Lembram-se da comitiva de banqueiros à porta de Passos Coelho e Teixeira dos Santos a pedir responsabilidade aos políticos? Lembram-se de como foram tratados como homens de boa vontade que recordavam a políticos desnorteados as suas obrigações para com o País? Lá estava Ricardo Salgado, como porta-voz de todos eles. Ficámos agora a saber que a PT pode vir a pagar aos seus 15 principais accionistas os dividendos ainda antes de entrar em vigor o novo orçamento, fugindo assim à cobrança de impostos que ele estipula. Entre os principais accionistas está, pois é claro, o BES. A responsabilidade, as obrigações para com o País, o sentido patriótico... Tudo isso fica para os outros. O Estado pode perder 260 milhões de euros, metade do buraco que ficou para tapar depois da negociação do governo com o PSD. Que esta gente trate de si, sabendo que de uma forma ou de outra se safa sempre de contribuir para a resolução dos problemas do País, só espanta quem vive noutro planeta. Para quê pagar impostos se os trouxas que trabalham por conta de outrem, os pensionistas, os beneficiários do abono de família, os funcionários públicos, os pobres e a classe média podem dar parte do pouco que têm? O que me choca é que estes cavalheiros, que tão pouco fazem pelo País e dele tudo exigem, continuem a ser ouvidos como oráculos da Nação. Que tenham a última palavra sobre um orçamento para o qual não contribuem. Que insistam em falar de responsabilidade. Na verdade, tratam-se de sociopatas, incapazes de qualquer gesto de solidariedade e de dever perante a comunidade em que vivem, apenas movidos por uma ganância sem qualquer limite. Põem e dispõem ministros, pressionam o poder político sem se darem ao trabalho de serem discretos, mas não hesitam em saltar do barco quando todos são chamados a dar a sua parte. Espertos são eles. Idiotas somos nós. Por isso, quando vierem com a conversa da irresponsabilidade da próxima greve geral, espero que ninguém lhes dê ouvidos. Já cansa tanta hipocrisia.
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