23 de julho de 2010

Um homem também chora, quando se justifica.

Sindicalista, ex-metalúrgico, homem forjado por uma vida dura de trabalho desde os sete anos, Lula da Silva já deu muitas provas de grande têmpera. Outras de humanismo, pela forma como se manteve ligado às origens humildes enquanto que liderou o Brasil nos sete anos de presidência que agora findam. Lula da Silva emocionou-se, e chorou, ao falar de economia, numa entrevista concedia à televisão “Record”, do Brasil. Num tom exaltado, falou primeiro dos empresários. “Nunca ganharam tanto dinheiro como agora. Nunca tiveram tanta obra”, disse o presidente do Brasil, antes de ir ao encontro das origens. "Tenho a consciência de que vou entregar um outro país. Um país com gente menos pobre, um país com trabalhadores a ganhar mais”, dizia Lula da Silva, quando se notou um primeiro, e discreto, embargo na voz. “Um país com a democracia mais consolidada, com a infraestruturas mais fortes do que já tivemos. Já fizemos tudo? Não, falta ainda muita coisa para fazer”, continuou. Assumindo-se apenas como “o encarregado” que seguiu as orientações do verdadeiro dono da obra que transfigurou as Terras de Vera Cruz, “o povo brasileiro”, Lula da Silva não se conteve. Chorou. E chorou mais ainda ao recordar a conquista democrática que permitiu a um grupo de “catadoras de papel” fazer um empréstimo de 200 milhões de reais. A democratização do acesso ao crédito, como um símbolo do triunfo da voz e da vontade do povo, um sinal da mudança de um país, que deixou de ter só pobres e ricos, que tem uma classe média emergente que garante de crescimento económico. “As pessoas passaram a perceber que o Brasil é deles”, continua, emocionado Lula da Silva, que em 2009 foi considerado pelo jornal britânico “Financial Times” uma das 50 pessoas que moldaram a década. Podem tirar o metalúrgico da fundição, tirar um homem simples do meio do povo e levá-lo para um palácio, mas, pelo menos com Lula da Silva, não podem arrancar-lhe do peito o povo que lhe pulsa no coração. Ao recordar um encontro que promoveu com “pessoas de rua” no palácio presidencial, a emoção desabou, em forma de lágrimas, pela barba de um homem rijo, esse mesmo Luís Inácio que, menino ainda de sete anos, vendia laranjas no porto de Guarujá, no estado de Pernanbuco. “Acho que estou a ficar velho”, reagiu, ao tirar o lenço do bolso, para limpar os olhos e o rosto. Mais velho e mais sábio, olha o relógio do tempo com o grande mestre, que tudo aclara. “Só vou fazer uma avaliação do Governo depois de algum tempo. Vou descobrir muitas coisas que não fiz; vou valorizar algumas coisas que fiz”, disse. Nos sete anos de presidência de Lula, o Brasil mudou. Passou de país subdesenvolvido, ou, para aos mais optimistas, em vias de desenvolvimento, a potencia regional e, depois, mundial. A força do petróleo, com novos e pujantes poços a brotar ouro negro, ajudou o Brasil a assumir-se como voz audível no panorama político internacional. Lula da Silva, o homem de quem o Mundo desconfiava, em 2003, foi eleito personalidade do ano de 2009 pelos jornais “El País”, Espanha, e “Le Monde”, França. Afinal, “o comuna” não transformou o Brasil numa União Soviética nas barbas dos EUA. Apenas fez do Brasil um país mais parecido com a América.

Notícia aqui.

22 de julho de 2010

Direitos e deveres sociais.

"Artigo 70º. Juventude.
1. Os jovens gozam de protecção especial para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente:
a) No ensino, na formação profissional e na cultura;
b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social;
c) No acesso à habitação;
d) Na educação física e no desporto;
e) No aproveitamento dos tempos livres.
2. A política de juventude deverá ter como objectivos prioritários o desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efectiva integração na vida activa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço à comunidade.
3. O Estado, em colaboração com as famílias, as escolas, as empresas, as organizações de moradores, as associações e fundações de fins culturais e as colectividades de cultura e recreio, fomenta e apoia as organizações juvenis na prossecução daqueles objectivos, bem como o intercâmbio internacional da juventude."

Algum jovem quer comentar?

16 de julho de 2010

15 de julho de 2010

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Décimo Primeiro Capítulo.

