7 de março de 2010

Direitos e deveres sociais.

"Artigo 66º. Ambiente e qualidade de vida.
1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.
2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e a participação dos cidadãos:
a) Prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de erosão;
b) Ordenar e promover o ordenamento do território, tendo em vista uma correcta localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento sócio-económico e a valorização da paisagem;
c) Criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio, bem como classificar e proteger paisagens e sítios, de modo a garantir a conservação da natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico ou artístico;
d) Promover o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica, com respeito pelo princípio da solidariedade entre gerações;
e) Promover, em colaboração com as autarquias locais, a qualidade ambiental das povoações e da vida urbana, designadamente no plano arquitectónico e da protecção das zonas históricas;
f) Promover a integração de objectivos ambientais nas várias políticas de âmbito sectorial;
g) Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente;
h) Assegurar que a política fiscal compatibilize desenvolvimento com protecção do ambiente e
qualidade de vida."

Todos têm direito... É uma expressão que aparece muito no texto constitucional, mas que não vemos cumprida. Basta pensarmos no número crescente de pessoas que vivem em bairros de lata sem abastecimento de água e sem esgotos. Não há ambiente que resista! Desenvolvimento sustentável é um chavão com que os sucessivos governos têm enchido a boca sem que façam a mais pálida ideia do que realmente significa. A correcta localização das actividades é bem patente nos centros comerciais construídos em áreas protegidas, nas suiniculturas localizadas junto aos cursos de água, nos projectos que pinam sobreiros a toque de motossera, na tentativa de acabar com a Reserva Ecológica Natural, na construção de infra-estruturas públicas em leito de cheias, etc. O mesmo se passa com a valorização da paisagem que é vista como um entrave. Solidariedade entre gerações é um conceito demasiadamente vago e distante para o discernimento de um político que gosta é de navegar à vista! Não estão a cumpri-la.

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