27 de abril de 2010

Mas a culpa, essa, é sempre dos trabalhadores!

A Galp propôs aos seus funcionários um aumento de 1,5 por cento. Os trabalhadores vão fazer uma greve. O presidente do conselho de Administração, Ferreira de Oliveira, acusou os trabalhadores de "falta de solidariedade para com o futuro da empresa".
Alguns dados:

1 - Ferreira de Oliveira recebeu, em 2009 , quase 1,6 milhões de euros, dos quais mais de um milhão em salários, 267 mil em PPR, quase 237 mil euros de prémios de desempenho (mais de 600 mil em 2008) e 62 mil para as suas despesas de deslocação e renda de casa. É um dos gestores mais bem pagos deste país.

2 - Os sete administradores da empresa (ex-ministros Fernando Gomes e Murteira Nabo incluídos) receberam 4,148 milhões de euros. Mais subsídio de renda de casa ou de deslocação, no valor de três mil euros mensais. Os 13 administradores não executivos receberam 2,148 milhões de euros. Entre os administradores não executivos está José António Marques Gonçalves, antigo CEO da petrolífera, que levou para casa uma remuneração total de 626 mil euros, incluindo 106 mil de PPR e 94 mil de bónus. No total, os 20 gestores embolsaram 6,2 milhões de euros, 2,9% dos lucros da companhia.

3 - Os trabalhadores pedem um aumento de 2,8 por cento no mínimo de 55 euros. Perante estas exigências de aumento, a administração que recebe estes salários diz que, tendo sido estes dois últimos dois anos "de crise", elas são "impossíveis de satisfazer".

4 - A Galp não está em dificuldades. Os lucros ascenderam, no ano passado, a 213 milhões de euros. No ano anterior foram de 478 milhões de euros. A empresa vai distribuir dividendos pelos accionistas. Mas ao contrário do que tem acontecido nos últimos cinco anos os trabalhadores ficam de fora. "Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", diz Ferreira de Oliveira, que, tal como o resto da administração, não deixou de receber o seu prémio pelos resultados que não alcançou.

Os factos comentam-se a si mesmos. Por isso, ficam apenas umas notas: A administração que suga (com uma grande contribuição do seu CEO) quase três por cento dos lucros de uma das maiores empresas nacionais acusa os trabalhadores de falta de solidariedade por quererem um aumento de 2,8 por cento. E que a greve "não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar" na Galp. De facto, ex-ministros pensarão duas vezes em escolher aquela empresa para dar conforto à sua reforma se os trabalhadores receberem 2,8 por cento de aumento. De facto, um futuro CEO que precise de receber mais de sessenta mil euros para pagar a sua renda de casa e deslocações (que um milhão nem dá para as despesas) pensará duas vezes antes de aceitar o cargo se os funcionários que menos recebem tiverem um aumento de 55 euros mensais. De facto, gestores que recebem prémios por "resultados não alcançados" não aceitarão dirigir uma empresa que distribui dividendos quando os lucros baixam. A ganância destes trabalhadores desmoraliza qualquer homem de negócios mais empenhado. Assim este País não vai para a frente. A ver se os trabalhadores da Galp percebem: todos temos de fazer sacrifícios.

Artigo aqui.

Uns grandes cabrões, estes gestores!

E ainda por cima empanturram-se como porcos!

João Rendeiro recebeu 3 milhões de euros do BPP no ano em que o banco entrou em ruptura financeira. A notícia é avançada pela edição deste sábado do semanário Expresso que faz ainda contas às diferenças entre os lucros de João Rendeiro e o que foi declarado às Finanças. Entre 1999 e 2008, o BPP pagou 12 milhões de euros a João Rendeiro. Escreve o Expresso que grande parte do montante foi pago através de sociedades sediadas em paraísos fiscais. Só em 2008, João Rendeiro recebeu 3 milhões de euros do BPP, isto num ano em que a instituição financeira entrou em colapso e pediu a intervenção do Banco de Portugal para evitar a falência. Mas o ex-banqueiro não reportou ao fisco a totalidade da soma. Nesses anos, Rendeiro declarou quatro vezes menos do que realmente recebeu. Foi no ano passado que o Fisco descobriu a irregularidade. João Rendeiro foi obrigado a pagar mais de 4 milhões em impostos. Mas a história que o Expresso chama de recambolesca não fica por aqui, na altura não contestou, mas agora Rendeiro processa o BPP. Alega que as remunerações que recebeu eram líquidas e que, por isso, o banco deve-lhe o dinheiro que foi obrigado a pagar às Finanças. No processo judicial contra o Banco Privado, a que o Expresso teve acesso, Rendeiro defende que os pagamento dos encargos devidos ao Estado deviam ter sido efectuados pelo BPP.O processo de Rendeiro - principal accionista do Banco Privado - surge numa altura em que a falência do banco já foi declarada pelo Banco de Portugal.

Notícia aqui.

Comentem vocês!

Os verdadeiros parasitas da sociedade são os bancos!

