9 de outubro de 2008

Princípios fundamentais da Constituição.

"Artigo 5.º (Território).
1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.
3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras."


O território historicamente definido no continente europeu... E isso inclui Olivença? Talvez sim, talvez não ou antes pelo contrário? A posição dos sucessivos governos de Portugal tem sido vergonhosa e reveladora dos compromissos e dependências económicas perante Espanha que, aproveitando esse laxismo e falta de iniciativa, tem mantido aquele território. O Governo português, José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro, Cavaco Silva enquanto Presidente da República e Jaime Gama enquanto Presidente da Assembleia da República, têm o dever constitucional de lutar pela devolução a Portugal de Olivença, Vila que está em poder de Espanha desde 1801, ilegalmente e em clara violação do Direito Internacional. Mas ao que assistimos é que o Governo Português se rebaixa ao Governo Espanhol e não tem a coragem (los cojones!) necessária para exigir de Espanha a devolução de Olivença, ocupando assim 750 km2 do território de Portugal. Na figura abaixo encontra-se a delimitação da área referida em amarelo-torrado.


Para enquadramento histórico desta questão, que nos querem vender como já não fazendo sentido (los cojones coño, los cojones!), apresento de seguida alguns factos:
1166-A Vila de Olivença é conquistada pelos portugueses aos mouros.
1297-Tratado de Alcanizes, celebrado entre D. Dinis e D. Fernando IV de Castela. Olivença integra-se definitivamente no território português.
1298-Foral de Olivença atribuído pelo rei D. Dinis. Construção de novas muralhas.
1488-D. João II manda construir a Torre de Menagem de Olivença.
1510-Foral Manuelino de Olivença. Novas obras de fortificação. Construção da Ponte de Olivença ou Ponte de N.ª Sr.ª da Ajuda, ligando Elvas àquela localidade. Iniciada a construção da Igreja da Madalena, sede do bispado de Ceuta, durante o reinado de D. Manuel I.
1580-União Dinástica entre Portugal e Espanha.
1640-Restauração da Independência Portuguesa.
1668-Tratado de Paz entre a Espanha e Portugal, pondo fim às Guerras da Restauração. Portugal mantém as suas fronteiras definidas pelo Tratado de Alcanizes.
1709-Guerra de Sucessão de Espanha. A Ponte de Olivença é destruída por forças espanholas. 29 de Janeiro: Espanha e França assinam um tratado de invasão de Portugal para obrigar o nosso país a abandonar a Aliança Luso-Britânica e fechar os seus portos à navegação da Grã-Bretanha. 27 de Fevereiro: Espanha declara guerra a Portugal. 20 de Maio: As tropas espanholas violam a fronteira do Alentejo, ocupando Olivença, Juromenha e, alguns dias depois, Campo Maior. 6 de Junho: Tratado de Paz de Badajoz celebrado entre Portugal, por uma parte, e Espanha e França pela outra parte. Por este tratado, assinado perante a ameaça de invasão das tropas francesas estacionadas em Ciudad Rodrigo, Portugal: cedia Olivença a Espanha; fechava os portos aos navios britânicos; pagava à França uma indemnização de 15 milhões de libras tornesas; e aceitava as fronteiras da Guiana até à foz do Rio Arawani. O Tratado de Badajoz, não obstante, estipulava que a violação de qualquer dos seus artigos conduziria à sua anulação, o que veio a suceder com os acontecimentos de 1807.
1807-27 de Outubro: Tratado de Fontainbleau, assinado entre a Espanha e a França, pelo qual se previa a ocupação de Portugal e a sua divisão em três partes: a Província de Entre Douro-e-Minho para o Rei da Etrúria, o Principado dos Algarves para o ministro espanhol D. Manuel Godoy, sendo as restantes províncias e territórios ultramarinos repartidos por um acordo futuro. Novembro: Início da ocupação de Portugal pelas forças Espanholas e Francesas. Família Real Portuguesa transfere o governo para o Brasil. Assinando o Tratado de Fontainbleau e invadindo Portugal, a Espanha provoca a anulação do Tratado de Paz de Badajoz, perdendo os direitos que poderia ter adquirido sobre Olivença.
