Poderemos aplicar os métodos da ciência ao delinear da nossa sociedade?
A descoberta de princípios científicos permite-nos validar e testar muitas propostas. Se alguém afirmar que um determinado elemento estrutural consegue suportar um número específico de quilos por centímetro quadrado, essa afirmação pode ser testada e aceite ou rejeitada com base nos resultados desse teste. São estes testes que nos permitem conceber e construir pontes, edifícios, navios, aviões e outras maravilhas da tecnologia.
Praticamente toda a gente que conheces optará pelo método científico quando toca a cirurgias médicas, viagens de avião ou à construção de coisas como arranha-céus, pontes e automóveis. Ao longo dos séculos desenvolvemos uma espécie de consenso que nos leva a optar, quando se trata de assuntos de segurança pessoal, pela ciência em vez de seguir a via da magia em sentido lato. E porque será que isso acontece? Provavelmente porque resulta e porque toda a gente pode ver que assim é sem margem para dúvidas.
Então porque não acontece isso quando chega a vez de delinearmos e planearmos as nossas sociedades: as nossas cidades, os nossos sistemas de transporte, a agricultura, a assistência médica e por aí fora? Se pensavas que já nos encontrávamos a fazer todas essas coisas de forma científica, não podias estar mais enganado! Se é certo que a ciência tem muito a ver com as coisas que funcionam, então claramente o modo como são programadas e executadas as políticas económicas e sociais nos dias de hoje têm muito pouco de científico, prova disso é que os vários sistemas nacionais não estão a funcionar bem para a larga maioria da população mundial e muito menos para o ambiente global. Caso funcionassem bem, então as guerras, a pobreza, a fome, a poluição, etc., não seriam problemas tão grandes como ainda são. Infelizmente, as nossas estruturas sociais evoluíram sem terem em linha de conta um planeamento a nível global.
Uma das condições para a missão de redesenhar as sociedades é que o teu próprio sistema social seja capaz de ser suportado pelas capacidades de recursos do planeta a uma taxa de exploração sustentável, o que não acontece agora. Isto significa que os recursos existentes devem ser capazes de suportar a vida no planeta para todos os seus habitantes, o que vai concerteza necessitar de métodos de avaliação científicos.
Se pretendermos colocar uma pessoa na Lua, não basta construir um foguetão e enviá-lo. Há primeiro que testar, por exemplo, se o corpo humano suporta esse tipo de viagem, pelo que haveria de se colocar primeiro alguém num simulador de voo para aferir que força gravítica pode de facto ser suportada pelo nosso corpo. Outros testes ainda deveriam ser realizados, como aquele que permite ver como o corpo se comporta em ambiente de gravidade zero e os efeitos respectivos na saúde humana. Teríamos ainda de ter informação sobre as possibilidades de sobrevivência em ambiente lunar, se existe água, ar, uma temperatura suportável, etc.
Da mesma forma que devemos olhar para o planeta como um todo e perguntar: “Que temos nós aqui?”, devemos aplicar esse mesmo método inteligente de planeamento usando um sistema científico de ciências da Terra para a sobrevivência planetária. O grau com que teimamos em não aplicar este método científico ao modo como vivemos na Terra pode muito bem ser proporcional à quantidade de sofrimento que vai ocorrer por esse motivo. Sofrimento desnecessário portanto.
Como conseguimos fazer isso em consciência?
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