17 de dezembro de 2010

Oh pá, vá lá!

Como sabemos, o sector bancário foi o único que realmente se salvou do sacrifício geral. Empresas, desempregados, pobres, trabalhadores, classe média, todos levaram pela medida grande. Para os bancos, com enormes responsabilidades na situação em que estamos (recordo que o nosso principal problema é, comparativamente com os restantes países europeus, o endividamento externo privado), ficaram as medidas simbólicas. Os mesmos deputados que, na altura de elaborar um orçamento demolidor, acharam que não deviam incluir os bancos nos sacrifícios, resolveram dar um ar da sua graça. Um grupo de parlamentares do PS defendeu um aumento da taxa efectiva de IRC para a banca. Para defenderem o seu ponto de vista recordaram, e bem, que em 2008 e 2009, quando "as instituições financeiras se defrontavam com grandes dificuldades de financiamento externo", o Governo "avançou com a concessão de garantias do Estado para o reforço da estabilidade financeira do mercado português, assumindo responsabilidades até 20 mil milhões de euros". E que a nacionalização do BPN, "operação destinada a evitar uma catástrofe do sistema financeiro" obrigou a uma assistência estatal de 4600 milhões de euros. Perante isto, os corajosos deputados fizeram uma proposta ao governo para obrigar a banca a pagar os mesmo que as outras empresas? Não. Isso seria um sinal inaceitável de radicalismo. Uma irresponsabilidade. Ela que autoproponha um aumento da taxa. Em quanto? "Até poderia ser o valor pago pelas empresas normais, mas também pode ser um pouco abaixo. A banca saberá até onde pode ir." Sim, leram bem: os cândidos (antes fosse isso) "socialistas" querem que os banqueiros tenham a amabilidade de aumentar os seus próprios impostos. E é à vontade do freguês. Mandem aí um valor que o governo aceita. O que espanta já não é a falta de espinha destes senhores. É a falta de sentido do ridículo. Antes a direita, que por não ter vergonha do que defende, não se presta a estas figuras.

Artigo aqui.

É preciso dizer mais alguma coisa? Patético.

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