29 de dezembro de 2008

Os principais objectivos da política externa dos Estados Unidos da América XV. Por Noam Chomsky.

A cobertura Irão-Contras.

Os principais elementos da história do caso Irão-Contras eram conhecidos bem antes de serem expostos em 1986, com excepção de um facto: que a venda de armas para o Irão, via Israel, e a guerra ilegal dos Contras, dirigida do escritório de Ollie North, na Casa Branca, estavam relacionadas. A remessa de armas ao Irão, via Israel, não começou em 1985, quando um inquérito Congresso e um procurador especial começaram a investigar a história. Isso começou quase que imediatamente após a queda do xá do Irão, em 1979. Já em 1982, era do conhecimento público que Israel estava a fornecer grande parte das armas ao Irão - conforme se podia ler nas primeiras páginas do "The New York Times". Em fevereiro de 1982, as principais figuras de Israel, cujos nomes só apareceriam mais tarde na rede de televisão da BBC, descreveram como haviam ajudado a organizar o fluxo de armas para o regime de Khomeini. Em outubro de 1982, o embaixador israelita nos EUA declarou publicamente que Israel enviava armas para o regime de Khomeini "com a cooperação dos Estados
Unidos... quase ao mais alto nível". Os altos oficiais israelitas envolvidos também deram a sua versão: estabelecer laços com elementos das forças armadas do Irão que pudessem derrubar o regime, restaurando os acordos que vigoravam durante o regime do xá - ou seja, procedimentos operacionais de rotina.

Quanto à guerra dos Contras, os factos elementares das operações ilegais Oliver North-CIA já eram conhecidos em 1985 (a história já tinha sido revelada há mais de um ano, quando um avião com abastecimentos foi abatido e o agente americano Eugene Hasenfus foi capturado). A comunicação social simplesmente preferiu olhar para o outro lado. O que gerou então o escândalo Irão-Contras? Chegou um momento em que se tomou impossível ocultá-lo por mais tempo. Quando o avião de Hasenfus foi abatido, na Nicarágua, levando armas para os Contras por intermédio da CIA, e a imprensa libanesa informou que o Conselho de Segurança Nacional dos EUA estava a distribuir bíblias e bolos de chocolate em Teerão, a história deixou de poder ser mantida oculta. Depois disso, emergiu a conexão entre essas duas histórias bem conhecidas. Passamos então para a fase seguinte: o controlo do prejuízo. Foi nisso que se baseou o prosseguimento do caso.

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