31 de março de 2009

O Papa que não se preocupe...

...porque a malta em África não quer as camisas para pôr na gaita!
O filme que se segue, realizado por Orlando Mesquita de Moçambique, é uma pequena delícia que mostra como se pode fazer uma bola de futebol com preservativos. Vale a pena!




30 de março de 2009

Uma citação a propósito da religião.

"O viajante não está de boa maré. Quer a cultura em que se formou que a arte, quase toda ela, ou pelo menos as suas expressões mais altas, tenha sido criada no seio da instituição religiosa. Ora, tal religião apregoa mais preocupações de vida eterna do que alegrias desta transitória vida, que alegre devia ser, e plena. Quer a religião católica que tudo sejam macerações, cilícios, jejuns, e, se isto não quer tanto hoje, continua a resistir mal às tentações. Alegrias, não as há, e os jubílos hão-de ser celestes, ou contemplativos, ou místicos e extáticos. (...)"


Extracto de "Viagem a Portugal" de José Saramago (pág. 126), Editorial Caminho.


Brilhante, embora sumária, descrição da religião católica e da forma perniciosa como pode limitar a vida e o pensamento de quem a professa. O viajante volta já...

24 de março de 2009

Nosferatu!

Dezassete anos depois de ter publicado o cartoon do Papa João Paulo II com um preservativo enfiado no nariz, que gerou uma enorme polémica em Portugal, o “Expresso” volta a publicar um novo cartoon assinado por António, em que o actual Sumo Pontífice, Bento XVI, é representado com um preservativo envolvendo toda a cabeça, depois de ter dito que esses contraceptivos podem fazer “aumentar o problema” da sida num dos continentes mais afectados pela pandemia: África.


O primeiro cartoon, publicado em 1992, teve origem numas declarações proferidas pelo Papa João Paulo II, igualmente durante um périplo por África, no qual condenou o seu uso. A imagem acabou por gerar muita polémica e chocar alguns dos sectores mais conservadores da sociedade portuguesa.


Aguardando nova polémica, o “Expresso” declara: “porque julgamos que esta é a única forma de preservar a liberdade de expressão, voltamos a publicar um trabalho de António susceptível de gerar acesa polémica”.
Notícia aqui.
Está mais uma vez de parabéns o cartoonista António, que não tem medo e que não se coíbe de desenhar a sua opinião em nome da liberdade de expressão e do cerceamento do ridículo. De facto, a Igreja Católica não sabe quando parar na sua obtusa visão do mundo.

23 de março de 2009

Ser carneiro é que é bom!

A RTP cedeu ao apelo dos partidos da Oposição e retirou do ar o anúncio de promoção da manhã informativa da Antena 1, que ontem foi alvo de polémica no Parlamento. A estação pública explicou, em comunicado, que o spot faz parte de um conjunto de três filmes de autopromoção mas que, “tendo em consideração as diferentes interpretações, o Conselho de Administração da RTP decidiu retirá-lo da emissão”. No anúncio em causa, no ar na RTP 1 desde 26 de Fevereiro, a subdirectora da Antena 1, Eduarda Maio, informa um condutor que está parado no meio do trânsito devido a uma manifestação. E diz que é contra ele e 'contra quem quer chegar a horas'. Os partidos da oposição PSD, CDS-PP, BE e PCP só ontem viram o spot na internet e logo exigiram que o mesmo saísse do ar. 'É um atentado contra a liberdade de expressão e de manifestação contemplados na Constituição', disse ao CM o deputado social-democrata Luís Campos Ferreira, que pediu ainda 'a demissão da direcção da rádio e uma resposta da tutela por se tratar de um acto de gestão'. Também os sindicalistas da CGTP se manifestaram contra o anúncio e apresentaram queixa ao Conselho de Opinião da RTP, aos provedores da rádio e TV e à ERC. O regulador vai apreciar as queixas sobre o anúncio.
Notícia aqui.
Tenho de confessar que me chamou logo a atenção a frase da Eduarda Maio, pessoa que até prezo, da primeira vez que vi o dito anúncio. Lembro-me também de pensar: olha-me esta gaja a que eu até achava piada armada em pastora da carneirada! Sim, porque a leitura que se fazia do spot televisivo era precisamente essa: quem se manifesta, para além de fazer com que os outros se atrasem para o trabalho, ou trabalhinho, fá-lo para desestabilizar e para prejudicar os restantes... É incrível como subrepticiamente tentam passar estas mensagens perfeitamente acéfalas para serem consumidas por uma vasta horda de carneiros em que se está a transformar placidamente a nossa sociedade. Já bem basta que me digam: ah, eu não faço greve porque preciso do dinheirinho... Foda-se! Não precisamos todos? E quem luta pelos nossos interesses e direitos? O Governo? Mmmméeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!

