Dezenas de pessoas estiveram hoje no Cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde o corpo do professor catedrático e fiscalista José Luís Saldanha Sanches foi cremado ao início da tarde. Os ex-ministros Pina Moura e José António Pinto Ribeiro, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, o deputado e dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, a eurodeputada Ana Gomes, e o sociólogo Manuel Villaverde Cabral contavam-se entre os presentes no funeral. Presente esteve também Pedro Soares Martinez, catedrático jubilado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que chegou a ser saneado daquela faculdade no pós-25 de abril de 1974, mas que lá voltou a lecionar. O antigo chefe da Casa Civil do ex-Presidente da República Mário Soares, o advogado José Galamba, também do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), e o professor catedrático de Direito Marcelo Rebelo de Sousa foram outros dos que marcaram presença no funeral. Num breve elogio fúnebre, um colega de Saldanha Sanches, também fiscalista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, lembrou o "exemplo de homem" livre que era Saldanha Sanches. Lembrando tempos de antes do 25 de abril de 1974, o mesmo catedrático classificou Saldanha Sanches como o "paladino que a tortura e o calabouço não conseguiram calar". E sublinhou que se para uns quem será recordado será Saldanha Sanches, para outros - os amigos - será sempre o José Luís. Uma lembrança será comum a uns e a outros. "o homem livre e que nunca ninguém conseguiu calar", disse. Também a mulher do catedrático, a procuradora-geral adjunta do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), Maria José Morgado, numas breves palavras de despedida recordou um poema de Sophia de Mello Breyner para dizer que José Luís estará sempre com os que lhe são queridos. Sobre o marido disse ainda ter sido "intolerável com a corrupção, os cobardes e os oportunistas" além de que morreu como sempre viveu: "um homem livre". Na sua intervenção, Maria José Morgado recordou e agradeceu ainda a forma empenhada e dedicada com que toda a equipa do Hospital público de Santa Maria tratou o seu marido durante as três semanas em que esteve internado. As intervenções do catedrático da Faculdade de Direito e de Maria José Morgado arrancaram duas fortes salvas de palmas das muitas dezenas de pessoas que assistiam à cerimónia fúnebre, enquanto muitos dos presentes faziam questão de referir que Saldanha Sanches é um homem "que faz muita falta a Portugal". Professor universitário, jurisconsulto e fiscalista, Saldanha Sanches morreu na sexta-feira no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, aos 66 anos, vítima de cancro. Na sexta-feira, o Conselho Pedagógico da Faculdade de Direito de Lisboa aprovou, por unanimidade, um voto de pesar pela morte de Saldanha Sanches.
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