Portugal e Grécia têm culpas directas na derrocada da confiança dos investidores nas respectivas dívidas nacionais, mas os grandes bancos de investimento mundiais e os fundos de alto risco (hedge funds), que especulam sobre o valor da dívida pública dos países e lucram com isso, também não saem bem na fotografia. Segundo a Comissão Europeia, estas empresas estão a contribuir para o descarrilamento das taxas de juro, agravando a situação financeira já de si debilitada dos governos e respectivas economias.Fonte oficial do comissário europeu dos Serviços Financeiros, Michel Barnier, explicou ao i que "não nos cabe a nós dizer quais as instituições envolvidas [de forma activa, nos negócios com a dívida pública e com derivados para cobertura do risco]", mas aponta o dedo aos "grandes bancos de investimento e hedge funds" que estão a alimentar a instabilidade dos mercados. Segundo a sua porta-voz, Michel Barnier "acredita fortemente que precisamos de pôr um ponto final a anos de escuridão, opacidade e comportamento secreto" na área dos derivados. Um dos maiores bancos do mundo, o Citigroup, anunciou ontem lucros de 3,7 mil milhões de euros no primeiro trimestre, o melhor resultado desde o início da crise financeira - o ressurgimento do mercado das obrigações foi um dos factores-chave nos bons resultados do banco. Ontem, o secretário de Estado do Orçamento, Emanuel Santos, observou à TSF que "o apetite dos mercados não desaparece e há sempre tentações para atingir outros países". Para o governante, "o objectivo dos mercados é o lucro" e "portanto, se a Grécia não lhes chega, eles preparam-se para tentar colar à Grécia situações que não são iguais para tirarem partido dos spreads mais elevados", disse, referindo-se implicitamente a Portugal. Os produtos financeiros problemáticos servem para cobrir os supostos riscos associados a outros activos - por exemplo, os CDS (Credit Default Swap) são muito usados para cobrir o risco das dívidas públicas, sobretudo as dos países mais fragilizados com a crise financeira e económica, como Grécia e Portugal. Estes seguros (CDS) cobrem o risco de incumprimento ou mesmo de falência das nações. O problema (para os contribuintes) é que, em muitos casos, quanto maior o risco e quanto pior estiver o país, mais ganham os investidores. Portanto, existem incentivos crescentes em fazer descarrilar os Estados. Portugal e Grécia acabam por ser os elos mais fracos da zona euro. "Há neste momento duas verdades, duas metades do problema. A primeira: nós temos culpa porque nos pusemos a jeito com a evolução da situação económica nos últimos anos. Mas há outra: os inimigos do euro andam aí e há muitas pessoas que estão interessadas no fim da moeda única", constata Filipe Garcia, economista da consultora IMF. Como e quando vai actuar a Comissão? O processo será complexo: "Temos de ver como é que os CDS estão a ser usados", refere a porta-voz de Barnier. Depois, "em Junho, faremos a nossa proposta sobre os derivados [CDS]", mas só em Outubro avançaremos com uma proposta autónoma que olhará especificamente para as vendas a descoberto [short selling] e outros aspectos em torno dos CDS". A posição europeia terá de ser calibrada com os interesses da própria indústria e, sobretudo, com a vontade política do Reino Unido que, em Abril, provocou o adiamento dos avanços na regulação sobre os hedge funds. E terá de ser discutida com os restantes países mais ricos, nas próximas reuniões do G20. Uma acontecerá em Junho, no Canadá, outra em Novembro, Coreia do Sul. Portugal e Grécia voltaram ontem a sentir grande hostilidade dos mercados, com os respectivos spreads [risco dos países] a disparar (ver texto ao lado) e a dificultar o financiamento da actividade interna. Há investidores, economistas e comentadores internacionais que acusam os países de terem cavado a sua própria sepultura nos últimos anos. Viveram a crédito e evoluíram pouco em termos económicos. Agora, que chegou a hora de pagar a factura, muitos levantam dúvidas sobre o músculo financeiro dessas nações e sobre a capacidade de irem ao mercado pedir emprestado. A Grécia está bastante mal (os juros que estão a pedir ao país são exorbitantes), tendo Atenas aberto já a porta a uma possível utilização do pacto salvamento providenciado pela União Europeia e FMI. Segundo muitos especialistas, a Grécia está à beira da falência e Portugal já esteve mais longe. A última investida foi de Simon Johnson. O antigo economista-chefe do FMI e colunista do "The New York Times", diz que Portugal vai ser "o próximo problema global". O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, ripostou: "São comentários reveladores de ignorância e que ilustram o preconceito céptico em relação ao euro". Em entrevista do "Jornal de Negócios", Johnson voltou à carga, acusando o governo de estar "em negação".

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Com a mesma indiferença que empurram famílias para a falência, empurram Estados para a mesma situação. Puta que os pariu!

Não podia ser pior...

O empresário Domingos Névoa foi esta quinta-feira absolvido pelo Tribunal da Relação de Lisboa do crime de tentativa de corrupção do vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes. O colectivo de juízes considerou que «os actos que o arguido (Névoa) queria que o assistente (Sá Fernandes) praticasse, oferecendo 200 mil euros, não integravam a esfera de competências legais nem poderes de facto do cargo do assistente». A Relação considera, portanto, que «não se preenche a factualidade típica do crime de corrupção activa de titular de cargo político». O Tribunal da Relação considerou ainda improcedente o recurso do Ministério Público interposto após a condenação em primeira instância de Domingos Névoa a pagar uma multa de cinco mil euros. Domingos Névoa estava acusado do crime de tentativa de corrupção por alegadamente ter tentado subornar o vereador para que este desistisse da acção popular de contestação do negócio de permuta entre a Câmara e a empresa Bragaparques dos terrenos do Parque Mayer pelos da Feira Popular.

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Isto não é um país, é uma anedota! Depois disto, absolvem o corrupto! Eu quero ser cidadão dos Camarões!

Falência ética. Por Pedro Norton.

Aproveito as desventuras causadas por culpa de um vulcão na Islândia para, de avião em avião, de aeroporto em aeroporto, pôr em dia a leitura de jornais da última semana. No essencial dão conta de um país ocupado a discutir prémios de gestores e corrupção. Os debates já vão longos, os argumentos são muitos e inteligentes. Em condições normais pouco mais haveria a acrescentar a um ou a outro. Mas se regresso aos temas é porque constato, com pena, que há bastante mais em comum entre eles do que temos vindo a querer assumir. E, seguramente, muito mais do que seria saudável e desejável. Não estão a ver o que liga muitos dos bónus, os submarinos, a putativa compra da TVI e as aventuras do Figo? Pois a verdade é que as coincidências existem e estão à vista de todos. Seguramente não na gravidade mas nas causas e nas consequências.