Como são Distribuídos Equitativamente os Recursos.

No mundo de amanhã a distribuição de bens e serviços pode ser conseguida sem o uso de dinheiro ou passes de transporte através de grandes centros de distribuição. Estes centros funcionariam de modo similar a feiras de exposição onde as vantagens dos produtos novos são explicadas e demonstradas. Esses centros de exposição exibiriam o que há de novo e disponível, indicando a sua quantidade e sendo constantemente actualizados.

Em todas as comunidades espalhadas pelo globo haveria monitores tri-dimensionais instalados em cada lar. Caso se pretenda determinado artigo, um pedido será emitido e o artigo será entregue automaticamente em nossa casa sem um preço tabelado a pagar, servidão associada ou dívida de qualquer espécie. Este sistema poderia incluir tudo o que a população necessitasse em termos de utensílios para a casa, vestuário, educação, cuidados de saúde, entretenimento, etc.

As matérias-primas destinadas à produção dos artigos podem ser transportadas directamente para as instalações de fabrico através de sequências automatizadas de transporte utilizando barcos, mono carris, comboios de levitação magnética, condutas e tubos pneumáticos. Um sistema de inventário automatizado integraria por seu turno todos os centros de distribuição e instalações de fabrico, coordenando a produção para ir de encontro à encomenda efectuada. Desta forma pode ser mantida uma economia equilibrada e baseada nas reais necessidades de produção. As faltas, excessos de produção e desperdícios são assim eliminados neste sistema.

Se alguém visitar por exemplo o Parque Natural de Yellowstone, actualmente localizado nos Estados Unidos da América, pode simplesmente encomendar uma câmara de vídeo ou de fotografar, usá-la (mesmo que para isso necessite de assistir a aulas para aprender a usar a máquina ou técnicas de fotografia, ambas pagas na actual sociedade) e depois simplesmente devolvê-la a outro centro de distribuição, eliminando a necessidade de arrumação e a manutenção. O mesmo se passa com uma biblioteca pública mas mais convidativo e com mais potencial informativo. Existem tantas actividades e áreas de interesse possíveis nos centros de artes e ciências que as pessoas podem vaguear por eles até que se decidam qual se relaciona mais adequadamente com aquilo que procuram.

Neste futuro cibernético um casal pode visitar um centro de projecto arquitectónico onde se senta frente a um monitor hemisférico de aproximadamente dois metros de diâmetro, descrever o tipo de casa que pretende e os pormenores que gostaria de ver presentes e, em pouco tempo, ter uma projecção tridimensional do objecto pretendido no centro desse hemisfério. Essa imagem pode ser lentamente rodada para apresentar uma visão completa tanto do interior como do exterior. Caso solicitem alguma alteração a imagem tridimensional é rapidamente alterada de acordo com essa vontade. Uma vez terminada a encomenda o computador apresenta várias alternativas possíveis que podem ser visitadas virtualmente e novamente modificadas de acordo com a vontade dos interessados. Quando se atinge o projecto final os procedimentos de construção são iniciados, seleccionando o computador os materiais em função da eficiência e da durabilidade. Nenhuma da arquitectura produzida tem carácter permanente, podendo ser modificada e actualizada a pedido dos seus ocupantes. A isto se chama uma real escolha individual. Num sistema monetário a maior parte da população vive perto da sua área de trabalho com uma casa, um carro e um estilo de vida que não pode pagar (ou que pelo menos frequentemente tem muita dificuldade em pagar), em vez de viver numa zona de que realmente goste. A sua liberdade de escolha fica assim limitada ao seu poder de compra. Por outro lado, muitas pessoas ricas escolhem o local para viver com base apenas no preço dos terrenos e com o único intuito de poderem impressionar os demais com o seu “status”. A economia baseada nos recursos altera a função residencial de símbolo de “status” ou abrigo básico para uma reflexão sobre a individualidade e os interesses pessoais de cada um.


Assuntos Familiares.

Apesar das novas tecnologias nos parecerem fantásticas, podemos facilmente compreender que os mais profundos efeitos não se repercutem nessas tecnologias mas sim nos nossos estilos de vida. Na maior parte dos casos e no sistema social actual é necessário que ambos os membros de um casal trabalhem para que consigam sustentar o seu estilo de vida. A economia monetária mina por isso a coesão familiar e os cuidados prestados às crianças porque os pais não dispõem da quantidade de tempo adequado para dedicar aos seus filhos e são constantemente importunados por uma crescente onda de contas para pagar que vão desde despesas médicas, seguros de vida, despesas de educação, até ao custo de vida mais básico como são os alimentos, a energia e a água para consumo doméstico.

