Do ontem para o amanhã.
Alguns antecedentes antes de encararmos o desafio:
A vida da maioria dos homens e mulheres encontra-se condicionada por questões que não conseguem resolver de mote próprio, estando muitos eventos na nossa vida para além do nosso controlo. Pode até ser confortável pensarmos que estamos no comando, mas, na verdade, a grande parte das alterações que promovemos têm um alcance limitado e é comum que nos culpemos a nós próprios ou ao destino. Contudo, quando dois carros colidem num cruzamento, devemos culpar os condutores individualmente, o destino, ou a forma como está programado o transporte de pessoas que permite essas colisões? Estaremos nós no comando, enquanto indivíduos, se o carro que choca connosco resulta de mau desenho e projecto?
Em 2005 ocorreram 43.200 mortes por acidente viário apenas nos Estados Unidos, a que se somaram centenas de milhares de feridos. Mas consideremos agora outro modo de as levar pessoas de um lugar para outro – o elevador. Quantas pessoas morreram resultado de colisões entre elevadores? Estes dispositivos transportam milhões de pessoas todos os dias sem um único acidente, devido essencialmente ao seu design inteligente. Como poderíamos aplicar o mesmo princípio de concepção ao tráfego nas nossas estradas?
Se acreditas que os meios de transporte deveriam ser concebidos para que fosse quase impossível haver mortos ou feridos resultado de colisões entre veículos, então estes ensinamentos são para ti. Se acreditas que a investigação científica pode descortinar a forma de reorganizar a sociedade de forma a que cada indivíduo tenha uma maior oportunidade de aumentar o seu auto-preenchimento e sentido de realização, vais provavelmente apreciar as ideias que aqui vamos expor.
Para tirar o maior partido dessas ideias terás contudo de misturar um estado de mente aberta com algum cepticismo, porque se já é difícil encarar os problemas do nosso próprio tempo, mais difícil se torna compreender as chocantes e fantásticas alterações que podem ocorrer no futuro, ainda que ele não esteja muito longínquo.
Imagina que há cem anos atrás um homem inteligente de Nova York se sentou no seu jardim com um livro nas mãos e previu como seria a vida um século mais tarde. Com toda a certeza que se recusaria a acreditar que em 2006 quase toda a gente se deslocaria em carruagens sem cavalos, capazes de atingir 80 km/h ou até mais, pensando que os engenheiros tinham chegado longe demais. Ele sorriria com sarcasmo ante a previsão ridícula de um homem a pilotar máquinas que ultrapassam a velocidade do som e a ideia de enviar imagens e sons para todo o mundo de forma instantânea teria parecido absolutamente impossível para esse homem há cem anos atrás. Também seria inacreditável que a guerra se desenvolvesse a tal ponto que possibilitasse que uma pequena bomba, dirigida em tempo real do outro lado do mundo, pudesse destruir uma cidade inteira com um erro de milésimas de metro. O nosso cavalheiro do início do século XX teria ainda ficado alarmado com o facto de parte do seu salário ser retido para garantir a sua reforma.
Neste ponto deixemos o nosso cavalheiro balbuciando para si próprio como o mundo se desenvolve depressa demais e como o futuro chegou tão longe.
Seremos nós mais flexíveis ou mais perspicazes hoje? De molde a concebermos um futuro de mudanças positivas, devemos primeiro especializarmo-nos em mudar as nossas mentalidades. As diferenças entre o século XIX e o século XX serão provavelmente pequenas quando comparadas com as mudanças que ocorrerão no que ainda falta acontecer no nosso século presente.
Os estudantes compreenderão melhor as ideias que iremos desenvolver se conseguirem olhar para o presente como a pedra de toque entre o ontem e o amanhã, necessitando igualmente de sensibilidade para as injustiças, para as oportunidades perdidas de realização de felicidade plena e para os conflitos sangrentos que caracterizaram a civilização do século XX.
Não dispomos de uma bola de cristal para determinar o que vai acontecer no século XXI, mas desejamos que alimentes as ideias aqui expostas no teu próprio computador mental e que experimentes alternativas, o que te poderá levar a ideias ainda melhores que possibilitem moldar uma civilização futura melhor. Ao longo destes textos iremos explorar possibilidades pouco comuns, alarmantes, excitantes e, de preferência, possibilidades realizáveis para a concepção do futuro enquanto civilização.
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