Olha a novidade!

O presidente do Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, Garcia Leandro, afirmou hoje, em declarações ao Rádio Clube, que a legislação que existe contra a corrupção é mal feita e acusa os partidos políticos de bloquearem intencionalmente a criação de leis eficazes.“As leis contra a corrupção são mal feitas. Todas as tentativas que têm sido feitas para as corrigir, nomeadamente pelo deputado João Cravinho, que agora já não é deputado, têm sido bloqueadas na Assembleia da República”, diz o responsável, acrescentando que não é possível fazer praticamente nada para condenar alguém por corrupção. Garcia Leandro frisa que são os membros do Parlamento que não querem que estas leis vão para a frente e critica ainda a promiscuidade entre quem passa do poder económico para o poder político e vice-versa, defendendo que evitar esta promiscuidade tem de passar não só pela via legal mas também comportamental.
Notícia aqui.
Fica sempre bem salientar o óbvio, principalmente quando se ocupam cargos como o que este Sr. ocupa. Vamos a abrir a pestana malta! E já agora assinar a petição aqui em baixo...

Por isso ele se estava sempre a rir...

O padre Vítor Melícias, ex-alto comissário para Timor-Leste e ex-presidente do Montepio Geral, declarou ao Tribunal Constitucional, como membro do Conselho Económico e Social (CES), um rendimento anual de pensões de 104 301 euros. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos. (...)

Notícia completa aqui.
E estamos a falar de um padre franciscano... Definitivamente a abnegação já não é uma característica da Igreja Católica e dos seus membros.

É favor assinar!


clicar no banner para assinar

Já é um começo...

Luís Vilar, vereador socialista na Câmara Municipal de Coimbra, vai começar a ser julgado a 22 de Maio pela alegada prática de cinco crimes, entre os quais um em que é indiciado por corrupção Domingos Névoa, dono da Bragaparques. O crime mais grave pelo qual Luís Vilar foi pronunciado pelo Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Coimbra refere-se a um alegado caso de corrupção passiva. Em causa esta a participação do vereador socialista em votação do executivo camarário, com mais cinco vereadores, que viabilizou a junção de duas parcelas de terreno numa zona central da cidade, no Bota-Abaixo, onde a Bragaparques construiu um parque de estacionamento subterrâneo e edifícios de serviços à superfície. Neste caso, Domingos Névoa é acusado da prática do crime de corrupção activa. Luís Vilar recebeu do dono da Bragaparques, em Março e Abril de 2002, dois cheques de 25 mil euros cada um, que alegou tratar-se de um empréstimo não remunerado cujo montante devolveu mais tarde, uma explicação que não convenceu o TIC. Luís Vilar é ainda indiciado dos crimes de abuso de poder, pelo facto de em 2002 passar a exercer funções de consultor de uma empresa, a Certoma, na área do ambiente, área que integrava um pelouro que exercera anteriormente na Câmara Municipal de Coimbra, e de tráfico de influências, por ter alegadamente recebido um financiamento eleitoral de um empreiteiro num processo de corrupção com o presidente da Académica.

Notícia aqui.

Vamos ver o que vai dar este julgamento... O Névoa, como já vimos aqui, deve safar-se novamente com uma multa irrisória e prosseguir o seu caminho de corromper para reinar. A empresa Bragaparques deveria mesmo ser obrigada a mudar de nome para Corromparques, Ilimitada! É uma festa! Pena é que os muitos outros que fazem exactamente o mesmo não sejam apanhados, ou não se faça mais para os apanhar... Seja como for, não podemos baixar os braços a esta gente. Lutemos contra este cancro social que lesa a pátria, o ambiente, a economia e o estado de direito em geral. Segue-se uma oportunidade para dar voz ao nosso descontentamento.

A propósito da aproximação das várias eleições...


20 de março de 2009

Tens cá uma lata!