É precisamente nesta área que surge um dos mais profundos benefícios da nossa nova civilização. Jornadas de trabalho mais curtas bastam para que os membros de uma família possam dedicar mais tempo uns aos outros e a si próprios, permitindo enfoque nas áreas de interesse pessoal. O livre acesso a bens e serviços transforma os lares em locais mais aprazíveis e a abolição das obrigações económicas para com os bancos e o Estado reduz a agitação familiar. Esta nova sociedade é concebida de modo a que as pessoas possam escolher os seus próprios interesses, desenvolvendo potenciais eventualmente escondidos e perseguindo os seus sonhos sem qualquer intervenção do governo ou restrição financeira.


Conclusão.

Os conflitos existentes hoje com os nossos semelhantes humanos decorrem essencialmente de diferenças de valores e do limitado acesso às necessidades básicas da vida. Se conseguirmos atingir uma civilização futura mais sã os conflitos centrar-se-ão em resolver problemas comuns a todos os humanos do planeta. Numa cultura vibrante e emergente, ao invés de termos conflitos entre nações teremos de resolver desafios relacionados com a crescente escassez de alimentos, a reparação de ecossistemas gravemente afectados, a produção de tecnologias inovadoras e limpas, o aumento do rendimento agrícola, a melhoria das comunicações interpessoais e entre nações, a partilha desprovida de lucro de tecnologias e a meta de viver uma vida com mais significado real.

As pessoas devem ser livres de perseguir quaisquer empreendimentos que achem construtivos para a sociedade sem pressões económicas, constrangimentos e impostos que são inerentes ao actual sistema monetário. E por empreendimentos construtivos queremos dizer qualquer projecto que melhore a vida dos indivíduos e do colectivo. Com estas grandes alterações as pessoas poderão viver mais tempo, com mais saúde e com um sentido de vida mais livre e mais adequado às aspirações de cada um. A medida do sucesso passaria a ser a realização pessoal de cada indivíduo em prol da comunidade, em vez da acumulação desmesurada de riqueza, propriedade privada e poder pessoal.

À medida que melhoramos a vida dos outros, protegemos o nosso meio ambiente e trabalhamos no sentido de proporcionar abundância, todas as nossas vidas podem sair enriquecidas e mais seguras. Se estes valores fossem colocados em prática permitiriam a todos nós atingir um muito mais alto nível de vida num relativamente pequeno período de tempo, podendo e devendo depois ser continuamente melhorado para as gerações vindouras. Quando a educação e os recursos do planeta estiverem disponíveis para todos sem um preço associado a pagar não existirá limite para o potencial humano.

Para obter mais informação, livros e vídeos produzidos por Jacque Fresco deve visitar o seguinte site e respectiva loja on line:

http://www.thevenusproject.com/

Jacque Fresco
The Venus Project, Inc
21 Valley Lane Venus
FL 33960
USA

Telefone: 863-465-0321
Fax: 863-465-1928

fresco@TheVenusProject.com
meadows@TheVenusProject.com



Traduzido para português de Portugal por Vermelho: vermelhoemprivado@gmail.com

E pronto. Já cá está todo e vai ficar ali do lado direito para download. Usem e abusem!

13 de julho de 2010

Petição contra a demolição da Igreja de S. Paulo em Elvas.

Ex.mo Sr. Ministro da Defesa:

A Igreja de S. Paulo em Elvas, edifícada no sec. XVIII e localizada no Centro Histórico, propriedade do Ministério da Defesa, dentro de poucos dias será demolida. Esta é a maior igreja da Congregação dos Monges de Jesus da Pobre Vida, também conhecidos como Paulistas da Serra de Ossa, única ordem masculina com origem e casa mãe em Portugal. Não faz sentido a zona alta da cidade ter sido recuperada e reabilitada nestes últimos anos; castelo, antigos quartéis (oficinas de artesanato), Casa das Barcas (mercado municipal), Quartel do Trem (Escola Superior Agrária), e Nossa Senhora da Conceição; e agora ocorrer um acto de inqualificável desprezo pelo património edificado. De acordo com o Plano Director Municipal a Igreja de S. Paulo é um imóvel em vias de classificação. Nós os subscritores desta petição, vimos por este meio solicitar a V.Exa, responsável pelo Ministério da Defesa, a não demolição da Igreja de S. Paulo em Elvas.

