9 de setembro de 2010

O Daniel Oliveira responde-lhes!

Quando a crise aperta os homens perigosos revelam-se. E se o primeiro alvo de Sarkozy foram os ciganos, logo depois vieram os imigrantes pobres (já tinha dado alguma atenção aos muçulmanos). A França expulsará os estrangeiros com dificuldades de subsistência, tratando-os assim como material descartável. Outras medidas deste pacote "Front National" são a possibilidade de tirar a nacionalidade aos que, não tendo nascido em França, atentem contra a integridade de membros de forças de segurança e a de impedir menores nascidos em França, de pais estrangeiros, de obter a nacionalidade caso sejam condenados a pena de prisão. Sarkozy decidiu, em tempo de crise, concentrar-se nos imigrantes e nos pobres. O mote foi dado por Le Pen há muitos anos: a França para os franceses. Os imigrantes fizeram o seu trabalho, agora que as coisas estão difíceis podem voltar à procedência. Sarkozy criou também um novo tipo de cidadão: o francês a prazo. Mesmo com nacionalidade francesa, a ele não se lhe aplicam as mesmas leis que aos restantes, havendo uma pena suplementar. A nacionalidade não lhe é, na realidade, dada, mas emprestada. Já com os filhos de estrangeiros nascidos em França a coisa é ainda mais grave: pagam o pecado de não terem puro sangue e podem, na prática, vir a ser expulsos para um país que muitos nem sequer conhecem. As expulsões de ciganos europeus e a nova política de imigração e nacionalidade deixam tudo muito claro: a resposta de Sarkozy à crise é a lepenização da política francesa. A agenda é evidente: muçulmanos, ciganos, imigrantes, naturalizados. Quem julga que esta agenda tem alguma coisa a ver com direitos das mulheres, mendicidade e criminalidade padece de uma comovente ingenuidade. A agenda é coerente e politicamente eficaz para afastar a atenção dos verdadeiros responsáveis por esta crise. Não tenho dúvidas que outros líderes europeus lhe seguirão os passos. Só se espanta quem não esteve atento ao senhor que, numa campanha eleitoral, quando passeava por bairro dos subúrbios de Paris, chamou "ralé" aos que o contestavam. Mas a verdadeira "ralé", que usa o ódio e o racismo para ganhar vantagem durante a crise, está no poder. E ameaça espalhar-se como um vírus pela Europa. Sabemos que os maus momentos económicos acordam os piores fantasmas. Eles aí estão. Le Pen, estás dispensado. Um dos teus já está no Eliseu.

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