani. O Tratado de Badajoz, não obstante, estipulava que a violação de qualquer dos seus artigos conduziria à sua anulação, o que veio a suceder com os acontecimentos de 1807.
1807-27 de Outubro: Tratado de Fontainbleau, assinado entre a Espanha e a França, pelo qual se previa a ocupação de Portugal e a sua divisão em três partes: a Província de Entre Douro-e-Minho para o Rei da Etrúria, o Principado dos Algarves para o ministro espanhol D. Manuel Godoy, sendo as restantes províncias e territórios ultramarinos repartidos por um acordo futuro. Novembro: Início da ocupação de Portugal pelas forças Espanholas e Francesas. Família Real Portuguesa transfere o governo para o Brasil. Assinando o Tratado de Fontainbleau e invadindo Portugal, a Espanha provoca a anulação do Tratado de Paz de Badajoz, perdendo os direitos que poderia ter adquirido sobre Olivença.
1808-O Príncipe Regente D. João publica, no Rio de Janeiro, um manifesto em que é repudiado o Tratado de Badajoz, anulado pela invasão de 1807.
1809-Pedido oficial de reentrega do Território de Olivença de Portugal à Junta Central, em Sevilha.
1810-19 de Fevereiro: Tratado de aliança e amizade Luso-Britânico. A Grã-Bretanha compromete-se a auxiliar Portugal a recuperar Olivença, recebendo em troca a exploração, por 50 anos, dos estabelecimentos de Bissau e Cacheu. Portugal negoceia a restituição de Olivença com o Conselho da Regência de Espanha.
1811-15 de Abril: Forças portuguesas ocupam militarmente Olivença. O Marechal Beresford, oficial britânico e general em chefe do exército português, mandou reentregar Olivença às autoridades espanholas, provavelmente para a Grã-Bretanha não perder as vantagens que retiraria do tratado luso-britânico de 1810.
1814-O Tratado de Paris, pelo artigo 3.º dos adicionais, declara nulos e de nenhum valor os Tratados de Badajoz e de Madrid de 1801.
1815-Pela Acta Final do Congresso de Viena, através do seu artigo 105.º, são reconhecidos os direitos portugueses ao Território de Olivença.
1817-A Espanha assina o Tratado de Viena, «reconhecendo a justiça das reclamações formuladas por Sua Alteza Real, o Príncipe Regente de Portugal e do Brasil, sobre a vila de Olivença e os outros territórios cedidos à Espanha pelo Tratado de Badajoz de 1801» e comprometendo-se a efectuar «os seus mais eficazes esforços a fim de que se efectue a retrocessão dos ditos territórios a favor de Portugal» o que deveria «ter lugar o mais brevemente possível.»
1818-Litígio territorial entre Portugal e Espanha na América do Sul. Redigida proposta de tratado pelo qual a Espanha aceitava a devolução de Olivença.
1840-A Língua Portuguesa é proibida no Território de Olivença, incluindo nas igrejas.
1858-Título de Cidade concedido a Olivença por Isabel II de Espanha.
1864-Assinado um convénio entre Portugal e Espanha, demarcando a fronteira desde a foz do Rio Minho até à confluência do Caia com o Guadiana, não se prosseguindo a definição dos limites territoriais por causa da Questão de Olivença.
1903-O Rei D. Carlos solicita ao monarca espanhol que seja feita justiça no Litígio de Olivença.
1918/19-Fim da 1.ª Grande Guerra. O Governo Português estuda a possibilidade de levar a Questão de Olivença à Conferência de Paz, o que não foi possível uma vez que a Espanha não participara no conflito mundial.
1926-Celebrado um acordo entre Portugal e Espanha para a demarcação da fronteira desde a foz do Rio Cuncos até à foz do Guadiana. Ficou por demarcar, até hoje, a fronteira entre Portugal e Espanha, desde a foz do Rio Caia até à foz do Rio Cuncos, devido ao Problema de Olivença.
1936/39-Guerra Civil Espanhola. O Regimento de Caçadores 8, estacionado em Elvas, esteve pronto para tomar Olivença, sendo impedido pelos superiores hierárquicos. Um grupo de legionários portugueses teve o mesmo propósito.
1944/45-Criação em Lisboa do Grupo dos Amigos de Olivença (GAO).
1952-Na Comissão Internacional de Limites, Portugal reclama a posse do Território de Olivença.
1965-O General Humberto Delgado (presidente da Assembleia Geral do GAO) é assassinado junto à Ribeira de Olivença, pensando-se que o seu corpo tenha passado na povoação de Olivença a caminho de Vilanueva del Fresno, onde foi abandonado.
1968-Assinado um convénio entre Portugal e Espanha, garantindo a posse das duas margens do Guadiana para o nosso país, desde a confluência do Caia até Mourão, mantendo Portugal as suas reivindicações sobre o Território de Olivença.
1974-Um jurisconsulto espanhol da Comissão Internacional de Limites reconheceu os direitos que Portugal possui para reclamar Olivença.

Olivença é Portuguesa, à luz do Direito Internacional e da História!

7 de outubro de 2008

Music is my aeroplane.