No princípio, nas causas, era o Estado. Era e continua a ser. Obviamente porque já foram do Estado as empresas que, em 2009, se revelaram mais generosas a distribuir prémios de desempenho aos seus gestores. Mas sobretudo porque continuam a ele umbilicalmente ligadas. Seja por via das participações (directas ou de empresas públicas), seja por via de uma suposta regulação que continua a exercer (ou não) nos mercados oligopolísticos ou mesmo monopolísticos em que estas empresas actuam. E que mais há além do Estado e da corja de parasitas que o rodeiam, nos negócios de submarinos, nas trapalhadas do licenciamento do Freeport e nas aventuras deprimentes de um parque tecnológico que serve como guarda avançada para comprar televisões ou para financiar campanhas políticas? O Estado, sempre o Estado. O seu peso atrofiante, os seus tentáculos imensos, a rede de interesses e o caldo de dependências que promove, estão, goste-se ou não da ideia, no centro de todas estas polémicas. Tivesse ele o tamanho que se recomenda e, aposto, de todas estas poucas vergonhas talvez sobrasse o caso dos submarinos. E já não seria pouco.

Mas não são só as causas que ligam todas estas trapalhadas. É também o resultado, a consequência profunda de todos estes casos que insistem em repetir-se com uma cadência cada vez mais assustadora, sem que ninguém lhes ponha cobro: estamos a criar uma sociedade em que se instala a sensação de que vale tudo. E sobretudo de que a prevaricação compensa. Estamos a construir uma sociedade que premeia o concubinato entre os poderes político e económico, uma sociedade que incentiva os aventureiros do capitalismo sem capital, uma sociedade em que o "chico-espertismo" é o paradigma máximo do sucesso e em que a corrupção é, cada vez mais a língua franca da economia. Estamos, em suma, a construir uma sociedade em completa falência ética. E este é talvez o aspecto mais grave de toda esta história. Porque é toda uma geração que está a olhar para nós e a ser educada com estes edificantes exemplos. Porque é toda uma geração que está a ser educada a considerar que a justiça, a probidade, a rectidão e a competência do trabalho verdadeiro são virtudes anacrónicas e absolutamente dispensáveis para alcançar o sucesso que, legitimamente, almejam. Vão ser precisos muitos anos, acreditem, para reconstruir o que resta desse capital social que estamos a desbaratar.

Artigo aqui.

Embora não concorde com a questão neoliberal e eminentemente a pedir mais capitalismo selvagem do peso do Estado, não posso deixar de salientar a acertividade das palavras do autor quanto à falência ética da sociedade. Não posso assim ser acusado de ser tendencioso...

Aviso à navegação.

As declarações de insolvência de pessoas singulares estão a aumentar. Em dois anos, duplicaram. Uma situação que revela maior conhecimento da lei e que tem permitido a muitas centenas de pessoas libertarem-se do aperto financeiro e recomeçar de novo. É esse, aliás, o objectivo da lei: permitir um recomeço, uma segunda oportunidade a quem, de repente, se vê atolado numa dívida de 100, 200 ou 300 mil euros. Famílias muitas vezes com rendimentos da ordem dos 1 500 a dois mil euros, "agarradas" pelas instituições financeiras. "Eu diria que 90 a 95% dos meus clientes não se endividou por maldade", garante Luís M. Martins, advogado especializado em insolvências, a braços com centenas de processos de casais normais, sem empresas ou investimentos em negócios, mas com dívidas de milhares. Uma situação que, segundo diz, não decorre da crise, é estrutural. " Não é fácil viver neste país. Não é fácil trabalhar e ganhar como deve ser. A maior parte das pessoas ganha 500 euros, um casal ganha 1200; veja-se o preço das rendas. Como é que se pode viver"? Além disso, as instituições financeiras deslumbram as pessoas, com a possibilidade de se obter dinheiro vivo em 48 horas. E pressionam mais do que deviam. "Tenho um cliente que foi declarado insolvente e uma instituição financeira, ao tomar conhecimento disso, mandou um telegrama a dizer: 'sabemos que está insolvente; temos a solução para si'". Outro cliente seu, com quem o JN falou, recebeu um telefonema de uma dessas instituições e traçou um cenário o mais miserável possível sobre a sua situação financeira, "só para que a funcionária recebesse o dinheiro do inquérito". Qual não foi o seu espanto quando, dias depois, recebe uma carta a dizer: "Parabéns, o seu crédito foi aprovado!". Tudo começa com um primeiro empréstimo para a casa e, depois, um segundo para o carro, ou, para fazer face a uma despesa de saúde, por exemplo. Até que se torna necessário recorrer a outros créditos para pagar os anteriores. Inicia-se, então, a bola de neve e o desespero. "Os primeiros 30 mil euros de crédito serão para consumo pessoal, para complementar os ordenados. Os restantes 80/ 100 mil são para pagar os primeiros", diz o advogado. Há clientes seus que "não comem carne nem peixe há mais de um ano", tão endividados estão. E quando assim é, o melhor é apresentar-se num tribunal e pedir falência. Uma dívida de 200 mil pode ficar reduzida a 10 mil euros. O regime de insolvência de pessoas singulares permite-o, desde que sejam cumpridos alguns requisitos. Luís Martins explica que a lei prevê duas situações: propor um plano de pagamentos ou pedir a exoneração do passivo restante. Ambas, sempre, com intervenção de um advogado e de um juiz e só quando se prova que o devedor agiu de boa fé. No primeiro caso, o devedor propõe-se pagar um determinado montante, consoante os seus rendimentos, durante um certo período de tempo, e dividi-lo por todos os credores. Se os credores aceitarem é, então, iniciado o processo. Findo o período estabelecido para o pagamento (quatro ou cinco anos), o devedor fica livre do restante em dívida. Caso o plano de pagamentos não seja aprovado, então o devedor deverá pedir a exoneração do passivo restante. Vai ao juiz, entrega os seus bens e, durante cinco anos, pagará "o que pode". Pode até nem pagar nada, caso se encontre desempregado. Se o juiz aceitar, fixa um plano de pagamentos. Retira o que o agregado familiar precisa para viver e determina o montante a pagar por mês. É nomeado um administrador de insolvência, a quem o devedor entrega o dinheiro, mensalmente. Este administrador é também responsável pela "vigilância" do insolvente. Tem de confirmar que os seus rendimentos não aumentam - se aumentarem, é revisto o montante a pagar -, garantir que os pagamentos são feitos e, em caso de desemprego, verificar se se esforça por o procurar. Caso seja cumpridor, ao fim dos cinco anos fica livre da sentença e da dívida restante e pronto para recomeçar uma nova vida. A lei está em vigor desde Setembro de 2004, mas ainda não é suficientemente conhecida. Tem como objectivo proporcionar uma nova oportunidade. Os casos de insolvência singular duplicaram em dois anos - de 370, em 2006 para 651, em 2008. O Ministério da Justiça não dispõe ainda de dados do ano passado, mas, segundo os advogados, o número de casos cresceu e continuará a crescer.