Podem assinar a petição aqui.

Retiro o que comentei na lenha anterior!

A juíza Isabel Pinto de Magalhães foi ontem formalmente acusada de dois crimes de falsificação de documentos e um de branqueamento de capitais no âmbito do caso Universidade Independente. A magistrada terá ajudado o ex-marido, vice-reitor da instituição, a ocultar o dinheiro que aquele desviava da universidade. O inquérito decorreu à parte do processo que já tem 26 acusados no Ministério Público (MP) do Tribunal da Relação. De acordo com a investigação, a juíza e, na altura, o marido, Rui Verde, com o dinheiro desviado da instituição terão comprado casa que depois foi vendida através de uma escritura falsa a uma empresa que pertencia a ambos. O dinheiro da venda foi depositado na conta da irmã da juíza. O dinheiro lavado serviu depois para a compra de um jipe. De acordo com o MP, Isabel Pinto de Magalhães agiu contra a justiça "com a agravante de ocupar um cargo dentro da própria justiça". Isabel Pinto de Magalhães chegou a estar colocada nas varas cíveis do Porto e, neste momento, está a exercer funções mas como auxiliar. Caso venha a responder em tribunal terá de suspender a actividade.

Notícia aqui.

Porra! Já nem nos Juízes se pode confiar carago! Suspender a actividade? E que tal nunca mais a poder exercer?

Garanto-vos que não foi a mim que o entregaram!

Os 500 mil euros foram levantados pelos arguidos Charles Smith e Manuel Pedro, sócios da Smith & Pedro, a consultora encarregue de tratar da instalação do empreendimento comercial em Alcochete, entre 2002 e 2004. O relatório final da PJ dá como altamente provável a existência de crimes de corrupção que terão levado ao chumbo inicial do projecto do outlet para que pudesse ser pedido dinheiro em troca da sua aprovação. O documento de 756 páginas, entregue a 21 de Junho no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, afasta qualquer suspeita sobre o primeiro-ministro José Sócrates, então titular da pasta do Ambiente, mas aponta algumas contradições. Segundo descreve a revista, no documento, ao contrário do que é procedimento comum, a PJ evitou tecer conclusões individualizadas. A decisão final do inquérito está agora nas mãos dos procuradores do Ministério Público Vítor Magalhães e Paes Faria. Outra das questões que ficou por esclarecer, adianta a mesma fonte, é o paradeiro de algumas contas bancárias sediadas em paraísos fiscais e que estariam em nome de Charles Smith e da sua filha Francesca. Os investigadores portugueses chegaram a pedir ajuda ao Serious Fraud Office, organismo inglês especializado na investigação de crimes económicos, mas as autoridades judiciais disseram que sem um número exacto de uma conta seria impossível chegar à mesma e seguir o rasto do dinheiro. A Sábado descreve, ainda, a relação conturbada entre a justiça portuguesa e inglesa. E dá como exemplo o Serious Fraud Office nunca ter cedido qualquer dado sobre a imobiliária irlandesa R. J. McKinney, que foi a primeira proprietária dos terrenos de Alcochete, e por não ter permitido um interrogatório directo a Alan Perkins, o funcionário da Freeport que surge no polémico vídeo gravado em Lisboa com Smith e um dos seus funcionários, João Cabral, a referir o pagamento de “luvas” a Portugal. Assim, a investigação portuguesa apenas conseguiu encontrar algumas fugas fiscais da consultora, que terá recebido comissões de quatro milhões de euros e só declarado metade – crimes que prescrevem ao fim de cinco anos pelo que, provavelmente, já não serão tidos em conta.O relatório da PJ não faz imputações directas de crimes aos sete arguidos já constituídos no inquérito mas deixa antever que alguns poderão ser acusados pelo Ministério Público de financiamento ilegal de partidos políticos e corrupção para acto ilícito. Este último, ao contrário da corrupção para acto lícito, só prescreve ao fim de dez anos.

Notícia aqui.

Ele foi levantado, circulou, mas descobrir quem o arrecadou é que é pior... Pudera! Parece que já nem na Polícia Judiciária se pode confiar.

Não está mal visto...

