Ontem, no telejornal da SIC, Eduardo Catroga disse o que teria feito se fosse ministro das Finanças, esquecendo-se momentaneamente que já foi ministro das Finanças. Não teria esbanjado dinheiro e, sobretudo, não empurraria para o futuro investimentos do presente. E deu o exemplo como a SCUT. Concordo. Já escrevi aqui que as Parecerias Público-Privadas são um dos cancros do Estado. Além de saírem mais caras apenas para difarçarem o défice e limitarem por décadas as grandes opções do Estado, criam um ambiente de promiscuidade entre o poder político e as empresas. Depois comecei a pensar: mas uma das primeiras grandes obras que se socrreu deste tipo de financiamento - e uma das mais ruinosas -, foi feita quando? A concessão foi dada em Abril de 1994 e a construção começou em Fevereiro de 1995. Tratava-se da segunda travessia do Tejo. Deu e continua a dar muito a ganhar à Lusoponte e muito a perder aos cofres do Estado. Era então o ministro das Obras Públicas Joaquim Ferreira do Amaral. As condições foram as que se conhecem. O mesmo Ferreira do Amaral acabou à frente da empresa que ganhou com o negócio. Quem era então o ministro das Finanças? Nada mais nada menos do que Eduardo Catroga (entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995). É por isso que as suas declarações sobre o Estado gordo e a irresponsabilidade de quem governa valem o que valem. Se ele fosse ministro das Finanças faria provavelmente coisas muito acertadas. Incluindo travar este género de negócios que deixaram o Estado empenhado por décadas. Mas a única coisa que interessa não é o que faria se fosse ministro das Finanças, mas o que fez quando foi ministro das Finanças. E a verdade é que deixou fazer o que agora lhe parece inaceitável.
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