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E os bancos a engordar alegremente com a desgraça alheia...

Todos queremos saber!

As denúncias de tráfico de influências e irregularidades no concurso diplomático sucedem-se. Depois de um tribunal ter dado provimento a uma providência cautelar que põe em causa a avaliação do júri, a questão chegou ontem à Assembleia da República. Grupos parlamentares receberam queixas de candidatos que se dizem discriminados e o Bloco de Esquerda admite fazer uma pergunta formal ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. José Manuel Pureza revelou que a questão está a ser analisada promete uma decisão nos próximos dias. O líder parlamentar dos bloquistas explicou ao DN que as alegadas irregularidades são assunto para os tribunais. Mas se houver indícios de tráfico de influências pode questionar o ministro dos Negócios Estrangeiros. A denúncia no Parlamento acontece depois do Tribunal Administrativo do Porto ter dado provimento a uma providência cautelar interposta por uma candidata contra o MNE. A mulher tinha sido excluída no último teste, mas por decisão do juiz foi provisoriamente integrada no grupo de 30 adidos que estão a receber formação desde o início do mês. Paulo Otero, especialista em direito administrativo, explicou ao DN que se a providência for deferida - se o juiz confirmar a sua primeira decisão - a lista final, que foi homologada por Luís Amado, poderá ser posta em causa. A decisão deverá ser tomada até ao final de Junho, mas há outras consequências imediatas a ensombrar o concurso. O jornal i noticiava ontem que os 30 adidos estão impedidos de tomar posse e integrarem a carreira. Por isso também não estão a receber ordenados, como confirmou a adjunta do ministro Luís Amado. A indefinição pode não ficar por aqui. É que, encorajados pela decisão judicial, outros candidatos vão avançar com uma nova acção contra as Necessidades no início da próxima semana. Eles acusam o júri de ter alterado as "regras a meio do jogo" favorecendo alguns concorrentes, entre os quais se contam familiares de embaixadores e a neta de um ministro do Estado Novo. Por detrás da suspeita está uma decisão do júri de subir as notas da prova escrita de conhecimentos em cinco por cento. Por causa disso, foram repescados 16 candidatos que tinham sido eliminados por não atingirem a nota mínima de 14 valores. Oito desses melhoraram os seus resultados na prova oral e na entrevista que se seguiram e ocuparam uma das trinta vagas disponíveis. A PJ e o DIAP receberam duas cartas anónimas acusando o júri do concurso de tráfico de influências. A porta voz do MNE negou que tenha sido feita qualquer busca, mas não esclareceu se foi ou não recebido qualquer pedido de documentos.

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Vale tudo neste país onde nascer fora do berço é uma barreira eterna.

21 de abril de 2010

Uma análise social actual.

Testemunho de José António Pinto, 44 anos, assistente social do bairro do Lagarteiro, no Porto, há 13 anos. O especialista tem um contacto diário com a pobreza e alerta para o problema de segurança pública que aí vem...

Culturalmente, permitiu-se que a pobreza fosse olhada com indiferença, diz-se 'A culpa é deles, dos pobres'. Mas fome e pobreza são uma questão de violação dos Direitos Humanos, de não ter acesso a bens e serviços essenciais: casa, conforto, saúde, alimentação, segurança... Por detrás de cada número existem pessoas com direitos, dignidade, potencial e sonhos. A pobreza envergonha-nos a todos: somos todos responsáveis. É necessário combater falsas ideias sobre a pobreza. Não é verdade que sempre que há crescimento económico melhoram os níveis das políticas sociais, nem que está na pobreza quem não quer trabalhar: 35% dos pobres trabalham, mas têm trabalhos miseráveis e precários.

Ouvindo as notícias parece que existe uma crise económica e financeira, mas não social. Outra mentira é dizer que "até nos países ricos há pobres", como se fosse uma inevitabilidade. É preciso lutar todos os dias e acreditar que outro modelo económico é possível, tentar encontrar coesão social para a economia funcionar. Para agir correctamente é preciso compreender. Mostrar o Nokia ou ter parabólica é, para muitos, a única coisa que os puxa para cima. Vivem um paradoxo: não têm oportunidades de integração económica, mas a televisão diz-lhes que a identidade pessoal é construída através da posse. Há quem passe fome por causa da identidade positiva. Interiorizaram que carne e peixe é luxo, 'uma lata de atum e um ovo resolve'. Falta educação para a saúde. É preciso estarmos atentos aos novos pobres que sofrem imenso e não vêm aqui, aos "quimondas", gente que está no posto de atendimento do Lagarteiro a ler Saramago. Neles há uma esperança: têm escolaridade e são politizados, é possível organizar com estas pessoas um movimento de utentes. Os pobres de sempre são mais difíceis de organizar. E quanto mais tempo as pessoas estão na pobreza mais difícil é recuperá-las. Uma coisa é as pessoas não terem dinheiro para comprar livros ou jantar fora. Outra é não terem como comprar leite ou vacinas para os filhos e casos desses temos aqui todos os dias. No mestrado que fiz estudei porque razão algumas pessoas recusavam empregos. Havia vários factores: a má remuneração, o facto de não ser prestigiante, mas o que mais pesava era terem construído uma identidade esfarrapada.