Todos os titulares de cargos políticos, incluindo deputados e gestores designados pelo Estado, serão obrigados a declarar rendimentos sempre que aumente o património pessoal. É uma das decisões da comissão anti-corrupção que ontem terminou os trabalhos. A obrigatoriedade dos titulares de cargos políticos, de altos cargos públicos e equiparados apresentarem novas declarações de rendimentos sempre que haja um “acréscimo patrimonial efectivo”, em valor superior a 50 salários mínimos vai tornar-se lei. Na prática, será uma forma indirecta de chegar a resultados idênticos aos pretendidos com a criação do crime de enriquecimento ilícito, que foi rejeitado por PS e CDS-PP. A ideia tinha sido defendida pelo jurista Magalhães e Silva, numa audição na comissão, e foi acolhida pelo PCP. Ontem, começou por ser rejeitada pelo socialista Neto Brandão, mas o coordenador do PS, Ricardo Rodrigues, deu ordem para o voto favorável e o projecto do PCP foi aprovado, caindo a actualização anual de rendimentos, que vinculava apenas os cargos executivos. Na alteração no regime legal, que estabelece o que deve constar das declarações de rendimentos e alarga o conceito de cargos políticos aos gestores nomeados pelo Estado e das empresas municipais, fica ainda estipulado, que além das contas a prazo terão de ser declaradas as contas bancárias à ordem acima do limite de 50 salários mínimos. Outras das inovações, defendida na comissão por magistrados e penalistas, é a do alargamento do regime especial de protecção de testemunhas a crimes de burla qualificada e gestão danosa. Acresce que haverá um aumento para quinze anos dos prazos de prescrição dos crimes de corrupção, além de ficar estabelecida a possibilidade de derrogação do sigilo bancário sempre se se verifiquem dívidas à Segurança Social. Ainda para dar resposta às dificuldades da investigação, os deputados aprovaram a criação de uma base de dados de contas bancárias, junto do Banco de Portugal, à qual terão acesso os magistrados do Ministério Público, no âmbito da investigação de crimes de corrupção ou de participação económica em negócio. Quanto a alterações ao Código Penal, dois novos crimes foram criados - o urbanístico e o de recebimento indevido de vantagens. No primeiro caso, a violação de regras urbanísticas atingirá os funcionários e os promotores imobiliários, além de implicar a demolição da obra em causa. O outro crime criado prevê uma pena de prisão até cinco anos para o funcionário ou titular de cargo político que solicitar ou receba vantagem patrimonial que não lhe seja devida. O consenso imperou nos trabalhos da comissão para o acompanhamento do fenómeno da corrupção e as novas leis, além de uma recomendação ao Governo, serão aprovadas, definitivamente, em plenário, até ao final da sessão legislativa, no próximo dia 22. Ao princípio da tarde de ontem, a satisfação pela forma como decorreram os trabalhos ficaram expressos pelo presidente, Vera Jardim. Além de elogiar o consenso a que foi possível chegar em quase todos projectos, acentuou a inovação de os deputados sugerirem, no âmbito da comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Liberdade e Garantias, a criação de um grupo de trabalho para acompanhar a aplicação prática das leis agora aprovadas.

Notícia aqui.

Vamos então ver como é aplicada a nova lei.

7 de julho de 2010

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Décimo Primeiro Capítulo.

Estilos de Vida.
O Que Fazem as Pessoas?


Desde as primeiras civilizações humanas até aos dias de hoje a maior parte dos seres humanos foram forçados a trabalhar para conseguirem sobreviver na sociedade. Muitas das nossas atitudes perante o trabalho derivam precisamente do excesso que representava o trabalho nesses tempos primordiais. No passado era imperioso que a população transportasse a sua própria água até à residência para consumo diário. Deviam também recolher e transportar a madeira essencial para aquecimento e cozinhar e preparar combustível adequado para iluminação doméstica. Teria sido muito difícil para eles imaginar uma época em que a água brotasse directamente nas suas casas com o rodar de uma torneira e, obter luz imediatamente premindo um simples botão teria parecido algo do domínio da magia. As pessoas desses tempos antigos teriam já provavelmente imaginado o que poderiam fazer com o seu tempo livre se não tivessem de executar tarefas tão demoradas, e por vezes pesadas, essenciais à altura para manter e sustentar as suas vidas.

Aliviando as Pressões Humanas.

