7 de abril de 2009

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Quarto Capítulo.

Mitos existentes.
A força da Lei.
Muita gente tem a crença de que é necessária a força da lei para eliminar ou resolver os nossos problemas. Mas será que é de mais leis que realmente necessitamos? Leis temos nós muitas – milhares sobre milhares delas – mas que são constantemente violadas.
Existem por exemplo milhares de leis que punem o roubo, mas se examinarmos esta questão mais de perto e olharmos para as estatísticas, descobrimos que um pequeno número de pessoas controla a maior parte dos recursos do planeta e a maior parte das pessoas não têm sequer dinheiro suficiente para adquirir os bens estritamente necessários. Como podemos então pensar que, sem alterar esta realidade de base, a aprovação de uma ou mais leis pode evitar o roubo? Já para não falar da dificuldade acrescida que advém da forma como a publicidade torna os produtos mais apetecidos. Quase sem se darem conta disso, as pessoas são expostas a mais de 2.500 anúncios publicitários por dia nos Estados Unidos.
Nem mesmo um tratado de paz, para perspectivarmos a questão das leis num contexto mundial, pode prevenir uma guerra futura se as causas subjacentes não forem igualmente tratadas. As leis para a cooperação internacional não levam em linha de conta as razões pelas quais necessitamos delas – limitam-se a conservar as coisas como estão. Independentemente dos tratados internacionais, a verdade é que as nações que conquistaram terras em todo o mundo pela força e pela violência ainda mantêm a sua vantagem territorial e de exploração de recursos, representando os referidos tratados panaceias temporárias para os problemas existentes e que apenas adiam o conflito por um curto espaço de tempo.
Talvez o necessário seja colocar pessoas diferentes nos governos, pessoas éticas com preocupações relativamente aos outros. Pode até ser que essas pessoas consigam erradicar a corrupção e trabalhar em prol do bem-estar de todos, mas mesmo que as mais éticas pessoas sejam eleitas para as mais altas posições e se nos esgotarem os recursos naturais, continuaríamos a ter o problema da mentira, do engano, do roubo e exploração e também da corrupção para conseguir esses recursos cada vez mais escassos. Não são pessoas éticas que são precisas mas sim uma maneira inteligente de gerir os recursos da Terra para o bem-estar de todos que a habitam.

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