20 de fevereiro de 2009

Direitos, liberdades e garantias pessoais.

"Artigo 26º. Outros direitos pessoais.
1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias.
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na experimentação científica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como fundamento motivos políticos."


Pois, mas que se mete com o P.S., leva! E de que maneira! Vamos avivar a memória?

À pressão pública sobre os funcionários, apresentados como os suspeitos do costume, junta-se agora uma forma bem mais insidiosa de fazer política: a coacção à divergência e a quem ousa protestar. Um bom exemplo disso mesmo é o despacho interno emitido pelo Ministério das Finanças obrigando os serviços a proceder à identificação do pessoal que faça greve. Diz o Governo que estas listagens não terão nenhum efeito e que não será feita "nenhuma identificação do trabalhador". Pois, o mesmo Governo que nomeia zelosos defensores do culto do chefe que, à primeira piada ou critica ao primeiro-ministro, suspendem o funcionário, vem agora fazer-nos crer que, na hora da promoção, as chefias não vão levar em consideração as bases de dados de que dispõem com os registos dos grevistas. Só engana mesmo quem quer ser enganado.

Há cerca de três semanas, o colectivo da JCP produziu e distribuiu no portão, aos alunos que passavam, um panfleto sobre os problemas da escola e do ensino secundário em geral. No dia seguinte, Ana Areias foi acusada pelo conselho executivo de fazer a distribuição dentro do recinto escolar e alvo de um processo disciplinar. «O director de turma chamou a minha mãe para justificar umas faltas, mas afinal era para falar sobre isso. Tive aulas com ele de manhã e não me disse nada, só à minha mãe é que contou que eu tinha um processo disciplinar. Eu soube por ela», lembra Ana. Só depois é que foi chamada ao Conselho Executivo. «Quase que nem me deixaram explicar o que se tinha, de facto, passado. Simplesmente não me ouviram», afirma. Ana foi pressionada para dizer os nomes dos outros estudantes que participaram na distribuição, mas recusou.



E depois não podemos esquecer (o autor da frase "Quem se mete com o P.S. leva" foi Jorge Coelho, agora administrador da Mota-Engil) aquilo que aconteceu ao Miguel Sousa Tavares (também levou...), muito provavelmente por ter liderado a oposição à negociata do projecto Nova Alcântara:
Miguel Sousa Tavares sentiu um «golpe no coração» quando percebeu que o seu computador portátil, onde tinha dois livros iniciados, resultado de um ano de trabalho, se encontrava na lista de objectos roubados da sua casa da Lapa, em Lisboa, noticia o 24 horas. O jornalista e escritor, autor do bestseller «Equador», disse ao jornal não ter cópias completas dos livros que se encontravam no computador. «Perdi mais de um ano de trabalho. Tinha um livro que já ia a meio e outro que ia a cerca de um quinto», declarou. Sousa Tavares estranha o roubo e conta que, quando entrou em casa, regressado de um fim-de-semana no Porto, nada estava fora do sítio. Apenas quando se dirigiu ao escritório é que deu conta que lhe faltava o portátil e a secretária estava desarrumada. Levaram ainda «uma pasta com documentação pessoal e um estojo com papéis». Os assaltantes terão entrado pelo telhado. O comentador da TVI fez queixa contra desconhecidos na PSP e estranha o assalto: «Não me convenço com o facto de terem desprezado outros objectos que tenho em casa e que tenham direccionado todas as energias para levarem um computador onde tenho o meu trabalho literário», disse ao jornal.
É estranho, não é? A casa de uma pessoa com posses é assaltada e não roubam coisas de real valor, dirigindo-se ao portátil... Acham que o Coelhone não era homem para isso? Oh meus amigos, infelizmente, para isso e muito mais.

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