Seres humanos livres de dívidas, insegurança e medos tornam-se inevitavelmente pessoas mais amáveis e amistosas. Se não existir mais ninguém para vender o que quer que seja a quem quer que seja ou para privar alguém de bens e dinheiro, as bases para pérfida agressão e disputa humanas estão erradicadas. As pessoas deixarão de estar sobrecarregadas com enervantes preocupações, que tanto tempo consomem nas suas vidas, como hipotecas, empréstimos, custos de cuidados médicos, propinas da educação dos filhos, seguros de incêndio, da casa e do automóvel, recessões ou depressões económicas, perder o emprego e, os impostos. Com a eliminação destes fardos permanentes impostos na vida do cidadão comum e o desaparecimento das condições sociais que promovem a inveja, a ganância e a competição desmesurada, as vidas das pessoas têm finalmente condições para se tornarem de longe mais significantes e com verdadeiro sentido humano.

O objectivo deste novo projecto social é encorajar um também novo sistema de incentivos que não esteja direccionado para os superficiais e egocêntricos objectivos da acumulação de riqueza, propriedade e poder. Estes novos incentivos impulsionam as pessoas na direcção da realização pessoal e da criatividade, da eliminação da escassez, da protecção do ambiente e, acima de tudo, para a real preocupação com o seu semelhante humano. As pessoas teriam os meios e o tempo necessários para empreenderem o seu crescimento intelectual e espiritual e o ambiente propício para se mentalizarem do que realmente significa ser humano numa sociedade inclusiva e que se preocupa com os demais. Ao invés de evoluírem simplesmente para uma época de puro lazer, as pessoas verdadeiramente inteligentes e empenhadas teriam no fundo pouco tempo livre, mesmo não tendo a obrigação de trabalhar para poder viver, ou sobreviver. A necessidade de melhores e mais eficientes maneiras de fazer as coisas é permanente e isso levaria as pessoas a quererem participar na sociedade, observando como isso pode directamente beneficiar o seu modo de vida e dos seus semelhantes, à medida que os processos são constantemente alterados e melhorados. Não há aqui qualquer utopia. A própria noção de utopia é estática. A sobrevivência de qualquer sistema social depende em última instância da sua capacidade de permitir a mudança que melhore a sociedade como um todo. Contudo, nos dias de hoje, a maior parte das pessoas não está ainda preparada para mudanças na sociedade, tanto do ponto de vista emocional como do intelectual.

Uma vez livres dos fardos associados à sobrevivência as pessoas teriam tempo para dedicar aos seus interesses pessoais como prolongar e aumentar a sua educação que, uma vez disponível para todos e sem custos monetários associados, se poderia tornar num processo sem fim. As cidades do futuro seriam universidades vivas com a maior parte da população a frequentar aulas em escolas e faculdades com a possibilidade de participar igualmente em outras actividades. Haveria aulas para interessados em teatro, fotografia, pintura, ballet, e todas as outras artes em centros artísticos dedicados à música, à arte e ao teatro. Haveria a possibilidade de as pessoas se deslocarem a esses centros para trabalharem ou receberem ajuda com as suas novas invenções e criações.

Novos horizontes se abririam para pessoas que nem sequer ousavam sonhar com essas possibilidades no passado devido a falta de tempo ou dinheiro. Chega a ser doloroso imaginar uma vida de ilimitadas possibilidades para aqueles que têm um poder de compra actual muito limitado.

Hoje temos muitos barcos atracados nas docas mas são raramente utilizados pela grande maioria das pessoas por causa do seu preço proibitivo para a maioria da população. Nesta nova sociedade haveria barcos em número mais do que suficientes para uso livre de todos. Poderia também crescer exponencialmente o número de pessoas a aprender a pilotar aviões devido à sua disponibilidade técnica e pedagógica. A estes exemplos podemos juntar um sem número de “hobbies” que estariam disponíveis para usufruto de todos em qualquer altura e nível de aprendizagem.

Imagina um mundo aberto à exploração de todos, com muitas pessoas viajando por esse mundo fora, ajudando em áreas menos desenvolvidas no sentido de as trazer para os mais altos padrões de vida possíveis e no mais curto espaço de tempo. Um mundo onde não haveria pedintes implorando algumas moedas para sobreviver e onde não haveria limites monetários para empreender pesquisas científicas e médicas. Além disso, é sabido que os programas de pesquisa no campo médico são mais bem sucedidos quando as pessoas podem participar e aprender com eles. Este tipo de processo seria aplicado de forma semelhante em todas as outras áreas da sociedade permitindo resultados igualmente proveitosos.

