Durante uma conversa num restaurante lisboeta, segundo Mário Crespo, o primeiro-ministro José Sócrates disse a um "executivo de televisão" que o jornalista da SIC era "'um problema' que teria de ter 'solução'". O episódio foi relatado pelo próprio jornalista num artigo de opinião que deveria ter sido ontem publicado no "Jornal de Notícias" ("JN"), mas que foi recusado pelo director do diário, José Leite Pereira. Em reacção, o jornalista da SIC informou imediatamente Leite Pereira de que ia cessar a colaboração semanal que tinha com o jornal. O artigo acabou por ser publicado no site do Instituto Sá Carneiro, um centro de reflexão ligado ao PSD. De acordo com as informações recolhidas pelo i, na origem da polémica esteve um encontro de circunstância: o director de programas da SIC, Nuno Santos, almoçava com uma apresentadora do canal, Bárbara Guimarães, no mesmo restaurante onde José Sócrates, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão almoçavam, tendo o primeiro-ministro decidido levantar-se para cumprimentar a colaboradora da estação de Carnaxide e mulher do antigo ministro socialista, Manuel Maria Carrilho. A conversa centrou-se então na SIC e, especificamente, no jornalista Mário Crespo. Nuno Santos e Bárbara Guimarães não estiveram disponíveis para confirmar estas informações, mas uma fonte contactada pelo i garante que o director de programas foi de facto confrontado com as críticas de Sócrates e que, apesar do incómodo, decidiu não argumentar por entender que aquele não era o local adequado para a conversa em questão. No artigo de opinião, Mário Crespo critica aliás a conduta deste "executivo de televisão" que nunca identifica: "Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre", escreveu. O gabinete do primeiro-ministro não comentou a informação. Já o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, reagiu dizendo que o "governo não se ocupa de casos fabricados com base em calhandrices". A falta de fundamentação das acusações de Mário Crespo foi a razão que levou o "JN" a não publicar o artigo. As informações do jornalista "necessitavam de confirmação" e do "exercício do direito ao contraditório", justificou o diário, em comunicado. A direcção de informação da SIC emitiu uma nota a "repudiar as considerações sobre a idoneidade dos seus profissionais" e rejeita "todas as formas de pressão, venham de onde vierem". Durante os dois anos e meio de colaboração com o "JN", Mário Crespo escreveu vários artigos críticos do governo. Em Dezembro, o jornalista falou do "país do palhaço inimputável": "[...] Não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político." O clima de crispação era evidente em Janeiro de 2009 quando o jornalista entrevistou na SIC o ministro da Presidência, a propósito do caso Freeport: no final do programa, Crespo despede-se com: "Foi um prazer tê-lo aqui." Silva Pereira responde :"Foi uma obrigação."
Notícia aqui.
Parece-me que começa a ser tempo de desenterrar as G-3 cuidadosamente oleadas e envoltas em lonas...
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