O Tribunal de Loures vai enviar para a Procuradoria Geral da República uma certidão com declarações de um dos arguidos no julgamento de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, sobre alegados documentos de fluxos financeiros que envolvem familiares de José Sócrates. O arguido Rui Dias, um dos oito que estão a ser julgados em Loures pelos crimes de associação criminosa, extorsão, sequestro e outros, disse hoje em tribunal que "tem na sua posse documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros", envolvendo "o tio, o primo e a mãe" do primeiro ministro, José Sócrates. Gestor financeiro na área de mercados de capitais, Rui Dias salientou que "por causa desses documentos" é que está detido preventivamente e a ser julgado juntamente com Mário Machado, líder dos Hammerskins Portugal, movimento conotado com a extrema direita. Rui Dias referiu que esses documentos "são originais e não cópias". Mário Machado, que também interveio depois de um juiz do coletivo ter anunciado a diligência para a Procuradoria Geral da República, garantiu que "os documentos estão em dois blocos escondidos em dois sítios diferentes". José Manuel de Castro, advogado de Mário Machado, referiu que o alegado dossiê integra "comprovativos originais de depósitos e transferências de bancos em paraísos fiscais". O causídico assegurou que vai fazer chegar o mais breve possível a documentação à Procuradoria Geral da República. O juiz do coletivo da 1ª Vara Mista do Tribunal de Loures sustentou a extração da certidão pela "denúncia de factos graves".
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