A União de Sindicatos de Braga está preocupada com os trabalhadores que ganham o salário mínimo. Diz que são os 'novos pobres' e, no distrito, são mais de 30 mil. Fomos conhecer uma família, de quatro pessoas, que vive com 475 euros/mês. "O problema da pobreza no distrito de Braga não são só os desempregados mas, sobretudo, as milhares de famílias que vivem com os 475 euros do salário mínimo nacional", disse, ao JN, Adão Mendes, coordenador da União de Sindicatos de Braga (USB). De acordo com números revelados pela USB, mais de 30 mil trabalhadores, tendo emprego, "vivem na pobreza dado o seu salário ser completamente absorvido com custos fixos mensais como a renda, a energia, a água e os medicamentos". "Os trabalhadores desempregados vivem situações dramáticas mas há um conjunto de programas sociais para os ajudar. Os que recebem o Salário Mínimo Nacional (SMN), como recebem um ordenado, embora miserável, e não recebem apoios sociais, vivem cada vez mais pobres", frisou Adão Mendes. A pobreza dos que trabalham e recebem um ordenado é uma nova realidade que está a preocupar os sindicalistas e os organismos sociais do distrito de Braga. "É impossível viver com 475 euros por mês", contou o trabalhador de uma fábrica de calçado que vive na freguesia de Ronfe, Guimarães. Com 475 euros, o homem de 42 anos, tem que "manter a casa e alimentar a família". A mulher, com 39 anos, era costureira mas ficou sem emprego e o subsídio de desemprego acaba em Fevereiro. As duas filhas, com 12 e 14 anos, estudam, têm bolsa, e "o melhor de tudo é que podem comer na escola", referiu o pai. A família, que quer manter o anonimato porque "tem vergonha da miséria em que vive", já não se lembra de fazer qualquer compra que não fosse comida. "As nossas refeições são arroz com arroz, massa com massa e chá", disse o funcionário da empresa de calçado. Como tem emprego e recebe um salário, o homem e a família não podem candidatar-se a apoios que os desempregados recebem. "Estou desesperado. Acho que tinha mais dinheiro se estivesse sem trabalho do que a trabalhar", referiu, envergonhado. "É lamentável assistirmos a situações de grande pobreza e de, por outro lado, vermos os empresários a usar o Código de Trabalho para humilhar e explorar os trabalhadores", salientou Adão Mendes. No distrito, segundo a USB, milhares de trabalhadores têm "centenas de horas de trabalho extraordinárias por receber ou gozar porque se generalizou o banco de horas, sempre só a favor do patrão, e muitos são despedidos sem receber esse crédito". "Já tivemos uma vida boa, tínhamos dois salários e vivíamos com algum dinheiro", recordou o pai das duas adolescentes que foram obrigadas a mudar de escola para poupar dinheiro nas viagens. A família tem um carro "velho" que é usado pelo pai para ir para a fábrica. No caminho, deixa as filhas na escola e só vai buscá-las à noite, independentemente do horário escolar. "Já sabem que têm de ficar na escola até eu sair, porque não há dinheiro para outro transporte", frisou o operário. Dos 475 euros de salário, 200 são para pagar a renda, 20 euros destinam-se a pagar a água, 60 a electricidade e 30 para gasolina. "O que sobra é para comprar comida ou remédios", finaliza.
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Fizeram as contas? Até arrepia!
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