Ao invés da especialização em determinado campo do conhecimento, parece mais razoável que a maioria das pessoas se tornasse mais generalista, aprendendo mais sobre diferentes disciplinas e sobre a forma com elas se relacionam entre si. Deste modo estariam também mais aptas a participar no desenvolvimento de ideias novas em mais áreas da sociedade e até da ciência. Haveria tanta expansão do conhecimento e exploração experimental em todas as áreas que deixaria de ser necessária a preocupação sobre quem decide que experiências devem ser levadas a cabo ou não. Cada novo projecto seria submetido a exploração, testes e avaliações e aqueles que se afirmassem como válidos seriam de facto construídos ou executados.

As pessoas tirariam grandes vantagens das oportunidades de aprender como comunicar melhor com os outros e resolver as suas diferenças sem recurso à violência e, na mesma linha de actuação, ser-lhes-iam fornecidas ferramentas para resolução de problemas que lhes permitiriam depois participar numa vasta variedade de campos do conhecimento e respectivas explorações empíricas.

A noção de entrega total ao ócio ou reforma após uma vida de trabalho tornar-se-ia obsoleta, uma vez que as pessoas disporiam de tantas opções de ocupação do seu tempo que, pela primeira vez nas suas vidas, poderiam perceber o que realmente significa ser membro de uma sociedade global sem que tenham precisamente tempo para fazer tudo o que se encontra à sua disposição e que gostariam de experimentar.

Sem o desperdício de tempo, recursos, vidas e energia consumida pelas guerras e pela preparação para essas guerras, as nossas energias poderiam ser canalizadas em direcção a empreendimentos verdadeiramente construtivos e benéficos para todos. A sociedade seria capaz de dedicar muito mais tempo e recursos a controlar variáveis imprevisíveis como tsunamis, tremores de terra, furacões e outros desastres naturais que ameaçam as nossas vidas. Isto não significa perfeição. Há sempre desafios e problemas não resolvidos, mas é inquestionável que haveria um grande melhoramento nos estilos de vida e a sociedade global poderia atingir os mais altos padrões de vida possíveis para a sua época, tanto materialmente como espiritualmente.

Estás mesmo a pedi-las Ção!

Direitos e deveres sociais.

"Artigo 69º. Infância.
1. As crianças têm direito à protecção da sociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral, especialmente contra todas as formas de abandono, de discriminação e de opressão e contra o exercício abusivo da autoridade na família e nas demais instituições.
2. O Estado assegura especial protecção às crianças órfãs, abandonadas ou por qualquer forma privadas de um ambiente familiar normal.
3. É proibido, nos termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar."

Querem ver?

Em Portugal, a realidade é um pouco diferente. «Não há casos de exploração elevada como acontece nos países menos desenvolvidos mas 47 mil crianças com menos de 16 anos trabalham em Portugal nas mais diferentes áreas», explica ao PortugalDiário a presidente da Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil (CNASTI), Teresa Costa. Desde trabalhos no campo, a serviços ao domicílio, passando por empresas têxteis e supermercados, muitas são as áreas em que o trabalho infantil «tende a aumentar».
A situação torna-se ainda mais alarmante se pensarmos que «são as próprias famílias que encobrem o trabalho infantil. Muitas das vezes são os pais que incentivam e exploram os filhos». Uma situação que é aproveitada pelas entidades empregadoras porque «as crianças são mão-de-obra barata», esclarece Teresa Costa, da CNASTI. E é por isso que «provar casos de trabalho infantil é muito difícil». Detectá-los é simples mas o passo seguinte torna-se «quase impossível» porque todos negam [pais, crianças e entidades empregadoras]», explica. «Transmitir a informação de que é condenável trabalhar quando ainda se devia estar a estudar» seria o primeiro passo para colmatar uma «lacuna da nossa sociedade que já não é considerada grave», acusa a mesma fonte que apela a um consciencialização de todos. Do Estado, que «devia apostar no ensino profissional atribuindo bolsas aos estudantes para os motivar». Da sociedade civil, que «deverá denunciar sempre casos de que tenha conhecimento. Dos pais, que «têm a obrigação de mostrar aos filhos o caminho que devem seguir. E dos professores, que «deveriam incentivar a aprendizagem e evitar o abandono escolar». A situação agrava-se quando falamos nos países menos desenvolvidos. «Em África e na América Latina, as crianças têm que trabalhar para que a sua família sobreviva e não têm benefícios para seu próprio proveito. «Muitas delas trabalham em plantações de café, banana, açúcar e cacau». E é o sofrimento destas crianças que muitas vezes está por trás dos produtos que se consomem em Portugal. Em alternativa ao comércio convencional, o Comércio Justo (CJ) permite aos consumidores dos países ricos comprar produtos de países em desenvolvimento, produzidos respeitando os direitos humanos e o ambiente. Rejeita, assim, o trabalho infantil, valoriza as mulheres e paga um preço e salários justos pelos produtos. Numa altura em que decorre uma campanha «pelo direito a uma infância» contra a exploração do trabalho infantil nas plantações africanas de cacau, a Associação Cores do Globo e a Cooperativa Planeta Sul, duas associações que promovem o CJ, ofereceram cacau quente aos sem abrigo de Lisboa, na última quarta-feira à noite. Um produto produzido em condições dignas por pequenos produtores na Bolívia e no Gana.

