O sociólogo Boaventura Sousa Santos previu hoje que Portugal assista a confrontação social caso se agravem as medidas de restrição de direitos das pessoas em nome do combate à crise financeira que ameaça a zona euro. "Esta política convida à confrontação social. Estamos a assistir a roubo de direitos, a roubo de dinheiro que as pessoas pagaram. Quando se fazem cortes nas pensões, o dinheiro não é do Estado. Em grande parte, foi dinheiro que as pessoas investiram nas suas pensões", salientou, em declarações à agência Lusa. Na sua ótica, "se as pensões não são garantidas isso é furto, é uma ilegalidade, e as pessoas sentem isso".
Portugal não vai ser exceção
Portugal não vai ser exceção
"O mesmo se passa quando os direitos laborais não são respeitados", frisou Boaventura de Sousa Santos, referindo que nos EUA, onde atualmente se encontra a lecionar numa universidade, se fala em "furto de salários". São as horas extraordinárias que não são pagas, as declarações de falência e "os últimos cheques que nunca são pagos", os subsídios de férias que não são pagos, enumerou, acrescentando que isso mesmo acontece em Portugal, de "direitos ajustados legalmente que os patrões não cumprem". Boaventura de Sousa Santos entende que a confrontação social vai intensificar-se, lembrando os confrontos em Londres e em França, e vaticinando que outros países vão seguir-se. "Portugal não pode ser exceção. Se as medidas acordadas neste Orçamento não puderem ser suficientes, e elas já são graves, é de esperar que haja contestação social e confrontação", concluiu.
FMI não é solução
FMI não é solução
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos afirmou hoje que o recurso ao Fundo Monetário Internacional (FMI) seria "uma desgraça" porque a instituição funciona "segundo a lógica dos credores" e salientou que as melhores recuperações económicas vieram dos países que rejeitaram ajuda. O FMI (Fundo Monetário Internacional) não é a solução adequada para Portugal, porque quando entra num país, "é a desgraça para esse país", disse o sociólogo, acrescentando que a tese está comprovada. "Só os nossos comentaristas trauliteiros e ignorantes e conservadores, que infelizmente dominam os nossos meios de comunicação, alguns deles pessoas que deviam ter mais vergonha na cara, é que podem vir a sugerir que isso é uma boa solução para o país", sublinhou. Em declarações à agência Lusa, o cientista social frisou que o FMI, pela sua política, "tem uma obsessão, [que é] cortar nas despesas sociais do Estado. Significa pobreza, miséria, mais desequilíbrio social numa sociedade que já é a sociedade com mais desigualdade social na Europa".
Pobreza no horizonte
"É a miséria, é a pobreza que estará no horizonte. O FMI funciona segundo a lógica dos credores, não funciona segundo a lógica dos devedores. Acima de tudo procura impor políticas que garantam aos credores o pagamento das dívidas. Não é nunca uma solução", sustentou. Boaventura de Sousa Santos recorda que os países que rejeitaram a intervenção do FMI, ou que desrespeitaram as suas regras, "são aqueles que fizeram melhores recuperações económicas". Citou o caso da Argentina, hoje elogiada pelo FMI, que "no princípio da década disse ao FMI: não pagamos". "O FMI não é, de maneira nenhuma, solução para Portugal. A solução há-de ser encontrada no contexto europeu neste momento, a menos que os líderes do norte da Europa continuem a assumir que realmente podem estar a acicatar os mercados contra Portugal, a Grécia, a Irlanda, a Espanha, e que o fazem impunemente", concluiu.
Pobreza no horizonte
"É a miséria, é a pobreza que estará no horizonte. O FMI funciona segundo a lógica dos credores, não funciona segundo a lógica dos devedores. Acima de tudo procura impor políticas que garantam aos credores o pagamento das dívidas. Não é nunca uma solução", sustentou. Boaventura de Sousa Santos recorda que os países que rejeitaram a intervenção do FMI, ou que desrespeitaram as suas regras, "são aqueles que fizeram melhores recuperações económicas". Citou o caso da Argentina, hoje elogiada pelo FMI, que "no princípio da década disse ao FMI: não pagamos". "O FMI não é, de maneira nenhuma, solução para Portugal. A solução há-de ser encontrada no contexto europeu neste momento, a menos que os líderes do norte da Europa continuem a assumir que realmente podem estar a acicatar os mercados contra Portugal, a Grécia, a Irlanda, a Espanha, e que o fazem impunemente", concluiu.
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Se este Senhor o diz, é de ficar atento.
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