O timing foi perfeito. Páscoa à vista. Crucificação. Redenção. Renascimento e perdão. A igreja pecou. Pedimos desculpa pelo incómodo mas os miúdos andavam por ali e o padre ou bispo antes de o ser é um homem como os outros. Logo de vez em quando peca, o danado. Dá-lhe para aquilo, para a pedofilia vejam bem, o maroto. Não está em causa a sinceridade das palavras do Cardeal, pessoa que respeito e considero. Mas o que ele não disse. Do que a Igreja não fala. Os silêncios por detrás das palavras bonitas e vazias em estilo litúrgico.
1 - Pedofilia é crime e não um mero "pecado da Igreja". Não estamos a falar de um padre que abusou do vinho durante a missa ou que faça tráfico de hóstias com as paróquias vizinhas. A coisa não se resolve com uma palmadinha nas costas e 2 ave-marias e 3 Pais-nosso. Não ouvi nas palavras do Cardeal as palavras abuso, crime ou pedofilia uma única vez.
2 - Como crime que é tem de ser investigado e punido. E convém sê-lo pela lei dos homens e não somente pela de Deus. O Deus tarda mas não falha não me parece que seja a atitude mais correcta nestes casos. Esperar pela justiça divina não chega.
Igualmente não chegam a meia dúzia de repreensões de sacristia. E muito menos tolerar coisas do género "tens de te portar como deve ser. Agora vais para outro lugar mas sem andares por lá feito palerma atrás dos garotos".
3 - A Igreja devia lavar a cara sim. Mas podia começar por denunciar o que sabe. Quem "pecou" deve ser punido. Se os padres são homens como todos os outros, apesar de a própria Igreja os não tratar como tal, suponho que não deveriam viver acima da lei. E em caso da prática de um crime deviam ser acusados e engavetados como os demais, e não "transferidos" ou "reciclados". Nunca apenas fechados na gaveta incómoda da sua própria consciência.
4 - A pedofilia, ao contrário do que alguns tentam fazer parecer, não é um crime exclusivo da Igreja. É transversal na sociedade. Mas porque será que na restante sociedade os casos não proliferam desta forma avassaladora? Será que a Ordem dos médicos encobriria durante anos a fio casos de abusos sexuais de médicos a pacientes menores? Ou outra Ordem qualquer, Associação, Ministério, Empresa ou até simples grupo de amigos? Não me parece.
Será que o escamotear deliberado não levou à proliferação de casos? Não estaremos a assistir a um terrível milagre da multiplicação dos casos de pedofilia pela omissão e dissimular sucessivo dos mesmos? Seriam estes os "pecados da Igreja" de que falava o Cardeal Patriarca de Lisboa: os encobrimentos sucessivos de crimes praticados por membros do Clero?
Só podem ser porque os outros são crimes. Crimes praticados por homens que por mero acaso ou suposta vocação são membros da Igreja. Mas tão criminosos como os outros.
1 - Pedofilia é crime e não um mero "pecado da Igreja". Não estamos a falar de um padre que abusou do vinho durante a missa ou que faça tráfico de hóstias com as paróquias vizinhas. A coisa não se resolve com uma palmadinha nas costas e 2 ave-marias e 3 Pais-nosso. Não ouvi nas palavras do Cardeal as palavras abuso, crime ou pedofilia uma única vez.
2 - Como crime que é tem de ser investigado e punido. E convém sê-lo pela lei dos homens e não somente pela de Deus. O Deus tarda mas não falha não me parece que seja a atitude mais correcta nestes casos. Esperar pela justiça divina não chega.
Igualmente não chegam a meia dúzia de repreensões de sacristia. E muito menos tolerar coisas do género "tens de te portar como deve ser. Agora vais para outro lugar mas sem andares por lá feito palerma atrás dos garotos".
3 - A Igreja devia lavar a cara sim. Mas podia começar por denunciar o que sabe. Quem "pecou" deve ser punido. Se os padres são homens como todos os outros, apesar de a própria Igreja os não tratar como tal, suponho que não deveriam viver acima da lei. E em caso da prática de um crime deviam ser acusados e engavetados como os demais, e não "transferidos" ou "reciclados". Nunca apenas fechados na gaveta incómoda da sua própria consciência.
4 - A pedofilia, ao contrário do que alguns tentam fazer parecer, não é um crime exclusivo da Igreja. É transversal na sociedade. Mas porque será que na restante sociedade os casos não proliferam desta forma avassaladora? Será que a Ordem dos médicos encobriria durante anos a fio casos de abusos sexuais de médicos a pacientes menores? Ou outra Ordem qualquer, Associação, Ministério, Empresa ou até simples grupo de amigos? Não me parece.
Será que o escamotear deliberado não levou à proliferação de casos? Não estaremos a assistir a um terrível milagre da multiplicação dos casos de pedofilia pela omissão e dissimular sucessivo dos mesmos? Seriam estes os "pecados da Igreja" de que falava o Cardeal Patriarca de Lisboa: os encobrimentos sucessivos de crimes praticados por membros do Clero?
Só podem ser porque os outros são crimes. Crimes praticados por homens que por mero acaso ou suposta vocação são membros da Igreja. Mas tão criminosos como os outros.
Artigo aqui.
Mais nada! E vem aí mais do Tiago Mesquita, colunista por quem começo a nutrir uma galopante simpatia.
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