Estão certamente recordados da mítica novela Roque Santeiro que marcou gerações. Novela em que o professor Astromar entrava no gabinete ou em casa do "Prefeito Florindo Abelha", a quem galava a filha Mocinha, e fazia sempre a mesma pergunta: "posso penetrar?". A resposta de Florindo ou da sua esposa Pombinha variava entre o "já penetrou professor" e o "Penetre professor... Penetre".
Pois é, o senhor Armando vara é uma espécie de professor Astromar dos centros de saúde, com a diferença de não se transformar em lobisomem em dias de lua cheia (pelo menos não há relatos de que tal aconteça) e visivelmente menos educado e civilizado do que Astromar, na sua versão normal ou peluda, já que este normalmente quando queria penetrar perguntava se podia, senão leia-se:
"Armando Vara provocou esta quinta-feira um escândalo num centro de saúde de Lisboa. O ex-ministro socialista apareceu de surpresa, passou à frente de todos os doentes e deu ordens a uma médica para lhe passar um atestado." TVI
Ou seja, Armando vara é enquanto cidadão aquilo que foi sempre enquanto político, chegando mesmo a ministro desta coisinha pseudo-socialista a que alguns insistem em chamar governo, penetrando tudo o que podia à passagem, sem contemplações. E provavelmente por esse mesmo tipo de penetrações encontra-se a ser julgado no processo Face Oculta, acusado de três crimes de tráfico de influência.
Mas se um arguido comum acusado de roubar uma peça de fruta numa mercearia ficaria de imediato impedido de sair do país e com obrigatoriedade de se apresentar na PSP uma vez por semana, o nosso Armando passa a vida em viagens entre Portugal, Angola e Moçambique onde é, imagine-se, o novo presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa África. E onde aposto que penetra à sua vontade onde quer que lhe apeteça. Ser ex-ministro tem de facto as suas vantagens no que toca às penetrações não consentidas.
Questionada sobre o assunto, a directora do centro de saúde "violado" por Armando declarou: "O senhor Armando Vara entrou aí como qualquer utente e passou à frente de toda a gente. Entrou no gabinete da médica sem avisar e sem que a médica percebesse que não estava na sua vez. Foi uma situação de abuso absolutamente inconfundível", respondeu Manuela Peleteiro.
Pois é. É gente deste tipo, com elevado grau de educação, altos valores de cidadania, autênticos exemplos de como um cidadão se deve comportar, relacionar e respeitar os seus semelhantes, que nos governou e continua a governar impunemente. O senhor Armando teve sorte enquanto abusador, pois apanhou pela frente meia dúzia de utentes, muitos deles idosos, que se limitaram civilizadamente a reclamar a penetração sem aviso de que foram alvos no livro amarelo. Isto porque se alguns que eu conheço tivessem sido penetrados desta forma pelo senhor Armando, ainda a esta hora ele estaria a espernear pendurado pelo casaco num dos cabides do Centro de Saúde, depois de levar umas chapadas de cidadania na boca. E merecidas. Digo eu.
Pois é, o senhor Armando vara é uma espécie de professor Astromar dos centros de saúde, com a diferença de não se transformar em lobisomem em dias de lua cheia (pelo menos não há relatos de que tal aconteça) e visivelmente menos educado e civilizado do que Astromar, na sua versão normal ou peluda, já que este normalmente quando queria penetrar perguntava se podia, senão leia-se:
"Armando Vara provocou esta quinta-feira um escândalo num centro de saúde de Lisboa. O ex-ministro socialista apareceu de surpresa, passou à frente de todos os doentes e deu ordens a uma médica para lhe passar um atestado." TVI
Ou seja, Armando vara é enquanto cidadão aquilo que foi sempre enquanto político, chegando mesmo a ministro desta coisinha pseudo-socialista a que alguns insistem em chamar governo, penetrando tudo o que podia à passagem, sem contemplações. E provavelmente por esse mesmo tipo de penetrações encontra-se a ser julgado no processo Face Oculta, acusado de três crimes de tráfico de influência.
Mas se um arguido comum acusado de roubar uma peça de fruta numa mercearia ficaria de imediato impedido de sair do país e com obrigatoriedade de se apresentar na PSP uma vez por semana, o nosso Armando passa a vida em viagens entre Portugal, Angola e Moçambique onde é, imagine-se, o novo presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa África. E onde aposto que penetra à sua vontade onde quer que lhe apeteça. Ser ex-ministro tem de facto as suas vantagens no que toca às penetrações não consentidas.
