3 de setembro de 2009

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Sétimo Capítulo.

Automação.

Inteligência das Máquinas.

A chave para se atingir a abundância e um alto padrão de vida para cada pessoa no planeta reside na automação, o máximo possível no mais curto período de tempo. Se substituirmos o trabalho humano por máquinas, conjugando essa substituição com uma economia baseada nos recursos a nível global, toda a gente poderá viver melhor do que os mais ricos de hoje em dia. Um futuro sem necessidade de fechaduras nas portas e sem o medo de que alguém te possa molestar para te roubar bens materiais ou comida, é possível, porque toda a gente terá acesso livre a tudo o que estiver disponível. Essa disponibilidade, por seu lado, será tanto maior quanto maior for a automação das tarefas anteriormente executadas por humanos e maior for o uso sábio e sustentável dos recursos existentes.

A cibernética, representada na fusão dos computadores com a produção, irá libertar um fluxo de bens e produtos nunca antes vistos na história da humanidade. Há ainda muito a fazer para desenvolver convenientemente a inteligência artificial (IA), que consiste fundamentalmente em programação computacional capaz ajudar de tomadas de decisão e formulação de hipóteses humanas, assim como a sua auto-correcção. A IA reinventa sistemas mecânicos e electrónicos para estimular e melhorar o desempenho humano em eficiência e celeridade. São avanços excitantes e com possibilidades infinitas, mas estamos apenas no início dessa caminhada.

A cibernética pode assim ser vista como a única real proclamação de emancipação para a humanidade no seu todo, quando utilizada de forma inteligente e humanizada. Permite às pessoas, como já vimos, atingir o mais alto padrão de vida concebível sem praticamente qualquer trabalho humano, libertando-as pela primeira vez da rotina repetitiva da actividade do dia-a-dia. Quando a espécie humana se libertar do ultrapassado método do sistema monetário poderemos finalmente começar a perceber o que significa ser civilizado.

Quando começarmos a empregar a cibernética e a automação de uma forma mais extensa e abrangente, não serão apenas os operários industriais mas também a maioria dos profissionais que poderão ser substituídos por máquinas. Mesmo na visão dos escritores actuais mais futuristas é difícil ver a aceitação da possibilidade de ver substituídos por máquinas ou robots cirurgiões, engenheiros, gestores, pilotos de aviação e outros profissionais semelhantes, mas a verdade é que as máquinas serão perfeitamente capazes de substituir os humanos no governo e na gestão dos assuntos mundiais. Toda esta inovação não significa contudo a tomada do poder pelas máquinas que tanta gente teme. Ao invés, a transferência gradual das decisões para a inteligência das máquinas representa a próxima fase da evolução social.

Os sistemas computadorizados são mais eficientes, mesmo na tomada de decisões, porque causa do número mais elevado de sensores de que dispõem. O controlo automatizado pode ocorrer quando esses sensores estiverem instalados em todas as localizações concebíveis e ligados entre si através de uma rede mundial de computadores.

Durante a transição de uma sociedade monetária para uma sociedade baseada nos recursos equipas de engenheiros de sistemas, programadores de computadores, analistas de sistemas, investigadores e outros especialistas serão imprescindíveis para ajudar a supervisionar, gerir e analisar o fluxo de bens e serviços mas, à medida que a sociedade baseada nos recursos avança para um mundo mais cibernético e automatizado, a maior parte das pessoas deixarão de ser necessárias para gerir e operar esta civilização emergente. Os computadores acabarão eventualmente por ser capazes de desenvolver a sua própria programação, melhorar e reparar os seus próprios circuitos e de actualizar a informação acerca das necessidades sociais em todo o mundo. Centros cibernéticos interligados irão coordenar os serviços industriais, os sistemas de transportes, a saúde pública e a educação com a última e mais actualizada informação sobre a economia global, prevendo-se a intervenção de sistemas redundantes na eventualidade de ocorrerem falhas ou interrupções.

A inteligência artificial organizada desta forma e intimamente ligada à economia baseada nos recursos resulta em mais mudanças significativas para a humanidade do que qualquer outra ruptura social, filosófica ou mesmo revolução que tenham já ocorrido. Tudo isto ganha ainda mais significado quando entendemos que o que mais flagrantemente falta à sociedade dos dias de hoje é a gestão inteligente dos recursos da Terra e que a maioria dos problemas poderá ser resolvida com um uso, também ele inteligente, da tecnologia de que já dispomos.

Consequentemente, um nível muito mais elevado de vida pode ser facilmente obtido quando todos os recursos da Terra estiverem ligados, organizados, monitorizados e forem utilizados de modo eficiente para o benefício de todos como um verdadeiro sistema global, não para apenas um pequeno número de pessoas privilegiadas.

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