Manuel Alegre critica a gestão da economia feita pelo Governo e garante não hesitar em apoiar algumas propostas da oposição. Na terceira edição da revista «Opinião Socialista» o deputado chama a atenção para as necessidades de mudar o rumo da economia e de reflectir melhor na escolha de investimentos públicos. Para Manuel Alegre, urge concentrar esforços em projectos agrícolas e num novo contrato social de combate às desigualdades e à pobreza.
Notícia aqui.
Eu já nem pergunto onde é que o Manuel Alegre estava no 25 de Abril, só quero saber o que é que ele andou a fazer estes anos todos na Assembleia da República enquanto os seus camaradas do P.S. desmantelavam paulatinamente o nosso sistema produtivo e a nossa independência!

E cá quando é que começa?!

Pelo menos 18 pessoas foram detidas esta quarta-feira em Espanha, entre as quais a presidente da Câmara de La Muela, localidade de Saragoça, e Maria Victoria Pinilla, do Partido Aragonês, por alegado envolvimento numa rede de corrupção urbanística. Fontes policiais confirmaram que as detenções decorreram por ordem do tribunal de instrução de La Almunia de Doña Godina, que iniciou as investigações na sequência de uma denúncia feita por um particular. O processo de instrução indica que o grupo de detidos, entre os quais se contam também o marido da autarca, vereadores e empresários do sector da construção, é acusado de crimes de corrupção, burla, tráfico de influências e branqueamento de capital. A autarca agora detida é Presidente da Câmara desde 1987, tendo causado polémica por apoiar grandes projectos urbanísticos e por subsidiar viagens turísticas a centenas de residentes locais.
Notícia aqui.
Eu só pergunto uma coisa: quando é que eles começam a ir dentro cá em Portugal?

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Terceiro Capítulo.

Poderemos aplicar os métodos da ciência ao delinear da nossa sociedade?

A descoberta de princípios científicos permite-nos validar e testar muitas propostas. Se alguém afirmar que um determinado elemento estrutural consegue suportar um número específico de quilos por centímetro quadrado, essa afirmação pode ser testada e aceite ou rejeitada com base nos resultados desse teste. São estes testes que nos permitem conceber e construir pontes, edifícios, navios, aviões e outras maravilhas da tecnologia.

Praticamente toda a gente que conheces optará pelo método científico quando toca a cirurgias médicas, viagens de avião ou à construção de coisas como arranha-céus, pontes e automóveis. Ao longo dos séculos desenvolvemos uma espécie de consenso que nos leva a optar, quando se trata de assuntos de segurança pessoal, pela ciência em vez de seguir a via da magia em sentido lato. E porque será que isso acontece? Provavelmente porque resulta e porque toda a gente pode ver que assim é sem margem para dúvidas.

Então porque não acontece isso quando chega a vez de delinearmos e planearmos as nossas sociedades: as nossas cidades, os nossos sistemas de transporte, a agricultura, a assistência médica e por aí fora? Se pensavas que já nos encontrávamos a fazer todas essas coisas de forma científica, não podias estar mais enganado! Se é certo que a ciência tem muito a ver com as coisas que funcionam, então claramente o modo como são programadas e executadas as políticas económicas e sociais nos dias de hoje têm muito pouco de científico, prova disso é que os vários sistemas nacionais não estão a funcionar bem para a larga maioria da população mundial e muito menos para o ambiente global. Caso funcionassem bem, então as guerras, a pobreza, a fome, a poluição, etc., não seriam problemas tão grandes como ainda são. Infelizmente, as nossas estruturas sociais evoluíram sem terem em linha de conta um planeamento a nível global.

Uma das condições para a missão de redesenhar as sociedades é que o teu próprio sistema social seja capaz de ser suportado pelas capacidades de recursos do planeta a uma taxa de exploração sustentável, o que não acontece agora. Isto significa que os recursos existentes devem ser capazes de suportar a vida no planeta para todos os seus habitantes, o que vai concerteza necessitar de métodos de avaliação científicos.

