16 de setembro de 2008

Constituição da República Portuguesa.

"Preâmbulo.
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação
revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa. A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país. A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno."


Começamos bem... Coroando a longa resistência do povo português? Fuoooda-se! Lá voltamos ao José Mário Branco: ...mas no fim de contas quem é que não colaborava, ahn? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ahn? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ahn? Meia dúzia de líricos pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada!

Pois é! Tudo muito acomodado, exactamente como nos dias de hoje. Apenas mudam as moscas. Para implantar a República, foi o que se viu, e para derrubar o regime fascista foi necessário o descontentamento dos militares de carreira (os que andavam no terreno a ver os seus homens serem estraçalhados numa guerra que não podiam ganhar, excepção feita a Angola) que, com a escalada da guerra e a falta de oficiais, viam ser promovidos em três tempos a Capitães, milicianos sem a preparação e os estudos dos primeiros. É evidente que havia motivações políticas, a guerra arrastava-se, não havia liberdade, mas, se não fosse o arrivismo dos milicianos, tenho cá para mim que teríamos gramado com a Primavera Marcelista com uma pinta do caraças. E talvez não tivesse sido pior... Sim, não tenhamos medo de o dizer! A descolonização, tal como foi imposta pelo Sr. Mário Soares (brilhante a designação do Contra Informação: Só Ares), apenas serviu para mergulhar Portugal e as Colónias no mais absoluto caos, abrindo feridas que ainda hoje estão por sarar. Vamos por partes. A abertura que Marcelo Caetano prometia, mas que tardava em implementar, permitiria a integração gradual das populações africanas na sociedade, através da sua educação e valorização em igualdade de circunstâncias e com plenos direitos, promovendo assim uma franja de africanos com capacidade para ocupar lugares na administração e, mais tarde, toda a máquina político-administrativa dos novos países, que assim teriam a sua justa e ansiada independência. Se por um lado as ex-colónias beneficiavam da nossa formação, por outro, não teríamos assistido ao desaguar catastrófico no cais de Alcântara de pessoas em debandada geral, naquele que ficou tristemente conhecido como o processo de descolonização. Mas isso não interessava ao Sr. Mário Soares (o verdadeiro 666 da 3ª República) e muito menos aos interesses americanos naquela (África) e nesta (Portugal) áreas do globo. O que interessava era deixar as ex-colónias entregues a guerrilheiros sem capacidade efectiva de governar um estado e Portugal invadido por uma turba de descontentes e humilhados (mais tarde auto-denominados espoliados do Ultramar) com uma particular raiva a tudo o que fosse ou cheirasse a marxismo. Foi como chegar lume a um barril de pólvora, tudo cozinhado por Frank Carlucci (à altura embaixador dos E.U.A. em Portugal) e pelo Inominável.
Abrir caminho para uma sociedade socialista? Onde está ela? E o caminho, onde está? É certo que hoje temos um país mais livre, mas então e a justiça e a fraternidade? As cores são três: Liberdade, Igualdade e Fraternidade!

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