Foram acumulando sucessivos fracassos: na escola, na família, no emprego... Não queriam ser postos à prova para não sofrer de novo. As pessoas estão num percurso de perda: do emprego, da casa, da auto-estima. Derrapam até cair na valeta. É um ciclo: perdem o estatuto e a ambição, sentem-se frustrados, sofrem, odeiam os políticos e a política, refugiam-se em comportamentos desviantes. A fome está associada à segurança pública. Estamos quase a chegar à fase em que se incendeiam carros e matam pessoas. O Estado não cria oportunidades de integração social, mas vai aumentar a despesa com a repressão policial. Não há dinheiro para a coesão social (essencial à economia), mas vai haver para polícias, medidas de segurança, psiquiatras. Ando a pensar organizar um seminário intitulado: "Não há possibilidade da realidade poder contagiar os políticos?".

Artigo aqui.

Infelizmente parece-me que a única coisa que contagia os políticos é o vil metal!

O percurso do Pedro Passos Coelho não augura nada de bom.

Com a devida vénia e agradecimento à Luminária.

17 de abril de 2010

14 de abril de 2010

O fazedor de ícones.

Morreu Malcolm McLaren, o arquitecto do punk britânico.
O antigo gestor dos Sex Pistols e uma das figuras de referência da música punk, Malcolm McLaren, morreu quinta-feira, aos 64 anos.O anúncio foi feito pelo filho do músico, Joe Corre, que informou que o pai faleceu em resultado de uma forma extremamente agressiva de cancro, na Suíça, sem revelar a localização exacta para evitar a presença da comunicação social. Malcolm McLaren «foi o original músico punk e revolucionou o mundo», disse Corre, em conversa telefónica com a Associated Press. McLaren alcançou a fama como gestor dos Sex Pistols, mas este aluno de Artes que abandonou os estudos também ficou conhecido pela polémica loja de roupas que abriu na londrina King's Road com a sua então namorada, Vivienne Westwood, em 1971. A loja mudou de nome e ramo várias vezes, estando aberta como SEX, World's End e Seditionaries, antes de o casal se separar. O jornalista de música Jon Savage, que escreveu England's Dreaming, uma história dos Sex Pistols e da era punk, disse que «sem Malcolm McLaren não teria havido qualquer punk britânico». Ele foi, acrescentou, «um dos raros indivíduos que teve um grande impacto na vida social e cultural da nação». Apesar de os Sex Pistols se terem separado depois de sair o seu único álbum, Never Mind the Bollocks, de 1977, os seus cânticos bizarros, roucos e rebeldes inspiraram muitas bandas posteriormente. O seu baixista, Sid Vicious, morreu de uma dose excessiva de heroína em 1979, depois de ter sido acusado de assassinar a namorada, Nancy Spungen, em Nova Iorque, em 1978. A carreira de McLaren na música foi mais do que gerir os Sex Pistols: também teve uma carreira a solo, canções marcantes no hip-hop e trabalhou na música eletrónica, pop e até na ópera. Além da música e da moda, McLaren também esteve no jornalismo e na produção de filmes, trabalhando com realizadores como Quentin Tarantino e Steven Spielberg. Corre, que é o filho resultante da relação com Westwood, continua a tradição familiar de misturar choque com sucesso, ao ser um dos fundadores da cadeia de lingerie Agent Provocateur. O filho de McLaren acrescentou que este desejava ser incinerado no cemitério de Highgate, a norte de Londres, perto do local onde nascera.

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Punk's not dead!

Richard Dawkins: "eu vou prender o Papa".

Richard Dawkins, o militante ateu, está a planear uma emboscada legal para que o Papa Bento XVI seja detido por “crimes contra a Humanidade” durante a sua visita ao Reino Unido. Para o efeito, o autor já consultou uma série de advogados de direitos humanos para que seja aberto um processo contra Ratzinger sobre o alegado encobrimento de centenas de crimes sexuais dentro da Igreja Católica. O escritor acredita que o Papa não poderá invocar imunidade diplomática contra um eventual mandato de detenção, na medida em que ele não é um chefe de estado reconhecido pelas Nações Unidas. Dawkins, autor de “A Desilusão de Deus”, acusa o Santo Padre de encobrir de forma descarada o abuso sexual de menores dentro da comunidade católica: “Quando os seus sacerdotes são apanhados de calças na mão, o instinto deste homem é encobri-los e evitar escândalos. E depois que se lixem as vítimas”.
Notícia aqui.
E pergunto eu: posso ajudar em alguma coisa?

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Décimo Capítulo.

Leis e Decisões.

Decisões.
Como se chega às decisões numa sociedade cibernética com a economia baseada nos recursos?
Para responder a esta pergunta recorremos a computadores, que enviam continuamente informações sobre o ambiente, e ao método científico. Esses computadores teriam sensores eléctricos localizados por todo o globo e em todas as áreas dos complexos sociais estabelecidos. Por exemplo, esses sensores eléctricos retiram informação de áreas agrícolas onde sistemas computadorizados gerem e controlam as necessidades de produção como a água, fertilizantes, insectos, pestes, doenças das plantas, etc. As decisões são portanto tomadas automaticamente, pelas máquinas, em função das necessidades específicas das culturas e com informação permanentemente actualizada. O resultado, aplicando este mesmo princípio a outros campos da vida diária, será uma civilização mais humana, com maior sentido de responsabilidade e que não baseia as suas decisões nos caprichos, opiniões ou desejos de um sector em particular ou até individual.

