17 de março de 2009

"Desenhando o Futuro" por Jacque Fresco. Terceiro Capítulo.

A linguagem da ciência.

A comunicação de ideias e informação começa geralmente com a linguagem, mas quando vês o quão mal entendido podes ser na vida quotidiana percebes que essa pode ser uma tarefa confusa. A nossa linguagem do dia-a-dia evoluiu durante séculos de mudança cultural e, infelizmente, é ainda difícil resolver conflitos de ideias com o seu uso, em muitos casos por causa de diferentes formações e experiências de vida que levam a que uma mesma palavra possa ter diferentes significados para pessoas também elas diferentes. Ou seja, o nosso pensamento pode ser interpretado de forma diferente por outras pessoas, mesmo quando utilizamos a mesma linguagem.

Mas há uma linguagem que pode facilmente ser entendida por muitos, mesmo que localizados em diferentes partes do mundo. Essa linguagem tem um alto grau de correlação física com o mundo real, havendo pouco lugar a confusões no seu uso. Em campos científicos tão diversos como a engenharia, a matemática, a química e outras áreas técnicas, temos a coisa mais perto de uma linguagem descritiva universal, que deixa muito pouca margem para uma interpretação pessoal desfasada das demais.

Por exemplo, se o projecto para um automóvel for fornecido a qualquer sociedade tecnologicamente desenvolvida em qualquer parte do mundo, independentemente das suas crenças religiosas ou políticas, o produto final será exactamente o mesmo. Esta linguagem foi deliberadamente delineada como uma forma mais apropriada de expor um problema, sendo praticamente livre de interpretações vagas e ambiguidades.

Muitos dos grandes avanços técnicos efectuados na nossa era moderna teriam sido impossíveis de realizar sem esta comunicação melhorada. Sem uma linguagem descritiva comum teríamos sido incapazes de prevenir epidemias, melhorar os rendimentos das colheitas, falar a milhares de quilómetro de distância, construir pontes, barragens, sistemas de transportes e muitas outras maravilhas tecnológicas desta era computorizada.

Compreender e aplicar a semântica geral é essencial para melhorar a comunicação, sendo que a semântica tem sido definida de formas muito diferentes. Abreviadamente, trata-se de uma tentativa de melhorar a comunicação através do uso cauteloso da linguagem. Termos como árabe, judeu ou irlandês, por exemplo, têm significados ligeiramente diferentes para diferentes pessoas. Mesmo palavras similares têm variados sentidos dependendo das diferentes formações e experiências de cada um, o que também se aplica a palavras como entendimento, consciência, democracia, realidade, amor, etc. Para que se possam ter discussões inteligentes usando determinadas palavras é essencial perguntar primeiro o que o outro entende do alcance dessas palavras. O mesmo é dizer que se queremos comunicar de forma significativa, devemos estabelecer antecipadamente determinados conceitos. A semântica é apenas um dos instrumentos que pode ajudar a melhorar a comunicação. Uma publicação que pode ajudar por sua vez a entender este assunto é “A tirania das palavras” de Stuart Chase.

1 comentário:

Unknown disse...

Olá! Muito boa publicação : )
Sabes onde encontrar o livro do Stuart Chase em portugues?
abraço
rodrigo (nomada)