Questionada sobre o assunto, a directora do centro de saúde "violado" por Armando declarou: "O senhor Armando Vara entrou aí como qualquer utente e passou à frente de toda a gente. Entrou no gabinete da médica sem avisar e sem que a médica percebesse que não estava na sua vez. Foi uma situação de abuso absolutamente inconfundível", respondeu Manuela Peleteiro.
Pois é. É gente deste tipo, com elevado grau de educação, altos valores de cidadania, autênticos exemplos de como um cidadão se deve comportar, relacionar e respeitar os seus semelhantes, que nos governou e continua a governar impunemente. O senhor Armando teve sorte enquanto abusador, pois apanhou pela frente meia dúzia de utentes, muitos deles idosos, que se limitaram civilizadamente a reclamar a penetração sem aviso de que foram alvos no livro amarelo. Isto porque se alguns que eu conheço tivessem sido penetrados desta forma pelo senhor Armando, ainda a esta hora ele estaria a espernear pendurado pelo casaco num dos cabides do Centro de Saúde, depois de levar umas chapadas de cidadania na boca. E merecidas. Digo eu.
I. Ontem, quando escrevi isto , esqueci-me de um enorme pormaior: José Sócrates é aquela pessoa que disse "manso é a tua tia" no parlamento. Isto é ainda mais classy do que os corninhos de Manuel Pinho. Sócrates é, portanto, a pessoa indicada para falar de boa educação. Tal como Armando Vara, outro boy do PS cheio de boa educação. Agora, parece que o único-licenciado-em-Relações-Internacionais-do-mundo-a-ser-um-alto-quadro-da-banca passou à frente dos velhotes no centro de saúde. Estava com pressa para apanhar um avião. Coitadinho.
II. Sim, esta lata quase cómica de Vara não é importante para o défice das contas e demais coisas com números, mas é revelador de algo que está a montante dessa crise económica, a saber: a crise moral. Este regime criou um buraco ético no seu centro, composto por boys que não respeitam o país e os portugueses. Porque, pura e simplesmente, vivem à margem da sociedade. Vivem no seu mundinho de impunidade. Estamos a falar das pessoas que compram carros de 180 mil contos em tempo de crise. Estamos a falar das pessoas que aceitam empregos públicos para os quais não têm CV . Estamos a falar dos indivíduos que, depois de roubarem gravadores a jornalistas, são glorificados pelo seu partido ("é, pá, boa Rodrigues, muito boa. Os gajos estavam a pedi-las"). Estamos a falar das pessoas que mentem no parlamento . Estamos a falar de pessoas que gozam com as comissões parlamentares. Estamos a falar de pessoas que nunca se demitem, mesmo quando se torna evidente que são incompetentes . Estamos a falar de pessoas que dizem "o povo têm de sofrer as crises como o PS as sofre" . Estamos a falar de pessoas que tratam os jornalistas como se fossem cães sarnentos. Estamos a falar de pessoas que processam colunistas, porque não conseguem encaixar uma crítica , porque julgam que estão acima do bem e do mal. Estamos a falar das pessoas que chegam a big boss da banca com um curso de relações internacionais.
III. Portanto, este episódio de Vara é só a caricatura extrema deste padrão de comportamento. "Manso é a tua tia" é, de facto, o melhor resumo da Era Vara & Sócrates, Lda.
PS: é por isso que a grande questão a médio prazo é esta: o PSD consegue controlar os seus boys quando voltar ao poder?
II. Sim, esta lata quase cómica de Vara não é importante para o défice das contas e demais coisas com números, mas é revelador de algo que está a montante dessa crise económica, a saber: a crise moral. Este regime criou um buraco ético no seu centro, composto por boys que não respeitam o país e os portugueses. Porque, pura e simplesmente, vivem à margem da sociedade. Vivem no seu mundinho de impunidade. Estamos a falar das pessoas que compram carros de 180 mil contos em tempo de crise. Estamos a falar das pessoas que aceitam empregos públicos para os quais não têm CV . Estamos a falar dos indivíduos que, depois de roubarem gravadores a jornalistas, são glorificados pelo seu partido ("é, pá, boa Rodrigues, muito boa. Os gajos estavam a pedi-las"). Estamos a falar das pessoas que mentem no parlamento . Estamos a falar de pessoas que gozam com as comissões parlamentares. Estamos a falar de pessoas que nunca se demitem, mesmo quando se torna evidente que são incompetentes . Estamos a falar de pessoas que dizem "o povo têm de sofrer as crises como o PS as sofre" . Estamos a falar de pessoas que tratam os jornalistas como se fossem cães sarnentos. Estamos a falar de pessoas que processam colunistas, porque não conseguem encaixar uma crítica , porque julgam que estão acima do bem e do mal. Estamos a falar das pessoas que chegam a big boss da banca com um curso de relações internacionais.