Podemos também pensar neste conceito como um sistema nervoso autónomo e central. O corpo humano responde automaticamente a uma infecção. Se temos uma infecção num dedo do pé não ocorre nenhuma reunião entre as células para informar o cérebro sobre essa infecção, uma vez que o sistema nervoso direcciona automaticamente anti-corpos para a área afectada de forma a combatê-la rapidamente. Esta resposta automática do sistema nervoso é em tudo semelhante ao funcionamento de uma economia baseada nos recursos como temos aqui apresentado.

A pergunta que devemos formular é: “Que fim queremos que a cultura sirva?”. À medida que vai sendo ultrapassada a necessidade do dinheiro e a nova missão passa a ser fornecer bem-estar a todos, protegendo o ambiente, as respostas ficam disponíveis rapidamente. O resultado será ar e água puros, terra arável, alimentos nutritivos, transportes eficientes, uma educação relevante e continuamente actualizada, um bom sistema de saúde, interacção social construtiva e cidades funcionando para servir estes fins e ainda mais. Tudo isto significa uma abordagem mais humana e prenhe de significado intrínseco para moldar uma sociedade que não se baseia simplesmente em opiniões.

Enquanto transitamos para um processo integralmente cibernético de gerir os assuntos práticos da humanidade, novas tecnologias podem ser implementadas de forma a remover o erro humano. Essas máquinas fornecerão informação em vez de opiniões, reduzindo consideravelmente a influência de más avaliações e irracionalidade ou de componentes emocionais na forma como os assuntos são geridos. Deste modo as pessoas terão um cada vez menor papel nas decisões a tomar e a sociedade pode assumir esforços para estabelecer a Inteligência Artificial e as máquinas como o modo de gerir todos os recursos, servindo eficazmente o bem comum.

Não será possível replicar esta senhora e trazê-la para Portugal?

9 de abril de 2010

Bem a propósito!

O corrupto típico é homem, casado, tem entre 36 e 55 anos, exerce uma profissão a tempo inteiro e não tem antecedentes criminais. Profissionais dos serviços e vendedores são os que mais oferecem subornos, enquanto os quadros intermédios e superiores da administração pública são os que mais se deixam «comprar». Segundo o relatório da Procuradoria-geral da República e do ISCTE, que analisou a corrupção participada em Portugal entre 2004 e 2008, e a que a TVI teve acesso, a classe política é visada em 10% dos casos de corrupção passiva, mas também surge como suspeita de oferecer subornos em quatro por cento dos processos analisados. As empresas do sector privado são líderes absolutas na oferta de subornos, com destaque para a área da construção civil, seguida do desporto, ensino automóvel, hotelaria/ restauração e imobiliária. A situação inverte-se quando está em causa o perfil de quem aceita «vender-se». Aqui o sector público domina, com os órgãos do poder local a levarem a dianteira, visados em quase 60% dos 463 processos abertos. Entre 2004 e 2008 registaram-se 155 participações contra câmaras municipais, 40 participações contra juntas de freguesia e 68 contra serviços municipalizados de água e saneamento. O ministério da administração interna ocupa o segundo lugar na lista dos mais permeáveis à corrupção, com 47 participações, a maioria visando a GNR e a PSP. O terceiro lugar pertence ao Ministério da Justiça. Os 32 casos participados dizem respeito sobretudo a tribunais, conservatórias e registos civis, mas também atingem estabelecimentos prisionais e num caso, até, a própria Procuradoria-geral da República. O distrito judicial do Porto bate recordes no caso da corrupção, com perto de 40% da criminalidade participada, contra os quase 30% de Lisboa. O estudo analisou 838 processos, cerca de 90% de toda a corrupção participada em Portugal entre 2004 e 2008.

Notícia aqui.

Bem fala o João Cravinho em despolitizar ou despartidarizar a Administração Pública...

Para que conste.

Perto de 69 por cento dos processos instaurados por corrupção no setor público envolvem câmaras municipais e dez por cento dos arguidos nestes casos são políticos, segundo um estudo apresentado hoje. É no poder local que se concentra o maior número de casos de corrupção, segundo um estudo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE sobre a corrupção participada entre 2004 e 2008. Na administração central é o Ministério da Administração Interna - que tutela as forças de segurança e a ex-Direção Geral de Viação - que regista mais casos (10,1 por cento) de corrupção.

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E com funcionários a porem-se muito a jeito, se houver investigação a sério, estes números disparam em progressão geométrica.

Oremos irmãos!

Cabala: a religião dos suspeitos de corrupção. Por Tiago Mesquita.

