22 de setembro de 2009

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Oitavo Capítulo.

O Medo das Máquinas.

A Libertação pelas Máquinas.

Muita gente teme a tomada do poder na sociedade pelas máquinas, mas não há conhecimento até hoje de um único acto ou plano orquestrado por máquinas para magoar quem quer que seja… Infelizmente, o mesmo não se pode dizer em relação aos seres humanos! Humanos, e não máquinas, utilizaram gás nervoso e mísseis para a destruição. Mesmo os acidentes com automóveis e aviões são na sua grande maioria provocados por erros humanos e não por falhas mecânicas.

Outros temem os rápidos desenvolvimentos tecnológicos, especialmente as máquinas automatizadas e cibernéticas capazes de substituir os seres humanos, algumas vezes com vantagens. Para sermos justos, alguns destes medos são justificáveis num sistema monetário como o actual onde rápidos aumentos na produção de bens requerem cada vez menos trabalhadores.

Outros ainda desconfiam de uma sociedade computadorizada e temem possíveis falhas que possam ocorrer nas máquinas. Eles preocupam-se com a possibilidade de essa tecnologia nos transformar também progressivamente em máquinas, conduzindo-nos à uniformidade, à perda de individualidade, de liberdade de escolha e da privacidade individual.

Em defesa das máquinas, podemos dizer que não há provas de que as máquinas, por si só, possam actuar contra os seres humanos, excepto talvez em contos de ficção científica. São os humanos que programam as máquinas e lhes ditam os usos, pelo que não são as máquinas que devemos temer mas sim o seu eventual uso impróprio e desviado dos objectivos traçados. Não podemos esquecer que o bombardeamento de cidades, o uso de gás nervoso, as prisões, os campos de concentração e as câmaras de tortura foram todos operados por seres humanos e não por máquinas. Mesmo as armas atómicas e os mísseis teleguiados foram construídos e dirigidos por pessoas. As pessoas poluem o ambiente, o ar que respiramos, a terra arável, os oceanos e os rios. O uso e venda de drogas nocivas, a distorção da verdade, o fanatismo e o ódio racial fazem todos parte de sistemas humanos imperfeitos e de falsa doutrinação, nunca característicos das máquinas.

O perigo não reside nas máquinas, reside em nós. Enquanto não assumirmos as responsabilidades da nossa relação com os nossos semelhantes e o controlo inteligente dos recursos do planeta, permaneceremos como o maior perigo para a vida do planeta que nos sustenta. Mais. Se alguma vez ocorresse um conflito armado entre humanos e máquinas, não teríamos dúvidas sobre quem o despoletaria!

Como vimos, não é nem a ciência nem a tecnologia que estão na origem dos nossos problemas enquanto civilização. Os nossos problemas advêm do abuso e mau uso de humanos sobre outros humanos, sobre o ambiente e a própria tecnologia. Numa sociedade mais humana as máquinas são utilizadas para encurtar a jornada de trabalho, aumentar a disponibilidade de bens e serviços e estender os tempos de lazer. A nova tecnologia é usada para aumentar o nível de vida de toda a população e, deste modo, o incremento da tecnologia mecanizada é benéfico para todos, não se justificando o medo pela actuação das máquinas.

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