Se pretendermos colocar uma pessoa na Lua, não basta construir um foguetão e enviá-lo. Há primeiro que testar, por exemplo, se o corpo humano suporta esse tipo de viagem, pelo que haveria de se colocar primeiro alguém num simulador de voo para aferir que força gravítica pode de facto ser suportada pelo nosso corpo. Outros testes ainda deveriam ser realizados, como aquele que permite ver como o corpo se comporta em ambiente de gravidade zero e os efeitos respectivos na saúde humana. Teríamos ainda de ter informação sobre as possibilidades de sobrevivência em ambiente lunar, se existe água, ar, uma temperatura suportável, etc.
Da mesma forma que devemos olhar para o planeta como um todo e perguntar: “Que temos nós aqui?”, devemos aplicar esse mesmo método inteligente de planeamento usando um sistema científico de ciências da Terra para a sobrevivência planetária. O grau com que teimamos em não aplicar este método científico ao modo como vivemos na Terra pode muito bem ser proporcional à quantidade de sofrimento que vai ocorrer por esse motivo. Sofrimento desnecessário portanto.

Como conseguimos fazer isso em consciência?

18 de março de 2009

Estás mesmo a pedi-las Ção!


Direitos, liberdades e garantias pessoais.

"Artigo 37º. Liberdade de expressão e informação.
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de
censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos."


Ora é precisamente ao abrigo deste artigo, nomeadamente dos seus nº 1 e 2, que esta casa debita a sua indignação. Quanto aos restantes pontos do artigo, eles que venham que eu cá os espero...
Não é possível falar-se de censura sem nos recordarmos imediatamente da famigerada Comissão de Censura omnipresente antes do 25 de Abril de 1974, mas infelizmente não é preciso recuar tanto tempo para nos depararmos com censura aguerrida por parte de quem detém o poder político. Ainda recentemente veio a público a interferência directa de um membro do Governo sobre um jornalista (Mário Crespo), na tentativa de saber antecipadamente que perguntas iam ser colocadas e indicando claramente aquelas a que não responderia. Mais grave, ou talvez não, é a manipulação diária dos jornalistas através dos Directores de Redacção imposta por assessores políticos exclusivamente dedicados a tudo o que é impresso. Não esquecer ainda a vil ameaça feita ao semanário "Sol", com boicotes monetários expressos ao nível da publicidade, caso publicasse informação acerca do caso Freeport. São "tiques" que demoram a desaparecer, dirão os mais benevolentes, mas eles não desaparecem porque a tendência é para que se agravem pelo rumo que as coisas estão a tomar. Um poder político refém dos interesses económicos que por sua vez controlam, de facto, a imprensa e os meios de comunicação social em geral, não augura nada de bom. Em vez de estarmos a construir uma sociedade cada vez mais informada, inteligente e com a capacidade crítica necessária a não permitir abusos de qualquer ordem, estamos a resvalar para uma sociedade pseudo-informada, onde apenas é veiculada a informação que lhes interessa e da forma que lhes interessa. Nunca houve tanta informação e de tão fácil acesso, mas no meio de, literalmente, tanto lixo, é cada vez mais difícil de encontrar as pérolas, de nos depararmos com a verdade e assim nos podermos cultivar como indivíduos capazes de fazer progredir a sociedade no sentido da justiça, da fraternidade e da equidade. Como tenho a certeza que há muito boa gente, e também factos, mais capazes do que eu para analisar esta questão mais a fundo, deixo agora algumas reflexões acerca da censura sempre presente e dos seus efeitos perniciosos:



E pergunto eu: se trocarmos o nome do Salazar pelo do Sócrates não vos parece que se está a falar da actualidade?
Há também quem afirme que legalmente a censura acabou, mas que o jornalismo não é impermeável às influências do poder político e económico. Rui Osório diz que nunca ninguém o tentou condicionar, mas admite que “na sociedade de hoje como o neoliberalismo é sem rosto, a gente nem sabe o nome das pessoas que movimentam as cordas disto. Um grupo que investe o seu capital e tem a capacidade de concentrar vários orgãos de comunicação social pode ser um limite à liberdade dos jornalistas que se forem despedidos têm um campo de escolha muito limitado”. E, assim, a conversa desliza para a concentração dos media e os perigos que isso representa. Em Portugal, o panorama dos monopólios é este: “Impresa”, “Media Capital”, “Lusomundo Media/ PT”, “Cofina” e “Sonae”. Poucas empresas que detêm tudo o que se publica em Portugal. No meio de uma teia de hierarquias, até onde vai a liberdade dos jornalistas?
Rui Pereira é jornalista há vinte anos. Não exerceu a profissão durante o Estado Novo, mas crê que foi alvo de censura em democracia. Rui Pereira trabalhou cerca de dez anos no “Expresso”. Na sequência de uma série de reportagens sobre a “ETA” que foram publicadas, o jornalista lançou um livro sobre o país basco- “Euskadi”-. Depois disto, recebeu a indicação de que teria de parar de escrever sobre o país basco no jornal. Mas a estória não acaba aqui. Rui Pereira continuou a sua investigação sobre o povo basco e realizou uma entrevista com a “ETA”, a qual iria ser transmitida pela SIC, mas à última hora não passou. Porquê? Os directores da estação de televisão alegaram que era porque os entrevistados estavam encarapuçados e isso não constava no livro de estilo da SIC. Mas Rui Pereira recebe a indicação por um jornal espanhol de que teria havido influências do governo espanhol para não transmitir o trabalho.

O presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel, foi surpreendido ao início da tarde com um fax do Ministério Público no qual era dado um prazo à autarquia para retirar o conteúdo sobre o computador Magalhães, que fazia parte do "Monumento", e onde apareciam mulheres nuas no ecrã do portátil. “Achamos que pela primeira vez após o 25 de Abril temos um acto de censura aos conteúdos do Carnaval de Torres”, lamentou o responsável, em declarações à Antena 1.

Nos últimos dias, falou-se de telefonemas de assessores do Governo para órgãos de comunicação, incluindo a Renascença. Não há mal em que gabinetes ministeriais contactem jornalistas. Até podem ser contactos úteis para uma boa informação, desde que feitos de boa fé e não como forma de pressão. Mas, se a ideia for condicionar o jornalista, a este cabe saber defender-se. Só é condicionado quem se deixa condicionar. Mais preocupantes são as intenções legislativas do Governo. Por exemplo, a ideia de pôr a Comissão da Carteira dos Jornalistas a vigiar e a aplicar sanções aos profissionais da comunicação social. Não é auto-regulação, pois os jornalistas estão em minoria naquele órgão. Os jornalistas não estão acima da lei, claro. Mas é nos tribunais que devem ser julgadas as eventuais infracções dos jornalistas. Ou seja, pela via administrativa, mais ou menos disfarçada, o poder político está a ceder à tentação de controlar a informação.
F. Sarsfield Cabral


A Censura não desarmou: alterou critérios de valorização e desvalorização, de artificialização da realidade. Hoje, até se agravam os riscos e os sintomas da gripe para vender fármacos das multinacionais americano-helvéticas. A opinião pública e os Governos são pressionados por campanhas de terrorismo viral (exemplo: gripe das aves), a fim de se atestarem os stocks de paliativos, ao que se diz, pouco mais do que inúteis face a uma verdadeira pandemia, que nunca será de descartar do horizonte científico mas que requereria uma abordagem não de ciclos de propaganda mas de prevenção escrupulosa. Mas que interessará uma postura de prudência metodológica às multinacionais da Saúde e aos seus parceiros informativos? Interessa-lhes fomentar vagas de ansiedade. Estão empenhados, antes e acima de qualquer outra preocupação, na Pandemia Mediática. Ela surte efeitos imediáticos. Ela já provocou um efeito contagioso global e, acima de tudo, já rendeu biliões aos Laboratórios da Guerra Química Farmacológica. Operadas as encomendas, obtido o efeito da vaga de medo, os média, instrumentos activos ou passivos do marketing sanitário- eis que as centrais de telecomando descalendarizam o iminente apocalipse aviário: o perigo parece haver-se ausentado para parte incerta e para uma era remota, deixando os especialistas de Saúde Pública e os comentadores mórbidos momentaneamente sem protagonismo nos meios de Comunicação.


Artur Portela, ex-jornalista e membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), não tem dúvidas sobre a existência de pressões do poder político e económico sobre as redacções:
O poder político e o poder económico actuam numa consonância (…). O poder económico e financeiro tem de entrar em linha de conta com a actuação do Estado de quem, em parte depende e, portanto, há uma espécie de acordo tácito e é aí que está, na minha perspectiva, a questão fundamental: esse receio que o poder político tem da reacção do poder económico e a táctica que o poder económico tem de não hostilizar directa e sistematicamente um Estado de quem, em parte, também depende.

Ou seja, ela não acabou naquela madrugada de Abril, tomou foi outras formas, quiçá mais difíceis de perceber...