Os ensinamentos que regem a vida de Madonna e que esta deu a conhecer ao mundo ameaçam tornar-se um caso sério em Portugal, conquistando seguidores em sectores tão distantes, ou talvez não, como os da política, futebol, dos negócios e da banca e até algum pessoal da marinha e consulados. Um fenómeno.
"Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é uma sabedoria que investiga a natureza divina" e tem como finalidade o "eliminar toda forma de caos, dor e sofrimento". Portanto não será bem uma religião. É mais um estado de espírito. Uma forma de estar na vida. Curioso.
Entende-se. Isto é gente que sofre muito. Deve ser uma dor de cabeça gerir tantos milhões de origem duvidosa e ainda fazer ar de desentendido e ofendido quando alguém vem questionar sobre o assunto.
"Cabala!" gritam eles. E pronto. Mais um desgraçado cabalista que só estava a tentar "eliminar o caos e a dor" sossegado no seu canto e tinham que vir prolonga-lhe o sofrimento. Anda aqui uma pessoa a tentar praticar o bem e é logo rotulado. Parece impossível.
"Corrupto? Eu? Assinei um contrato de prestação de serviços meu caro amigo!" E assim ficamos todos a saber que é possível ser-se corrupto e ganhar muito dinheiro com isso desde que se tenha um contrato de prestação de serviços a servir de álibi.
Funciona como aquele cartão do monopólio, o "Out of Jail Free card". Quando há problemas, mostra-se o cartão e pode-se continuar a jogar livremente, sem se correr o risco de ir bater com os costados na barra de um Tribunal ou nas grades de um Estabelecimento Prisional. O contrato até pode dizer apenas: " Atesta-se que este senhor não é corrupto. É um prestador honrado e lavadinho que só quer praticar o bem e aliviar a dor".
São doentes. Toxicodependentes. Agarrados que precisam de repor com regularidade alguma ordem no caos, aliviando desta forma a dor e o sofrimento. Se ganham alguma coisa com isso melhor, porque no fundo só estão a praticar o bem e a defender o interesse público.
Mas o Ministério (também ele Público) fica de mãos atadas. Não pode acusar um trabalhador honesto só porque ele decidiu seguir a desonesta e paralela carreira da corrupção. Está tudo dentro da legalidade. Logo, intocável.
E assim nasce um novo cabalista. Com contrato e tudo. Parabéns. A cabala é que está a dar. E está a dar muito. Mas só a alguns.

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Bota-lhe azeite Tiago! Ficamos à espera de mais.

Pedofilia na sacristia em prosa cristalina.

O timing foi perfeito. Páscoa à vista. Crucificação. Redenção. Renascimento e perdão. A igreja pecou. Pedimos desculpa pelo incómodo mas os miúdos andavam por ali e o padre ou bispo antes de o ser é um homem como os outros. Logo de vez em quando peca, o danado. Dá-lhe para aquilo, para a pedofilia vejam bem, o maroto. Não está em causa a sinceridade das palavras do Cardeal, pessoa que respeito e considero. Mas o que ele não disse. Do que a Igreja não fala. Os silêncios por detrás das palavras bonitas e vazias em estilo litúrgico.
1 - Pedofilia é crime e não um mero "pecado da Igreja". Não estamos a falar de um padre que abusou do vinho durante a missa ou que faça tráfico de hóstias com as paróquias vizinhas. A coisa não se resolve com uma palmadinha nas costas e 2 ave-marias e 3 Pais-nosso. Não ouvi nas palavras do Cardeal as palavras abuso, crime ou pedofilia uma única vez.
2 - Como crime que é tem de ser investigado e punido. E convém sê-lo pela lei dos homens e não somente pela de Deus. O Deus tarda mas não falha não me parece que seja a atitude mais correcta nestes casos. Esperar pela justiça divina não chega.
Igualmente não chegam a meia dúzia de repreensões de sacristia. E muito menos tolerar coisas do género "tens de te portar como deve ser. Agora vais para outro lugar mas sem andares por lá feito palerma atrás dos garotos".
3 - A Igreja devia lavar a cara sim. Mas podia começar por denunciar o que sabe. Quem "pecou" deve ser punido. Se os padres são homens como todos os outros, apesar de a própria Igreja os não tratar como tal, suponho que não deveriam viver acima da lei. E em caso da prática de um crime deviam ser acusados e engavetados como os demais, e não "transferidos" ou "reciclados". Nunca apenas fechados na gaveta incómoda da sua própria consciência.
4 - A pedofilia, ao contrário do que alguns tentam fazer parecer, não é um crime exclusivo da Igreja. É transversal na sociedade. Mas porque será que na restante sociedade os casos não proliferam desta forma avassaladora? Será que a Ordem dos médicos encobriria durante anos a fio casos de abusos sexuais de médicos a pacientes menores? Ou outra Ordem qualquer, Associação, Ministério, Empresa ou até simples grupo de amigos? Não me parece.
Será que o escamotear deliberado não levou à proliferação de casos? Não estaremos a assistir a um terrível milagre da multiplicação dos casos de pedofilia pela omissão e dissimular sucessivo dos mesmos? Seriam estes os "pecados da Igreja" de que falava o Cardeal Patriarca de Lisboa: os encobrimentos sucessivos de crimes praticados por membros do Clero?
Só podem ser porque os outros são crimes. Crimes praticados por homens que por mero acaso ou suposta vocação são membros da Igreja. Mas tão criminosos como os outros.

Artigo aqui.

Mais nada! E vem aí mais do Tiago Mesquita, colunista por quem começo a nutrir uma galopante simpatia.

Evolução da saudação ideológica...


8 de abril de 2010

Where ignorance reins, life is lost, lost!

Ainda bem que há pessoas que conseguem dizer as coisas com uma simplicidade e esclarecimento desarmantes. Parece que afinal a norma não está ferida (ouch!) de inconstitucionalidade...

7 de abril de 2010

Porra, finalmente carago!

Para o ex-ministro socialista e principal proponente da última vaga de leis de combate à corrupção, a "peça fundamental" nesta luta é "despartidarizar a administração pública e escolher dirigentes públicos pelo mérito e competência". Por o considerar essencial, foi muito específico nas suas propostas. Defendeu o fim de nomeações políticas em "toda a administração directa e indirecta, gestores de sociedades de capital público e em empresas onde há participação do Estado". Apresentou uma solução para os processos de contratação de dirigentes, com a inclusão de uma comissão independente mandatada para organizar o processo de selecção, aberto a todos os cidadãos, propondo depois "dois ou três candidatos". Ao ministro da tutela cabia apenas arrancar com o processo, indicando um perfil, mas escolhendo sempre entre os dois ou três nomes propostos pela comissão. Já antes tinha explicado o porquê da proposta. A actual lei, denunciou, "conduz à partidarização", falando mesmo em "casos significativos" em Portugal de "manifestações de redes de tráfico de influência que desviam a administração dos seus objectivos últimos". A rematar, foi particularmente duro com o Governo: "Não podemos continuar a ter um governo sem estratégia explícita de combate à corrupção", defendeu, para depois perguntar para que serviam "700 planos de anticorrupção" se o executivo não tomava em mãos a iniciativa. E classificou o actual estado das leis como um "problema de vontade política". O agora responsável no Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento avançou depois com uma bateria de propostas "avulsas". Entre estas propôs premiar cidadãos que avançassem com processos contra causadores de lesão dos interesses financeiros do Estado. No caso do processo judicial "propiciar activos financeiros ao Estado", "o cidadão em causa teria o direito a 15 a 20 por cento [do valor recuperado], ditado pelo tribunal". Sobre os offshores defendeu que "as entidades de que não se conheça o beneficiário último não poderá ter personalidade jurídica". Sobre contratos públicos de grande complexidade, João Cravinho aventou "uma auditoria em tempo real responsável e responsabilizável".

