1 de outubro de 2010

Outra opinião sobre a inevitabilidade do sufoco financeiro que se avizinha e que já começou.

Sob o título “O Preço da Irresponsabilidade”, o economista Álvaro Santos Pereira lança, no seu blogue pessoal, um ataque cerrado às medidas de austeridade ontem anunciadas por José Sócrates e Teixeira dos Santos. Santos Pereira começa por referir que estas medidas “poderiam ter sido perfeitamente evitadas se o governo já tivesse anteriormente atacado o crescimento explosivo da despesa pública”. Acusa o governo de ter adiado os cortes na despesa pública e de ter encoberto a verdadeira situação das contas públicas “por razões eleitorais”. O economista centra-se depois no ministro Teixeira dos Santos, acusando-o de ter “feito todos os possíveis e impossíveis para ocultar o verdadeiro estado das contas públicas nacionais e de omitir os encargos da dívida pública indirecta (das empresas públicas) e dos encargos com as parcerias público-privadas”. No que diz respeito ás medidas em concreto, Santos Pereira começa por condenar o negócio com a PT – transferência do fundo de pensões para o Estado – definindo-o como um “malabarismo contabilístico destinado a transferir o despesismo do presente para as gerações vindouras”. As gerações vindouras, segundo Santos Pereira, são igualmente as grandes prejudicadas das grandes obras como o TGV e as auto-estradas já adjudicadas ou em fase de lançamento. O economista questiona: “onde estão” estas obras, nestas novas medidas? O facto de não entrarem para a Conta Geral do Estado – por se tratarem de parecerias público-privadas – não devia significar que devam avançar uma vez que “quem pagará estas obras serão, uma vez mais, as gerações futuras e os governos vindouros”. Também a subida em dois pontos percentuais do IVA é alvo dos ataques de Santos Pereira. Para o economista trata-se de “uma má política” e “simplesmente desnecessária”. Santos Pereira defende que os 900 milhões de euros adicionais que resultarão desta medida poderiam ser alcançados de outras formas. Aponta alternativas: cortes de 10% na aquisição de bens e serviços do Estado; cortes de 10% nas despesas de 50 institutos não relacionados com a Saúde e com a Educação; cortes de 20% nas despesas de capital; reduções substanciais das indemnizações compensatórias às empresas públicas. Por fim, Santos Pereira ataca o documento ontem apresentado pelo Governo, apelidando-o de “ambíguo, cheio de promessas que não devem ser para cumprir, e sem qualquer estratégia de combate estrutural ao voraz despesismo do nosso Estado”. Um documento, segundo o economista, “de uma era que ficará irremediavelmente marcada na nossa História pela irresponsabilidade gritante dos nossos dirigentes e pelas más políticas que condenaram Portugal a um novo atraso económico que já tinha sido superado nas décadas anteriores”. Álvaro Santos Pereira é docente da Simon Fraser University (Vancouver, Canadá), onde lecciona as disciplinas de Desenvolvimento Económico e Política Económica. É professor na University of British Columbia, onde ensina Macroeconomia.

Notícia aqui.

Uma coisa é certa, quem paga são sempre os mesmos e quem não paga também! Vermes!

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