1808-O Príncipe Regente D. João publica, no Rio de Janeiro, um manifesto em que é repudiado o Tratado de Badajoz, anulado pela invasão de 1807.
1809-Pedido oficial de reentrega do Território de Olivença de Portugal à Junta Central, em Sevilha.
1810-19 de Fevereiro: Tratado de aliança e amizade Luso-Britânico. A Grã-Bretanha compromete-se a auxiliar Portugal a recuperar Olivença, recebendo em troca a exploração, por 50 anos, dos estabelecimentos de Bissau e Cacheu. Portugal negoceia a restituição de Olivença com o Conselho da Regência de Espanha.
1811-15 de Abril: Forças portuguesas ocupam militarmente Olivença. O Marechal Beresford, oficial britânico e general em chefe do exército português, mandou reentregar Olivença às autoridades espanholas, provavelmente para a Grã-Bretanha não perder as vantagens que retiraria do tratado luso-britânico de 1810.
1814-O Tratado de Paris, pelo artigo 3.º dos adicionais, declara nulos e de nenhum valor os Tratados de Badajoz e de Madrid de 1801.
1815-Pela Acta Final do Congresso de Viena, através do seu artigo 105.º, são reconhecidos os direitos portugueses ao Território de Olivença.
1817-A Espanha assina o Tratado de Viena, «reconhecendo a justiça das reclamações formuladas por Sua Alteza Real, o Príncipe Regente de Portugal e do Brasil, sobre a vila de Olivença e os outros territórios cedidos à Espanha pelo Tratado de Badajoz de 1801» e comprometendo-se a efectuar «os seus mais eficazes esforços a fim de que se efectue a retrocessão dos ditos territórios a favor de Portugal» o que deveria «ter lugar o mais brevemente possível.»
1818-Litígio territorial entre Portugal e Espanha na América do Sul. Redigida proposta de tratado pelo qual a Espanha aceitava a devolução de Olivença.
1840-A Língua Portuguesa é proibida no Território de Olivença, incluindo nas igrejas.
1858-Título de Cidade concedido a Olivença por Isabel II de Espanha.
1864-Assinado um convénio entre Portugal e Espanha, demarcando a fronteira desde a foz do Rio Minho até à confluência do Caia com o Guadiana, não se prosseguindo a definição dos limites territoriais por causa da Questão de Olivença.
1903-O Rei D. Carlos solicita ao monarca espanhol que seja feita justiça no Litígio de Olivença.
1918/19-Fim da 1.ª Grande Guerra. O Governo Português estuda a possibilidade de levar a Questão de Olivença à Conferência de Paz, o que não foi possível uma vez que a Espanha não participara no conflito mundial.
1926-Celebrado um acordo entre Portugal e Espanha para a demarcação da fronteira desde a foz do Rio Cuncos até à foz do Guadiana. Ficou por demarcar, até hoje, a fronteira entre Portugal e Espanha, desde a foz do Rio Caia até à foz do Rio Cuncos, devido ao Problema de Olivença.
1936/39-Guerra Civil Espanhola. O Regimento de Caçadores 8, estacionado em Elvas, esteve pronto para tomar Olivença, sendo impedido pelos superiores hierárquicos. Um grupo de legionários portugueses teve o mesmo propósito.
1944/45-Criação em Lisboa do Grupo dos Amigos de Olivença (GAO).
1952-Na Comissão Internacional de Limites, Portugal reclama a posse do Território de Olivença.
1965-O General Humberto Delgado (presidente da Assembleia Geral do GAO) é assassinado junto à Ribeira de Olivença, pensando-se que o seu corpo tenha passado na povoação de Olivença a caminho de Vilanueva del Fresno, onde foi abandonado.
1968-Assinado um convénio entre Portugal e Espanha, garantindo a posse das duas margens do Guadiana para o nosso país, desde a confluência do Caia até Mourão, mantendo Portugal as suas reivindicações sobre o Território de Olivença.
1974-Um jurisconsulto espanhol da Comissão Internacional de Limites reconheceu os direitos que Portugal possui para reclamar Olivença.

Olivença é Portuguesa, à luz do Direito Internacional e da História!

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