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Haja alguém que tenha a lucidez e a coragem de dizer o que se passa e propor caminhos para a mudança! Parabéns ao Eng. Cravinho!

Investiguem filhos, investiguem...

O Governo português suspendeu hoje o cônsul honorário de Portugal em Munique, Jurgen Adolff, de "todas as funções relacionadas com o exercício do cargo", na sequência da investigação na Alemanha de suspeitas de corrupção na venda de submarinos. "Em resultado de informação proveniente das autoridades alemães sobre a ação judicial em curso naquele país, o Governo suspendeu de todas as funções relacionadas com o exercício do cargo o cônsul honorário de Portugal em Munique, Alemanha, o senhor Jurgen Adolff, a partir de hoje", lê-se num comunicado do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. A suspensão das funções de Jurgen Adolff do cargo de cônsul honorário de Portugal em Munique manter-se-á "até cabal esclarecimento das investigações que o envolvem pessoalmente", acrescenta o gabinete de António Braga no comunicado enviado à Lusa. A revista alemã Der Spiegel noticiou que um cônsul honorário de Portugal, que não identifica, terá recebido um suborno de 1,6 milhões de euros da Man Ferrostaal para ajudar a concretizar a compra de dois submarinos pelo Estado português em 2004. De acordo com a Der Spiegel, o cônsul honorário terá também organizado, no verão de 2002, uma "reunião entre a administração da Ferrostaal e o antigo primeiro ministro português José Manuel Durão Barroso", actual presidente da Comissão Europeia. As autoridades judiciais de Munique, que efectuaram várias buscas na passada quarta feira na Ferrostaal, encontraram "mais de uma dúzia de contratos de consultoria suspeitos", que visavam "dissimular os canais de pagamento" para que "subornos pudessem ser enviados a responsáveis do Governo [português], dos Ministérios e da Marinha", refere a revista.

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Petição Não encerremos o Museu de Artesanato de Évora.

Não encerremos o Museu de Artesanato de Évora Em Reunião da Câmara Municipal de Évora de 25 de Março passado foi celebrado o protocolo entre a Câmara e o Turismo do Alentejo para a criação do Museu do Design em Évora – Colecção Paulo Parra, no local do actual Centro de artes tradicionais – Museu de artesanato. Sem pôr em causa a qualidade e mérito da colecção em apreço, ou o que este género de oferta contemporânea pode contribuir para a atracção de novos públicos e para a promoção da cidade de Évora, com que aliás nos congratulamos, manifestamos tristeza por ser colocado de parte, ou secundarizado para o efeito, um importante marco da memória dos usos, costumes e tradições da nossa região. De facto mais que o evidente contrasenso de levar agora a cabo obras de adaptação a um edificio que esteve mais de década e meia em recuperação, reaberto ao público há pouco mais de dois anos, com inerentes pesados encargos para o contribuinte (cerca de um milhão de euros), esta iniciativa de fechar um Museu público de Artesanato, com um acervo de mais de um milhar de peças de valor histórico sem paralelo, para no seu lugar abrir um outro, particular e mais moderno, parece-nos, no mínimo, pobre. Empobrece o contribuinte, empobrece a memória da nossa região, empobrece a nossa oferta turística e a nossa cidade. Manifestando total apoio à ideia de implantar na nossa cidade de Évora o Museu de Design – Colecção Paulo Parra, vimos por este meio, os abaixo assinados, solicitar ao Turismo do Alentejo, à Câmara Municipal de Évora e a todos os vereadores que, sensiveis ao problema, encontrem uma solução alternativa que permita não apenas abrir este mas manter o outro, devidamente enquadrados, cada qual no seu espaço próprio. Assim deixamos, por exemplo, a sugestão de encerrar o estacionamento do SITEE da antiga Rodoviária Nacional em pleno centro histórico (que conta com alternativa gratuita no Rossio de S.Brás, a não mais de 100m de distancia), na rua da Republica - uma das artérias mais nobres da cidade de acesso à Praça de Giraldo – e nesses mais de três mil metros quadrados de Palacete, divididos por dois pisos, edificar – num deles - um Museu de Design que nos orgulhe a todos e que mostre também assim que a cidade de Évora reconhece e se orgulha de seus filhos. Acrescentariamos ainda a sugestão (tomamos a liberdade de o fazer) de, no outro piso livre, albergar porventura também o Museu do Presépio, e eventualmente por protocolo dar também acolhimento a outra colecção privada: a de Fernando e Fernanda Canha da Silva (que há mais de uma década busca espaço de exposição condigno e que conta com mais de dois milhares de peças de todo o mundo, onde muitas são do Alentejo). Contar não com uma atração turística mas com três, que conjugassem, devidamente enquadradas, história e modernidade, tradição e novas propostas, seria enriquecedor para todos. Encerrar um Museu de Artesanato ou reduzir a sua importância ao numero de ingressos que rende é mais que empobrecer-nos. É virar as costas à nossa história e ao que somos.

Podem assinar a petição aqui.