Segundo a acusação revelada hoje pelo DIAP do Baixo Vouga, em Aveiro, Armando Vara teria recebido 25 mil euros em 20 de Junho de 2009, das mãos de Manuel Godinho, na casa deste sucateiro, em Furadouro, Ovar. Fernando Lopes Barreira, conterrâneo e amigo de longa data de Armando Vara, teria recebido também 25 mil euros na mesma ocasião, segundo o Ministério Público, que acusa igualmente o fundador da polémica Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária, quando Armando Vara era ministro da Administração Interna. Armando Vara foi então demitido, por interferência do então Presidente da República, Jorge Sampaio. José Penedos, à data presidente da REN, está acusado de dois crimes de corrupção passiva e dois delitos de participação económica em negócio. Paulo Penedos, advogado e filho do ex-presidente da REN, que era assessor jurídico do então administrador da PT, Rui Pedro Soares, foi acusado de um crime de tráfico de influência, conforme ficou definido no primeiro interrogatório judicial, depois de estar indiciado por dois crimes de tráfico de influência. O sucateiro Manuel Godinho, que é o único preso preventivo do processo, foi o arguido mais acusado: cerca de 60 crimes, mais concretamente de um crime de associação criminosa, duas dezenas de crimes de corrupção e oito de tráfico de influência. Manuel Godinho é ainda acusado de três crimes de furto qualificado, 14 crimes de burla, doze de falsificação de notação técnica e ainda um de perturbação de arrematação pública, segundo o despacho que o Ministério Público revelou ao princípio da tarde, em Aveiro, aos advogados. No despacho final do Ministério Público foram acusados 34 pessoas e duas empresas, que neste último caso estão sujeitas a penas até à sua dissolução. Os crimes imputados genericamente aos arguidos são de associação criminosa, corrupção activa e passiva para acto ilícito, furto qualificado, burla, falsificação de notação técnica e perturbação de arrematação pública. A operação "Face Oculta" foi desencadeada a 28 de Outubro de 2009, pela Polícia Judiciária de Aveiro, na sequência de investigações a alegados crimes fiscais atribuídos ao sucateiro Manuel Godinho. Alguns dos principais arguidos que hoje conheceram em linhas gerais a sua acusação vão pedir a instrução do processo, segundo revelaram ao Expresso os seus advogados.
As declarações de Ana Paula Vitorino, ex-secretária de Estado, e de Luís Pardal, presidente da Refer, no âmbito do processo "Face Oculta" levaram o Ministério Público a abrir um inquérito sobre a atuação do ex-ministro Mário Lino. Ambos disseram que o então governante mostrava preocupações relativamente à forma como era tratada uma das empresas de Manuel Godinho, o industrial de sucata de Aveiro acusado de 59 crimes no processo que também envolve o ex-ministro Armando Vara. Mário Lino disse ao Expresso desconhecer qualquer investigação que o envolva e salientou que ele próprio enviou para o Ministério Público as conclusões de um inquérito da Inspeção-Geral das Obras Públicas a uma empresa de Godinho que detetou "matérias pouco esclarecidas".
Bem a propósito da lenha anterior...
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