Não são pobres porque ainda têm emprego, mas sentem muitas dificuldades em pagar as despesas correntes. Têm mais qualificações que os pais, mas socialmente estão em curva descendente. As "famílias-sanduíche" encontram-se no limiar da pobreza e já representam 31% dos agregados portugueses. Um estudo da Tese – Associação para o desenvolvimento, coordenado pelo Centro de Estudos Territoriais do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) revela que 31% das famílias portugueses se enquadra no escalão imediatamente acima do limiar da pobreza. No estudo, cujas conclusões foram hoje noticiadas pelo jornal 'Público', estes agregados são classificados como “famílias-sanduíche”: ganham entre 379 e 799 euros, o escalão acima do limiar da pobreza, o que as impossibilita de beneficiarem de apoios sociais; mas têm filhos a seu cargo e têm de 'esticar' os rendimentos para conseguirem chegar ao final de cada mês. Vivem maioritariamente nas áreas urbanas, não têm capacidade financeira para cobrirem despesas surpresa (21%) e muitas não conseguem comprar todos os medicamentos de que necessitam (12%). Apesar de terem mais estudos e qualificações que os seus pais (muitos cumpriram ensino secundário e/ou superior) , estão “numa trajectória social intergeracional descendente”. Ou seja, sentem que estão a regredir socialmente em relação aos seus pais e têm receio de não conseguirem responder financeiramente às necessidades de formação dos seus filhos. Para estas famílias, um dos factores para uma vida sem perspectivas de segurança financeira são os regimes laborais que provocam aumento da pobreza, como os “falsos recibos verdes”. A taxa de pobreza em Portugal é de 21%, mas seria de 40% se este índice fosse calculado sem contabilizar os apoios sociais do Estado, adianta o mesmo jornal.
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