O Ministério Público pediu a condenação do advogado Ricardo Sá Fernandes por crime de difamação agravada a Domingos Névoa. Ao que parece, o advogado chamou "corruptor" ao empresário de Braga. E porque lhe chamou tal coisa? Porque, veja-se bem, o dito empresário foi condenado por corrupção. E como foi condenado? Porque Ricardo Sá Fernandes, em colaboração com o Ministério Público, ajudou a recolher as provas que condenaram, pela primeira vez na nossa democracia, uma tentativa de corrupção de um político. E qual foi a condenação do corruptor que não é corruptor? A fortuna de cinco mil euros. Agora, sentado no banco dos réus, está um homem que cometeu a asneira de não fazer o que quase todos os portugueses fazem perante a corrupção: vista grossa. E que cometeu a asneira ainda maior de ajudar a Justiça a apanhar o senhor com a boca na botija. No fim, se for condenado, não será de estranhar que pague mais a Domingos Névoa do que este teve de pagar à Justiça. A coisa ainda vai dar lucro. Moral da história: se souber ou presenciar um caso de corrupção, finja que não viu nada. Sobretudo, nunca colabore com a Justiça para apanhar o sujeito. Nunca! Além de se meter em trabalhos, a punição para o sujeito em causa será simbólica e você está proibido de dizer que ele fez o que se provou que ele fez. E no fim, é a si que a Justiça acabará a pedir contas. Sendo que um dos seus acusadores será aquele que o meu caro leitor andou a ajudar. Da próxima vez que alguém lhe disser que confia na Justiça portuguesa, sorria. Da próxima vez que alguém da Justiça lhe disser que o combate à corrupção é uma prioridade, pode mesmo soltar uma gargalhada sonora. Talvez assim, com bom humor, percebam o crédito que merecem.
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