Eu sei que tinha dito que os ficheiros eram pesados, etc e tal, mas não resisti e acabei por introduzir mesmo uma aplicação de música. Que cinzenta seria a vida sem ela! Espero sinceramente que gostem da selecção, embora se trate apenas da primeira que irei disponibilizar. Se não gostarem, podem sempre escolher outra lista na aplicação. Fixe, não? Enjoy!

6 de outubro de 2008

Boas notícias!

Que nem tudo sejam más notícias é o mínimo que se pode pedir nos dias que correm. E do Portugal Profundo chega-nos uma bela novidade com a desistência da queixa e do pedido de indemnização cível por parte de Paulo Pedroso, relativamente ao autor daquele blog. Os meus parabéns ao António Balbino Caldeira e longa vida para o seu blog.

Dólar, o todo-poderoso...



Quem diria que o sistema capitalista, na sua demanda desenfreada pelo lucro, iria acabar na autofagia? Muita gente, de facto, mas sempre prontamente desacreditada pelos capachos de serviço, a quem pomposamente chamam de "opinion makers". Agora é o que se vê, com proposta de planos milagrosos que são a mais pura negação das leis do mercado e do neo-liberalismo. Desconfio que muito em breve, a moeda forte dos mercados internacionais será o iéne...

3 de outubro de 2008

Cão raivoso!

Mais vale ser um cão raivoso
do que um carneiro
a dizer que sim ao pastor o dia inteiro
e a dar-lhe da lã e da carne e da vida
e do traseiro
mais vale ser diferente do carneiro
um cão raivoso que sabe onde ferra
olhos atentos e patas na terra
Viva o cão raivoso
tem o pelo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado
Mais vale ser um cão raivoso
que um caranguejo
que avança e recua e depois
solta um bocejo
e que quando fala só quer ser como
o caranguejo
um cão raivoso que sabe onde ferra
olhos atentos e patas na terra
Viva o cão raivoso
tem o pelo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado
Mais vale ser um cão raivoso
que uma sardinha
metida, entalada na lata
Educadinha
pronta a ser comida, engolida, digerida
E cagadinha
Mais vale ser diferente da sardinha
um cão raivoso que sabe onde ferra
ferra fascistas e chama-lhe um figo
olhos atentos patas na terra
Viva o cão raivoso
tem o pelo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado
Mais vale ser um cão raivoso
dentes à mostra
e estar sempre pronto a morder
e a dar resposta
a toda e qualquer podridão escondida
dentro da crosta
dentro da crosta das belas ideias
gato escondido de rabo de fora
dentro da crosta das belas ideias
gato escondido de rabo de fora, de fora, de fora


Cão raivoso, Sérgio Godinho, álbum "à queima-roupa"

Portugal actual.

Muito bom!

Contrato de Professora em Espanha no ano de 1923...

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A coisa está um bocadinho melhor, as senhoras já se podem casar e frequentar geladarias, mas igualdade de oportunidades ainda não é para o século XXI...
Em Portugal em 1943, ou seja, 20 anos depois desta minuta de contrato, as senhoras professoras eram obrigadas a declarar que eram anti-comunistas e que apoiavam incondicionalmente a União Nacional, sob pena de não poderem leccionar. Foi o que aconteceu com a minha avó, melhor aluna do seu ano no Magistério Primário. O meu avô, republicano convicto, não permitiu que ela violasse a sua integridade moral assinando algo com que não concordava. Supremacia masculina na relação podem argumentar, mas saibam que ainda hoje ela se orgulha da sua atitude enquanto mulher que não estava disposta a pactuar com um regime fascista e sanguinário.
Hoje temos condicionamentos inaceitáveis e ataques voltuosos à dignidade da profissão de ensinar. Basta acompanhar as medidas da Sinistra Ministra.


2 de outubro de 2008

Porque emigram os portugueses?

Entre as razões que explicariam os contínuos fluxos emigratórios dos portugueses podemos destacar as seguintes:

1. Factor Geográfico. Portugal fica num extremo da Europa, entre a Espanha e o Mar. Os rasgados horizontes marítimos nas suas costas parecem ter estimulado nos portugueses o desejo de explorar o mundo, descobrir outras culturas. A Espanha, no lado oposto, lembra guerras, pilhagens, saques. A emigração na direcção do centro da Europa, é um fenómeno relativamente recente (segunda metade do século XX) e ocorre numa altura que os portugueses já estavam há séculos espalhados pelo mundo.

2. Miséria. Os portugueses emigram para fugirem à miséria e falta de trabalho que grassa nos campos e que as cidades não conseguem absorver. Nas regiões, como o Douro, Minho, as ilhas da Madeira e Açores, onde é mais notório o excesso de mão-de-obra a emigração surge como o recurso por excelência para resolver a falta de trabalho na agricultura e pescas. Analisando as descrições dos que emigraram entre meados do século XIX e os anos 70 do século XX, ninguém dúvida em subscrever que esta terá sido uma das razões que motivou a saída de alguns milhões de portugueses.

