A investigação sobre as suspeitas de burla aos bancos BPN e Caixa de Crédito Agrícola (CCA), cujo valor ronda os 100 milhões de euros, vai avançar para outras câmaras municipais do País. Segundo consta dos mandados para as buscas do passado dia 26 de Outubro, emitidos pelo juiz Carlos Alexandre, o principal suspeito do caso, o empresário Carlos Marques tinha uma rede de contactos junto das autarquias, "vereadores, arquitectos e assessores", para lhe "garantir a viabilização ou a criação de aparência de viabilização de terrenos". Com isto nas mãos, através de empresas-fantasma, Carlos Marques obtinha crédito bancário. A Câmara de Oeiras já está referenciada no processo e há várias na zona do Algarve alvo da atenção dos inspectores da Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária. Isto depois de Luís Duque, vereador na Câmara de Sintra, ter sido constituído arguido neste caso, uma vez que terá tido intervenção no pedido de licenciamento de uma bomba de combustível feito pela empresa Espaço Curvo, referenciada como uma das sociedades instrumentais controladas por Carlos Marques - o único dos nove arguidos do caso que se encontra hoje em prisão preventiva. O alegado esquema criminoso de Carlos Marques, ainda de acordo com a descrição dos mandados de busca, a que o DN teve acesso, assentava na colocação de várias peças: por um lado, segundo a investigação, havia os dois advogados, Diamantino Morais e Teresa Cantanhede, que "acederam a prestar colaboração a Carlos Marques na formação de várias sociedade nacionais, de carácter instrumental, destinadas a obter financiamentos sem a preocupação de gerar ganhos que permitissem amortizar as responsabilidades assumidas". E são inúmeras as tais empresas referidas nos autos: Blube Boats, Vencimo, Megagold, Eurolondon, Imperceptível Construções, Mama Suma, Top of Pilots e Lots of Hapiness, entre outras. No lado dos bancos, há suspeitas de que gestores do lado do BPN, como João Abrantes, e na CCA, Carlos Alcobia e Maria João Rocha, satisfizessem os pedidos de crédito feitos por aquelas sociedades, independentemente do valor real das garantias prestadas, a troco de comissões. O objectivo do empreiteiro seria o encadeamento de financiamentos bancários, em que uns "tapavam" outros, criando um verdadeiro carrossel de crédito que estaria alicerçado em garantias sobreavaliadas ou, simplesmente, falsas. Segundo o juiz Carlos Alexandre, o "desenvolvimento deste esquema permitiu aos suspeitos obterem elevados proveitos económicos em detrimento de uma perda em sede fiscal". É neste contexto que, ainda segundo o mandado de busca, entra uma nova personagem: Carlos Ortigueira, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) como um dos intermediários oficiais do Deutsche Bank. E, tendo em conta o seu "conhecimento do mundo financeiro", Carlos Ortigueira terá "desenvolvido operações de colocação de fundos no exterior, designadamente obtendo entidades-veículo e contas bancárias na Suíça", escreveu o juiz Carlos Alexandre, identificando o banco BPN Paribas como o veículo utilizado para tais operações. Aliás, Carlos Ortigueira foi sócio de algumas das empresas que estão sob suspeita. O esquema de eventual colocação de lucros no exterior terá ainda passado pela Davos Finance, uma empresa especializa na criação de sociedades offshore. No processo da burla estão identificadas cinco sociedades que terão sido utilizadas para a ocultação do dinheiro: Templeton, Nylat, Antélia, Emera e a Milton International Investments. Os mandados de busca referem ainda o nome de Alcina Andrade como uma das pessoas que auxiliaram Carlos Marques no esquema em causa. Ao que o DN apurou, trata-se da companheira do empresário que, paulatinamente, foi sendo afastada da gerência das empresas em causa. Ambos já tinham sido investigados no caso da Universidade Independente.
Notícia aqui.
O que interessa é enviar o dinheiro para fora. Os trouxas que paguem a dívida! Será que a P.J. tem efectivos para tanto crime? Não me parece e num esquema tipo arrastão muitos se vão safar. Triste país o nosso.
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