III. Portanto, este episódio de Vara é só a caricatura extrema deste padrão de comportamento. "Manso é a tua tia" é, de facto, o melhor resumo da Era Vara & Sócrates, Lda.
PS: é por isso que a grande questão a médio prazo é esta: o PSD consegue controlar os seus boys quando voltar ao poder?
Seria normal que uma figura pública que tem estado na berlinda por suspeitas de ter usado os seus contatos no Estado em benefício próprio tivesse todas as suas cautelas no seu comportamento público. Sobretudo quando usa serviços do Estado. Que, culpado ou inocente, evitasse confirmar a ideia de que não respeita as regras.
A denúncia de utentes de um centro de saúde, confirmada pela direcção daquele serviço, de que Armando Vara passou à frente de toda a gente porque tinha um avião para apanhar não tem grande importância. O que não falta neste País é gente conhecida ou anónima que, tendo algum contato ou poder, não perde a oportunidade de os usar para saltar por cima dos direitos dos outros. Espera-se que alguém que sabe que o pode fazer com especial facilidade tenha cuidados redobrados.
Mas irrelevante que seja, não deixa de ter a sua força simbólica. Armando Vara está a ser julgado. Julgado por abusar do seu poder e da sua influência de forma criminosa. Que, nas barbas de tantos que o podiam reconhecer, tenha confirmado a imagem que dele poderiam ter, apenas demonstra que alguns cidadãos sentem que um tratamento de favor lhes é sempre devido. Em graus bem diferentes, o que Vara fez naquele centro de saúde resulta do mesmo sentimento que poderá ter levado a envolver-se no caso Face Oculta: a ideia de que o que é de todos nós é um pouco mais dele do que nosso. E que com o poder vem um tratamento de privilégio.
Diga-se, em abono da verdade, que a culpa é coletiva. Sabe quem tem o mínimo de notoriedade que muitas vezes não precisa de procurar tirar benefícios da sua "fama" ou poder para os receber. Eles são-lhe oferecidos a cada minuto e, para ser tratado como os outros, tem de estar especialmente atento para recusar favores que não pediu. A cultura da desigualdade raramente é apenas de quem recebe o privilégio. Mas, neste caso, Vara não de limitou a receber um tratamento que não lhe era devido. Não se limitou a procurar esse tratamento. Exigiu-o. E parece ser um padrão.
A denúncia de utentes de um centro de saúde, confirmada pela direcção daquele serviço, de que Armando Vara passou à frente de toda a gente porque tinha um avião para apanhar não tem grande importância. O que não falta neste País é gente conhecida ou anónima que, tendo algum contato ou poder, não perde a oportunidade de os usar para saltar por cima dos direitos dos outros. Espera-se que alguém que sabe que o pode fazer com especial facilidade tenha cuidados redobrados.
Mas irrelevante que seja, não deixa de ter a sua força simbólica. Armando Vara está a ser julgado. Julgado por abusar do seu poder e da sua influência de forma criminosa. Que, nas barbas de tantos que o podiam reconhecer, tenha confirmado a imagem que dele poderiam ter, apenas demonstra que alguns cidadãos sentem que um tratamento de favor lhes é sempre devido. Em graus bem diferentes, o que Vara fez naquele centro de saúde resulta do mesmo sentimento que poderá ter levado a envolver-se no caso Face Oculta: a ideia de que o que é de todos nós é um pouco mais dele do que nosso. E que com o poder vem um tratamento de privilégio.
Diga-se, em abono da verdade, que a culpa é coletiva. Sabe quem tem o mínimo de notoriedade que muitas vezes não precisa de procurar tirar benefícios da sua "fama" ou poder para os receber. Eles são-lhe oferecidos a cada minuto e, para ser tratado como os outros, tem de estar especialmente atento para recusar favores que não pediu. A cultura da desigualdade raramente é apenas de quem recebe o privilégio. Mas, neste caso, Vara não de limitou a receber um tratamento que não lhe era devido. Não se limitou a procurar esse tratamento. Exigiu-o. E parece ser um padrão.
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