1 de julho de 2010

Mais uma vez na berlinda!

O Tribunal de Loures vai enviar para a Procuradoria Geral da República uma certidão com declarações de um dos arguidos no julgamento de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, sobre alegados documentos de fluxos financeiros que envolvem familiares de José Sócrates. O arguido Rui Dias, um dos oito que estão a ser julgados em Loures pelos crimes de associação criminosa, extorsão, sequestro e outros, disse hoje em tribunal que "tem na sua posse documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros", envolvendo "o tio, o primo e a mãe" do primeiro ministro, José Sócrates. Gestor financeiro na área de mercados de capitais, Rui Dias salientou que "por causa desses documentos" é que está detido preventivamente e a ser julgado juntamente com Mário Machado, líder dos Hammerskins Portugal, movimento conotado com a extrema direita. Rui Dias referiu que esses documentos "são originais e não cópias". Mário Machado, que também interveio depois de um juiz do coletivo ter anunciado a diligência para a Procuradoria Geral da República, garantiu que "os documentos estão em dois blocos escondidos em dois sítios diferentes". José Manuel de Castro, advogado de Mário Machado, referiu que o alegado dossiê integra "comprovativos originais de depósitos e transferências de bancos em paraísos fiscais". O causídico assegurou que vai fazer chegar o mais breve possível a documentação à Procuradoria Geral da República. O juiz do coletivo da 1ª Vara Mista do Tribunal de Loures sustentou a extração da certidão pela "denúncia de factos graves".

Notícia aqui.

Mais uma corrida, mais uma viagem! E não cai do carrossel...

Se estes dados não são preocupantes...

Não são pobres porque ainda têm emprego, mas sentem muitas dificuldades em pagar as despesas correntes. Têm mais qualificações que os pais, mas socialmente estão em curva descendente. As "famílias-sanduíche" encontram-se no limiar da pobreza e já representam 31% dos agregados portugueses. Um estudo da Tese – Associação para o desenvolvimento, coordenado pelo Centro de Estudos Territoriais do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) revela que 31% das famílias portugueses se enquadra no escalão imediatamente acima do limiar da pobreza. No estudo, cujas conclusões foram hoje noticiadas pelo jornal 'Público', estes agregados são classificados como “famílias-sanduíche”: ganham entre 379 e 799 euros, o escalão acima do limiar da pobreza, o que as impossibilita de beneficiarem de apoios sociais; mas têm filhos a seu cargo e têm de 'esticar' os rendimentos para conseguirem chegar ao final de cada mês. Vivem maioritariamente nas áreas urbanas, não têm capacidade financeira para cobrirem despesas surpresa (21%) e muitas não conseguem comprar todos os medicamentos de que necessitam (12%). Apesar de terem mais estudos e qualificações que os seus pais (muitos cumpriram ensino secundário e/ou superior) , estão “numa trajectória social intergeracional descendente”. Ou seja, sentem que estão a regredir socialmente em relação aos seus pais e têm receio de não conseguirem responder financeiramente às necessidades de formação dos seus filhos. Para estas famílias, um dos factores para uma vida sem perspectivas de segurança financeira são os regimes laborais que provocam aumento da pobreza, como os “falsos recibos verdes”. A taxa de pobreza em Portugal é de 21%, mas seria de 40% se este índice fosse calculado sem contabilizar os apoios sociais do Estado, adianta o mesmo jornal.

Notícia aqui.