A Itália tinha sido uma das principais áreas de subversão da CIA - Central de Inteligência Americana - desde que a agência foi fundada. A CIA estava preocupada que os comunistas ganhassem o poder nas decisivas eleições italianas de 1948. Muitas técnicas foram utilizadas, inclusive a restauração da polícia fascista, que destruiu sindicatos e escondeu alimentos. Mas, ainda ssim, não estava claro que o Partido Comunista seria derrotado. O primeiro memorando do Conselho de Segurança Nacional (CSNI-1948) especificou uma série de acções que os EUA realizariam se acaso os comunistas vencessem as eleições. Uma das respostas planeadas seria a intervenção armada, com ajuda militar, em operações secretas na Itália. Algumas pessoas, especialmente George Kennan, propuseram acção militar antes das eleições. Ele não queria riscos, mas outros convenceram-no de que poderiam ganhar por meio da subversão, o que se concretizou realmente.
No Japão, o governo de Washington iniciou, em 1947, o chamado "caminho inverso", que reverteu os primeiros passos em direção à democratização empreendida pela administração militar do general MacArthur. O "caminho inverso" reprimiu os sindicatos e outras forças democráticas e colocou o país firmemente nas mãos dos empresários, que haviam apoiado o fascismo japonês - um sistema misto de poder estatal e privado que dura até hoje.
Quando as forças norte-americanas entraram na Coreia, em 1945, dissolveram o governo popular local, composto basicamente de antifascistas, que resistiram aos japoneses. Os EUA inauguraram aí uma repressão brutal, usando a polícia fascista japonesa e coreanos que haviam colaborado com os japoneses durante a ocupação. Cerca de cem mil pessoas foram assassinadas na Coréia do Sul antes daquilo a que chamamos Guerra da Coreia. Inclusive, foram mortas entre trinta e quarenta mil pessoas durante a repressão a uma revolta camponesa, na pequena região da Ilha de Cheju.
O golpe fascista na Colômbia, inspirado pela Espanha de Franco, trouxe pouco protesto do governo norte-americano. A mesma coisa ocorreu com o golpe militar na Venezuela e com a restauração de um admirador do fascismo no Panamá. Mas o primeiro governo democrático da história da Guatemala, inspirado no New Deal de Roosevelt, provocou um amargo antagonismo norte americano. Em 1954, a CIA maquinou um golpe que transformou a Guatemala num inferno na terra. E, desde então, mantém-se assim, com intervenção e apoio regular dos EUA, especialmente durante os governos Kennedy e Johnson. Outro aspecto da repressão à resistência antifascista foi o recrutamento de criminosos de guerra como Klaus Barbie, um oficial da SS de Hitler que tinha sido chefe da Gestapo em Lyon, na França, onde recebeu o apelido de "o talhante de Lyon". Embora ele tivesse sido responsável por crimes hediondos, o Exército dos EUA encarregou-o da espionagem na França. Quando Barbie foi finalmente trazido de volta à França, em 1982, para ser julgado como criminoso de guerra, o seu emprego como agente foi assim explicado pelo coronel (aposentado) Eugene Kolb, orpo de contra-espionagem do Exército americano: "As 'habilidades' [de Barbie] eram um mal necessário... As suas barbaridades tinham sido dirigidas contra o clandestino Partido Comunista e contra a Resistência Francesa", que já eram alvo da repressão dos "libertadores" norte-americanos. Já que os Estados Unidos continuavam onde os nazistas tinham desistido, fazia muito sentido aproveitar os especialistas em atividades anti-resistência. Mais tarde, quando se tornou difícil, ou impossível, proteger esse valioso pessoal na Europa, muitos deles esconderam-se nos Estados Unidos ou na América Latina, muitas vezes com a ajuda do Vaticano e de padres fascistas. Lá, eles tornaram-se conselheiros militares de governos policiais, apoiados pelos Estados Unidos, inspirados, muitas vezes quase abertamente, no Terceiro Reich. Eles também se tornaram traficantes de droga, comerciantes de armas, terroristas e educadores - ensinando a camponeses latino-americanos técnicas de tortura inventadas pela Gestapo. Alguns alunos nazistas fizeram o trabalho de casa na América Central, estabelecendo, deste modo, uma ligação directa entre os campos de extermínio e os esquadrões da morte, tudo graças à aliança pós-guerra entre os EUA e os ex-membros das SS.
Sem comentários:
Enviar um comentário