3. Tradição. A emigração é um tradição secular em Portugal. Na verdade, uma vez iniciada a emigração no século XV esta nunca mais parou. Um dos factores que estimulou a sua continuidade foi o facto de se terem criado em muitos pontos do mundo comunidades de portugueses que apoiaram os novos emigrantes estimulando-os a partir ou ajudando-os a fixarem-se no local. Por outro lado, em Portugal, numa qualquer família, há sempre um familiar ou amigo que emigrou e que pode prestar as informações necessárias para outro o fazer. Quando os problemas se avolumam no país, ou ocorre algum problema na vida, afirmam alguns analistas, o português não luta para os resolver, mas emigra. É mais fácil convencer um português a emigrar para a China, do que convencê-lo a mudar de residência para outra parte do país.

4. Fuga a perseguições religiosas e políticas. Entre princípios do séculos XVI e inícios do XX , tivemos ferozes perseguições religiosas a judeus e cristãos-novos portugueses. Muitos milhares foram forçados, para sobreviverem, a espalharem-se por todo o mundo. No século XX, as perseguições políticas que ocorreram entre 1926 e 1974, a que se juntou entre 1961-1974 a fuga de centenas de milhares de jovens ao serviço militar ajudaram a engrossar este caudal emigratório.

5. Missão Histórica. Um elaborado discurso ideológico desde o século XVI atribuí aos portugueses uma espécie de missão histórica: difundirem a cristandade pelo mundo (Luis de Camões, escreveu sobre este tema uma epopeia- Os Lusíadas). O Padre António Vieira retomou o tema com a ideia do Vº. Império. A emigração seria, neste aspecto, um instrumento deste desígnio nacional. No século XX, poetas como Fernando Pessoa, re-elaboraram esta explicação à luz dos valores contemporâneos, embora mantendo o seu esquema inicial.

6. Abertura de Horizontes. A situação geográfica de Portugal, num extremo da Europa, sempre provocou problemas de isolamento cultural. "As coisas chegam aqui com muito atraso", este é o lamento que se repetiu durante séculos e que explica a partida de muitos milhares de portugueses para o estrangeiro.



Texto de Carlos Fontes aqui.



Estamos esclarecidos? Agora, da próxima vez que ouvirem alguém atentar contra os imigrantes, façam o favor de lhe dizer que é uma vergonha nacional, ou então preguem-lhe uma boa lição de história...

Emigração. Vamos pôr os pontos nos is!

Portugal tem sido desde o século XV um país de emigrantes, facto que acabou por condicionar toda a sua história. Nos século XV e XVI a emigração dirigiu-se sobretudo para as costas do norte de África (Marrocos), ilhas atlânticas (Açores, Madeira, São Tomé, Cabo Verde, Canárias) e depois da descoberta do caminho marítimo para a Indía (1498) espalha-se pelo Oriente, mantendo-se muito activa até finais do século XVIII.
Em meados do século XVI aumenta a emigração para o Brasil, o qual acaba por se tornar no século XVII no principal destino dos portugueses, o que se manterá sem grandes oscilações até finais dos anos 50 do século XX.

Em finais do século XIX os portugueses começam a procurar activamente novos destinos alternativos ao Brasil, quer na Europa, quer no outro lado do Atlântico. Ao longo do século XX, fora da Europa, espalham-se pelos EUA, Argentina, Venezuela, Canadá, Austrália, etc. O fluxo emigratório para África aumenta, em especial para Angola, Moçambique e outras regiões da África Austral como a África do Sul, Zimbabwe ou o Congo.
A grande debandada do país, ocorre todavia a partir de finais dos anos 50, e dirige-se agora para a Europa: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suíça, etc. O impacto deste surto emigratório será tão forte que abala toda a sociedade portuguesa. Em menos de dez anos, imigram para a França, por exemplo, mais de um milhão portugueses.

Texto retirado daqui.


Contigo, na nossa terra
quisera eu bailar
contigo, eu trocara a jura
de a gente se amar
contigo, na nossa terra
quisera eu viver
mas vivo numa outra terra a trabalhar
e a ganhar
p’ra viver
e a viver
p’ra ganhar
Eu sei que na minha terra
há gente a lutar
quisera eu estar lá com eles
sem ter que emigrar
mas tanto atirei semente
sem ter de colher
que pedi um passaporte
para emigrar
e ganhar
p’ra viver
e viver
p’ra ganhar
Eu fui lavar saudades ao Tejo
a aguinha doce deu-me logo um beijo
eu fui lavar saudades ao Douro
abraços desses valem mais do que ouro
Aqui em terra distante
vivo mal e bem
sinto saudades imensas
de quem me quer bem
tenho um salário melhor
não há que duvidar
mas era na minha terra
que eu devia estar
e ganhar
p’ra viver
e não ter
que emigrar
Haja um dia que vem vindo
quem dera que já
em que eu faça uma viagem
de cá para lá
e que o trabalho me renda
sem ter que emigrar
que eu viva na minha terra
a trabalhar
e ganhar
p’ra viver
e não ter
que emigrar
Eu fui lavar saudades ao Tejo...

Vivo numa outra terra, Sérgio Godinho, álbum "Campolide"